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Telecom Americas é candidata natural a comprar a BCP

A Telecom Américas é a candidata mais forte à compra da BCP São Paulo. Analistas do mercado - que apontam a Oi, da Telemar, como a segunda mais interessada no negócio - citam razões financeiras e tecnológicas para justificar a aquisição da operadora paulista pelos mexicanos. O negócio está mais próximo de ser fechado depois […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A Telecom Américas é a candidata mais forte à compra da BCP São Paulo. Analistas do mercado - que apontam a Oi, da Telemar, como a segunda mais interessada no negócio - citam razões financeiras e tecnológicas para justificar a aquisição da operadora paulista pelos mexicanos. O negócio está mais próximo de ser fechado depois que o controle da BCP passou para as mãos dos credores da empresa.

Controlada pela americana BellSouth e pela Verbier (dos irmãos Safra), a BCP acumulava dívida de 1,7 bilhão de dólares - incluindo aí a parcela de 375 milhões que não foi paga em abril do ano passado. Depois de um ano de negociações, os credores - um grupo de 34 bancos - chegaram num acordo ainda pouco detalhado por ambas as partes, mas que deve reverter entre 30% e 40% do total da dívida em ações que serão assumidas pelas instituições financeiras.

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Como o interesse dos novos credores não passa nem de perto por tocar um negócio no setor de telecomunicações, o mercado espera que a venda da BCP aconteça muito rapidamente. "Até o final do ano, no máximo. Depois disso, o valor da empresa vai cair muito", afirma um analista de um banco financeiro. Na fila, além da Telecom Américas, está a Oi, da Telemar - ambas não atuam na região de São Paulo, a mais rentável do país.

O timing entre os novos controladores da BCP e a Telecom Américas é o primeiro indício de que a companhia mexicana é a que se encaixa melhor no papel de compradora. Também no final de 2003 acaba o prazo da Telecom Américas para montar sua operação na região metropolitana de São Paulo - a mesma em que atua a BCP -, cuja licença foi comprada no final do ano passado por 150 milhões de reais. Para que montar uma rede nova se a da BCP está ali, funcionando e à venda?

O segundo indício: no início do ano, a Telecom Américas comprou por 180 milhões de dólares a BSE (ou BCP Nordeste), dos mesmos controladores da BCP paulista. Por si só tal aproximação, dizem os analistas, já contaria como meio caminho andado para a Telecom Américas. Mas, além disso, há notícias de que a separação da BSE e da BCP está acontecendo a passos muito mais lentos do que deveria. "A separação das duas empresas deveria ter sido combinada até antes da aquisição", diz um analista do mercado. "A falta de pressa dos mexicanos pode significar interesse na operação de São Paulo."

A compra da BSE e da licença para operar em São Paulo mostram a estratégia agressiva da Telecom Américas no mercado brasileiro. Os mexicanos entraram no Brasil comprando outras empresas e hoje têm a segunda maior empresa de telefonia celular do país, com cinco milhões de usuários (ela perde só para a Vivo). "Perto dos investimentos feitos nestes últimos meses, a BCP seria uma pechincha", diz um analista. Além disso, a tecnologia usada pela BCP é a mesma que hoje está disponível aos clientes da Telecom Américas (TDMA), o que possibilita uma ação imediata logo depois que o negócio for fechado. Em outras palavras: a Telecom Américas teria como ganhar dinheiro rápido com a BCP.

Os usuários da BCP não são tão atrativos para a Oi. A empresa celular da Telemar opera com outra tecnologia, chamada GSM, e teria de investir na mudança da rede da BCP se quisesse unificar as operações imediatamente depois da aquisição. A capacidade financeira da Telemar para fazer isso - além do desembolso do valor pago pela BCP - é questionada pelo mercado. A operadora fixa tem uma dívida alta e precisa se concentrar na concorrência com a TIM - a outra única operadora GSM no Brasil. Mesmo assim, parece estar firme na disputa com a Telecom Américas. Se os mexicanos desistirem, ela será a única interessada - uma vantagem e tanto na hora de negociar o preço.

O montante a pagar pela BCP, portanto, é crucial tanto para a Telecom Américas quanto para a Telemar. Ninguém arrisca um valor para a operadora paulista, já que ainda não se sabe em quanto sua dívida será diminuída. De qualquer forma, sem a pressão dos credores, é possível ter uma idéia mais clara do potencial dos ativos da empresa. Além da receita gerada diretamente pelo 1,7 milhão de usuários, a BCP tem uma outra fonte, indireta, de capital: a taxa de interconexão. Como sua rede é a única TDMA na região da capital paulista, todos os outros usuários desta tecnologia - 60% do total do país - usam as antenas da BCP para gerar e receber ligações. O uso da rede por clientes de outras operadoras gera para a BCP um faturamento extra estimada em 60% da receita total da empresa.

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