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Processo de contratação do Facebook é obstáculo à diversidade

Facebook adotou uma política de diversidade nas contratações, mas os engenheiros de alto escalão, que têm poder de veto, ainda não internalizaram o conceito

Facebook: mulheres, negros e latinos acabam sendo preteridos na etapa final do processo seletivo, frustrando as iniciativas de diversidade na empresa (Jonathan Leibson/Getty Images)

Facebook: mulheres, negros e latinos acabam sendo preteridos na etapa final do processo seletivo, frustrando as iniciativas de diversidade na empresa (Jonathan Leibson/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 13h54.

O Facebook se colocou na dianteira das iniciativas para recrutar uma força de trabalho mais diversificada, inclusive com uma estratégia interna de recrutamento projetada em 2015 para atrair engenheiros de software mulheres, negros e latinos.

No entanto, dentro do departamento de engenharia do Facebook, a campanha foi obstaculizada por um processo de contratação que inclui várias etapas e dá a um pequeno comitê de engenheiros do alto escalão o poder de vetar candidatos promissores, o que frustra recrutadores e prejudica o avanço nas metas de diversidade.

O Facebook começou em 2015 a incentivar seus recrutadores a encontrar candidatos que ainda não tinham uma boa representação na companhia -- mulheres, negros e latinos.

Mas, na etapa final de contratação de engenheiros, os responsáveis pela decisão temiam riscos e frequentemente recusavam candidatos de minorias.

Os diretores de engenharia que tomam as decisões finais, em sua maioria homens brancos ou asiáticos, muitas vezes avaliaram os candidatos de acordo com métricas tradicionais, como em qual universidade estudaram, se haviam trabalhado em alguma empresa de tecnologia grande ou se os funcionários existentes do Facebook poderiam dar-lhes apoio, de acordo com ex-recrutadores, que pediram anonimato porque não estão autorizados a falar publicamente sobre seu trabalho.

Concentrar-se em onde alguém estudou ou em quem eles conhecem na empresa muitas vezes pode excluir candidatos de origens com uma baixa representação na companhia, disse Joelle Emerson, consultora de diversidade que ajuda empresas de tecnologia a tornar a contratação mais inclusiva.

“O fato de as pessoas fazerem horas de entrevista para depois entrar em uma sala e falar sobre onde os candidatos estudaram soa como uma perda de tempo desconcertante”, disse ela. A etapa final deveria se concentrar no desempenho dos candidatos durante o processo de entrevista, disse ela.

“O Facebook recruta pessoas de centenas de faculdades e empresas dos quatro cantos do mundo, e a maioria das pessoas contratadas pelo Facebook não veio de indicações de ninguém da companhia”, escreveu uma porta-voz da empresa em um comunicado.

“Quando as pessoas começam a fazer entrevistas no Facebook, buscamos garantir que nossas equipes de contratação sejam diversificadas. Nossos entrevistadores e as pessoas que decidem as contratações passam por nosso curso para lidar com a parcialidade e continuamos extremamente concentrados em melhorar nossa capacidade de contratar pessoas com origens e perspectivas diferentes.”

Apesar dos esforços dos recrutadores, os dados demográficos nos cargos tecnológicos -- o que inclui engenheiros e algumas outras categorias de trabalho -- praticamente não mudou, de acordo com os relatórios anuais da empresa sobre diversidade.

De 2015 a 2016, a proporção do Facebook de mulheres em tecnologia cresceu de 16 por cento para 17 por cento, e sua proporção de trabalhadores negros e latinos em tecnologia nos EUA permaneceu igual, 1 por cento e 3 por cento, respectivamente.

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