As empresas de telefonia celular do mercado brasileiro tiveram um crescimento de receita menor do que o esperado, mas o lucro médio do setor cresceu substancialmente. De acordo com Rafael Bidermann, analista do Unibanco, a taxa de crescimento ficou entre 9% e 13%, contra a taxa de 20% registrada no ano passado. Segundo Bidermann, o lucro líquido melhorou em quase todas as operadoras e a média de crescimento ficou em 55%.

A desaceleração do crescimento das receitas já era esperada para este ano, mas Bidermann afirma que a queda foi ainda maior "devido ao cenário macroeconômico e o aumento da concorrência, com a chegada das novas operadoras TIM e Oi".

O resultado positivo das empresas brasileiras acompanhou o desempenho das européias, como a Telefónica Móviles e a TIM, que também registraram lucro no primeiro trimestre. "Boa parte das operadoras celulares nacionais deram início a um processo de corte de custos, o que resultou em um lucro maior". Bidermann ressalta que este resultado não pode ser projetado para os próximos trimestres. "Corte de custos tem limite, por isso não seria correto afirmar que o lucro destas empresas está em curva ascendente", diz ele.

Bidermann considera que foi um bom trimestre para as celulares. As empresas tiveram uma melhora financeira, já que investiram menos que em 2002 e, com isso, aumentaram o caixa líquido - ou seja, têm mais dinheiro em caixa do que o total de suas dívidas. "Apenas 20% do Ebitda foi usado para investimentos. No ano passado, essa proporção chegava a ultrapassar 100%", diz o analista.