Depois de ter desistido de incorporar as ações da Tele Centro-Oeste Celulares (TCO), a Telesp Celular Participações (TCP) decidiu entrar com uma ação judicial contra a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que, no dia 26/12, considerou a troca de ações propostas pela TCP lesiva aos acionistas minoritários. "Queremos que a CVM reavalie sua posição", diz Fernando Abella, vice-presidente financeiro da Vivo, grupo que reúne a Telesp Celular e a TCO. "Nós acreditamos na validade da operação e queremos fazer valer nossa opinião."

Três dias após a divulgação do parecer da CVM sobre a operação, a TCP decidiu cancelar a assembléia em que a troca de ações seria efetivada. "Decidimos cancelar para não haver um clima de instabilidade e evitar ações judiciais futuras", disse o presidente da Vivo, Francisco Padinha. "Usamos a força da razão contra a razão da força."

Para Padinha, a suspensão da operação não afetará os planos operacionais do grupo, que continuará recebendo investimentos de 1 bilhão de reais durante o ano. "Nada muda em termos operacionais", disse Padinha. Isso significa que nada vai mudar também que para o cliente TCO. A sinergia entre as duas empresas, porém, deverá ser afetada. "A área fiscal e os custos de manutenção serão prejudicados", disse Abella. "Agora, tudo será duplicado."

Caso a TCP consiga reverter a situação, o plano do grupo é estudar toda a operação novamente. "Teremos de começar tudo do zero", disse Abella. "Devemos avaliar todo o processo até acharmos a melhor situação para os acionistas."

A TCP e a TCO também pretendem acionar meios judiciais para não deixar prevalecer a decisão da CVM. As empresas também irão propor aos seus conselhos de administração uma proposta a incorporação, pela TCO, do investimento nela realizado pela TCP até agora, o que amortizaria o ágio decorrente da aquisição das ações ordinárias.

A compra da TCO pela TCP, uma das empresas que compõe a Vivo, representou o primeiro grande passo da consolidação do mercado de telefonia celular brasileiro. Com a aquisição, a Vivo passou a ser a maior operadora de telefonia celular do Brasil - naquela época, eram pouco mais de 16 milhões de usuários. Hoje, a empresa possui 20 milhões de clientes.