Depois de amargarem três meses de queda de participação no mercado de cervejas, as marcas da Ambev reagiram e voltaram a crescer em dezembro. Skol, Brahma e Antártica vinham perdendo espaço desde o lançamento da Nova Schin, em setembro do ano passado. A marca da Schincariol ampliou sua parcela de 9,6% para 12,3%, entre setembro e outubro, e parou de avançar. Sua participação se estabilizou em novembro e dezembro em 13,4%. Os dados são da AC Nielsen (veja quadro abaixo).

Na avaliação de Daniel Pasquali, analista de consumo da Corretora Fator Doria, o mercado demonstrou sensibilidade às campanhas das cervejarias: Experimentou a Nova Schin num primeiro momento, mas agora está voltando para as cervejas tradicionais da Ambev, que reforçou suas propagandas. Pasquali prevê um ano de briga boa no setor, principalmente porque existe a expectativa de aumento no consumo com a retomada do crescimento e do poder de compra do brasileiro. Segundo o analista, desde o lançamento do Plano Real, o mercado de cervejas registra um crescimento vegetativo médio da ordem de 0,5%. No ano passado houve uma queda de cerca de 3,5%. A renda do brasileiro caiu e as empresas foram obrigadas a disputar um mercado em retração, diz. Neste ano, pode ser diferente.

A expectativa é que dentro de um cenário mais positivo a Nova Schin passe a competir diretamente com a Kaiser, já que ambas trabalham com preços menores. A Ambev, por sua vez, tenderia a recuperar o mercado perdido nos últimos meses do ano, retomando parte das posições ainda no primeiro semestre. Só não acredito que a Ambev poderá alcançar a marca de 70% de participação, diz Pasquali. Em junho de 2003, a Ambev registrou um pico na sua participação de mercado: 70,1%. Em novembro, porém, essa marca já havia caído para 62,6%. Após a reação de dezembro, a participação subiu para 63,2%. A empresa encerrou 2003 com 67,3% do mercado nacional uma queda em relação aos 68,4% conquistados no ano anterior.

Outra mudança que deve afetar a competição e a participação de mercado no segmento é a adoção do medidor de vazão. O novo equipamento controla o volume de produção e deverá ser instalado nas linhas de produção das cervejarias até meados deste ano. Com ele, a Receita Federal poderá cruzar as informações sobre volume industrializado e impostos recolhidos, reduzindo a sonegação praticada por cervejarias regionais o que pode causar aumento de preços. As grandes empresas, como Ambev, terão a partir daí uma nova oportunidade para ocupar espaços hoje controlados por marcas regionais, diz Pasquali.

Guerra das Cervejas
Participação de mercado (em % de volume)
	Set	Out	Nov	Dez
Skol	31,3	30,4	29,9	30,1
Brahma	19,8	19,1	18,3	18,7
Nova Skin	9,6	12,3	13,4	13,4
Antarctica	9,4	9	8,7	9,1
Kaiser	8,9	8,6	8,9	8,6
Fonte: AC Nielsen