A Viação Itapemirim, a maior empresa de transporte rodoviário do Brasil, prepara-se para emitir bônus privados no mercado internacional. A emissão ficará sob a responsabilidade do banco Ramirez - um das maiores instituições financeiras hispânicas com sede em Nova York - e foi estruturada pela consultoria financeira Advis Bancorp, de São Paulo. A previsão é que o lançamento, no valor de 30 milhões de dólares, ocorra entre a última semana de janeiro e o início de fevereiro. Os títulos terão prazo de dois anos e a estimativa é que paguem juros em dólar entre 12% e 13%.

Segundo André Barakê, diretor da Advis Bancorp, será a primeira vez que uma empresa brasileira de médio porte realiza uma captação externa. Foi preciso um ano de trabalho para estruturar a emissão e uma intensiva caravana junto a eventuais investidores. Visitas foram agendadas em Nova York, Miami, Luxemburgo e Genebra. Na lista de instituições visitadas encontram-se Itaú, Unibanco, Banco do Brasil e Banco Pactual.

Os encontros buscam eliminar eventuais barreiras culturais. Ouvi de um investidor brasileiro que nunca havia comprado um título de uma empresa brasileira de médio porte, diz Barakê. Ninguém comprou porque nunca houve uma emissão como esta. A Advis Bancorp acredita que a Itapemirim pode ser a primeira uma série de médias empresas a fazer captações externas. Queremos abrir esse mercado, diz Barakê. Há um enorme potencial de crescimento.

A Viação Itapemirim é uma empresa familiar, controlada por seu fundador, o empresário Camilo Cola. Segundo dados da empresa, faturou no ano passado cerca de 400 milhões de reais, metade do resultado do grupo Itapemirim, que reúne ainda negócios ligados à agropecuária, a hotelaria, a mineração, o turismo e o transporte de cargas. Os ônibus Itapemirim circulam há 50 anos e hoje respondem por 14% do mercado de transporte rodoviário, cobrindo 2 000 cidades brasileiras, o equivalente a 70% do território nacional.