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Setor de máquinas teme impacto no mercado doméstico

O setor de máquinas e equipamentos termina 2004 registrando um recorde histórico nas exportações, mas sob uma nuvem de preocupações em relação ao desempenho em 2005. Segundo a Abimaq, a associação que reúne os fabricantes de máquinas e equipamentos, o setor deve contabilizar 6 bilhões de dólares faturados com vendas ao exterior nos últimos doze […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O setor de máquinas e equipamentos termina 2004 registrando um recorde histórico nas exportações, mas sob uma nuvem de preocupações em relação ao desempenho em 2005. Segundo a Abimaq, a associação que reúne os fabricantes de máquinas e equipamentos, o setor deve contabilizar 6 bilhões de dólares faturados com vendas ao exterior nos últimos doze meses, um valor 36% superior ao de 2003. Contudo, para 2005, não há sinal de que o crescimento continue. Ao contrário, a previsão é de apenas manter o valor das exportações. "Com o enfraquecimento do dólar, a lucratividade no mercado externo está caindo vertiginosamente e devemos ficar no mesmo patamar de vendas de 2004", diz Newton Mello, presidente da Abimaq.

No ano de 2004, a exportação responsável por absorver 40% das máquinas e equipamentos produzidos no país -- foi a principal alavanca do desempenho positivo do setor como um todo. Até outubro, o faturamento somado das indústrias bens de capital havia crescido 28,7%. O nível de emprego havia aumentado 13,4% nos primeiros dez meses do ano, levando o contingente de trabalhadores no setor a quase 206 000 contra 181 600 em outubro de 2003. O nível de utilização da capacidade ociosa estava próximo de 86%. "Tivemos um espetáculo do crescimento", diz Mello.

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Mas, para 2005, com a apreciação do real prejudicando a rentabilidade das empresas e comprometendo a competitividade no exterior, o presidente da Abimaq estima que mesmo o desempenho no mercado doméstico poderá ser afetado. São dois fatores pesando negativamente. O primeiro é que, com redução das exportações, os clientes da indústria de máquinas um amplo espectro de outros setores, incluindo o agronegócio vão reduzir seus investimentos em bens de capital. "As fábricas vão comprar menos máquinas-ferramentas, os agricultores vão comprar menos tratores, carros novos e eletrodomésticos, as montadoras e fabricantes de autopeças vão vender menos e comprar menos equipamentos", afirma Mello. "E isso tudo vai nos afetar."

Além desse efeito, há o do aumento das importações, facilitadas pela cotação mais baixa do dólar. Ou seja, o país tende a comprar mais mercadorias no mercado internacional e produzir menos aqui. Componentes para a indústria automobilística, por exemplo. "Deve diminuir o índice de nacionalização dos carros", diz Mello. "O consumidor nem vai perceber, porque para ele tanto faz se um limpador de pára-brisa da Valeo é feito em Campinas ou em Cingapura, mas a conseqüência será menos produção e menos empregos no Brasil."

O presidente da Abimaq lembra que isso já aconteceu em outros períodos, como nos meados da década de 90, quando a abertura comercial e o real forte achataram as exportações e geraram um crescente déficit na balança comercial. "No primeiro governo de Fernando Henrique, até pente era importado", afirma. São razões para Mello temer que, em 2005, o espetáculo do crescimento saia de cartaz.

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