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Taurus transfere parte da produção de armas para os Estados Unidos

Objetivo da Taurus é aproveitar o crescimento do mercado americano e evitar alta carga de impostos. Fábrica nos EUA dobrou a capacidade de produção

No ano passado, a Taurus produziu mais de 1 milhão de armas, ou cerca de 5.000 por dia (Diego Vara/Reuters)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 8 de maio de 2020 às 09h38.

Última atualização em 8 de maio de 2020 às 12h00.

A fabricante de armamentos Taurus transferiu uma das suas linhas de produção de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, para a recém inaugurada fábrica de Bainbridge, no estado da Georgia, Estados Unidos. O objetivo da empresa é aproveitar a alta do mercado americano de armamentos, o maior do mundo, e evitar a alta carga de impostos brasileira. A mudança não gera demissões no Brasil, de acordo com a companhia.

Foi transferida a linha de produção da pistola 9mm TS9 Striker, desenvolvida para uso policial e militar. A operação aumentará a capacidade da fábrica americana em 50 mil armas por ano. Até agosto, a Taurus pretende transferir outra linha de produção, a da pistola G2C, também de 9mm, a mais vendida da empresa, voltada para o uso civil e desenvolvida para o porte escondido. Neste caso, a expectativa é produzir 400 mil armas por ano, em dois turnos.

Segundo a companhia, as armas importadas, quando adquiridas por entidades públicas brasileiras, como as polícias, são isentas de impostos. Salesio Nuhs, presidente da Taurus, afirma que é mais barato trazer as armas da fábrica da Geórgia do que produzir em São Leopoldo. De qualquer forma, a companhia ressalta que seguirá fabricando mais de 4 mil armas por dia no País.

No ano passado, a Taurus produziu mais de 1 milhão de armas, ou cerca de 5.000 por dia. A nova fábrica americana dobrou a capacidade da empresa. A unidade foi construída com apoio do governo da Georgia, que concedeu incentivos fiscais. A maior capacidade ajudou a companhia a alcançar um lucro líquido de 43,4 milhões de reais, em 2019, revertendo um prejuízo de quase 60 milhões de reais, em 2018.

O resgate da lucratividade veio apesar das críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, a respeito da qualidade dos produtos da empresa. Eduardo chegou a afirmar que o governo “quebraria o monopólio da Taurus”. Desde o início do mandato, Bolsonaro vem flexibilizando as regras para aquisição de armas de fogo. Nuhs é crítico dessa política, pois, segundo ele, favorece produtores estrangeiros. Em entrevista à EXAME, o executivo afirmou que o Brasil “está se tornando um balcão de negócios” do setor armamentista.

Nesse contexto, a estratégia da companhia é de crescer nos mercados internacionais. Além da nova fábrica, no ano passado, a Taurus firmou uma joint venture com uma empresa siderúrgica da Índia, para a produção de armamentos no país.

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