Exame Logo

Setor de rochas ornamentais vive euforia com a China

Setor tem pouco divulgação no Brasil apesar de movimentar 2,8 bilhões de dólares no país

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Um pacote de isenção das tarifas de importação, lançado recentemente pelo governo chinês, trouxe euforia para as empresas fornecedoras de rochas ornamentais, um setor que é pouco divulgado mas movimenta 2,8 bilhões de dólares por ano no Brasil. (Leia reportagem de capa de EXAME sobre a China.) A isenção beneficia as placas de rochas ornamentais, utilizadas principalmente na construção civil. Cerca de 800 empresas brasileiras já exportam o produto para diversos países, mas até então a entrada no mercado chinês era bloqueada por alíquota de 38%.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas), que representa as 12 000 empresas do setor, responsáveis por uma produção anual de 6,4 milhões de toneladas, o efeito da liberação ainda não foi dimensionado. Mas deve representar um substancial incremento às exportações do setor que, em 2004, ultrapassaram os 600 milhões de dólares.

Veja também

Escalada da exportação

A indústria de rochas ornamentais exporta desde a década de 90, porém, só nos últimos anos investiu mais fortemente no mercado internacional, impulsionada principalmente pela recessão da construção civil no país. "A migração de mercado foi bem-sucedida ao longo dos últimos seis anos, mas especialmente de 2002 para cá duplicamos as exportações", diz Cid Chiodi Filho, presidente da Abirochas.

As vendas para a China representaram de 6% do valor total exportado no ano passado, apesar de o país ser o segundo maior mercado do mundo para rochas ornamentais, em função do explosivo crescimento da demanda na construção civil e na infra-estrutura. Só os Estados Unidos consomem mais. A diferença é que, até agora, enquanto o mercado americano demandava principalmente rochas com valor agregado, a China só comprava blocos. Com a queda da barreira tarifária para o produto beneficiado, a expectativa de Chiodi é que o país passe a responder por 30% do faturamento brasileiro com exportação. Mesmo sem o novo potencial aberto pelo mercado chinês, a Abirochas previa crescimento nas receitas de exportação, para 870 milhões de dólares.

Pedras no caminho

Chiodi diz, porém, que há alguns obstáculos que podem atrapalhar o aumento do comércio com a China. Um deles é a precariedade da logística. "Temos medo de que ocorra neste ano um verdadeiro apagão logístico, com falta de navios e de contêineres", afirma ele. "Isso, somado à questão cambial e ao esgotamento da capacidade instalada de nosso parque de beneficiamento, que não conta com linhas de financiamento para se modernizar e ampliar, pode trazer problemas para o setor". Segundo Chiodi, não está descartada a possibilidade de, em decorrência do aumento da demanda por rochas ornamentais no mercado chinês, ocorrer falta de produto para o mercado interno, caso haja um aquecimento econômico a curto prazo. "Sempre haverá preferência pelo mercado externo", diz.

Uma solução defendida pela Abirochas seria o governo criar mecanismos extratarifários ou mesmo conceder isenção para a importação de máquinas e equipamentos para ampliação do setor, que segundo ele hoje tem taxas entre 17 e 25%. "O setor está saturado, não tem como produzir mais, por isso se a demanda chinesa se confirmar, pode sim faltar para o mercado interno, embora ainda consigamos acomodar uma ligeira alta da demanda para este ano", garante.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame