Petroleiros fecham acordo com a Petrobras e encerram greve
A paralisação se arrastava desde o dia 1º de fevereiro e atingiu 16 unidades da estatal, em dez estados
Agência O Globo
Publicado em 21 de fevereiro de 2020 às 17h37.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2020 às 18h18.
A Petrobras e os trabalhadores da empresa fecharam um acordo, nesta sexta-feira, que encerra a greve dos petroleiros. A paralisação já durava 20 dias. O acordo foi anunciado e mediado pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho Ives Gandra Martins Filho, após reunião medida por ele, em Brasília.
— Celebramos um acordo entre a Petrobras e os petroleiros que põem fim à greve e ao dissídio de greve que estava aqui no TST. Conseguimos resolver a questão da tabela de turnos, conseguimos resolver também, de certa forma, a questão de dias parados e a questão das multas — disse o ministro.
O acordo prevê que metade dos dias parados será descontada e a outra metade, compensada. A Petrobras aceitou rever a tabela de turnos, uma reivindicação da categoria, para atender “à vontade dos trabalhadores”.
A estatal também vai reter R$ 2,4 milhões das mensalidades dos sindicatos, como forma de multa. A multa original somava R$ 58,5 milhões.
Ficou marcada para a próxima quinta-feira uma reunião para discutir as demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), subsidiária da Petrobras, um dos motivos da greve.
A Petrobras já anunciou a "hibernação" da fábrica, isto é, a interrupção da produção no local.
De acordo com a estatal, a fábrica tem apresentado recorrentes prejuízos desde que foi adquirida. A paralisação da categoria começou em 1º de fevereiro.
— Desde o começo, a pauta da greve era a abertura de negociação sobre o fechamanento da fábrica. Isso foi feito hoje — disse Cibele Vieira, coordenadora da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Na última segunda, Ives Gandra atendeu a um pedido da Petrobras e considerou a greve abusiva e ilegal. Um dia depois, o ministro informou que aceitaria mediar as negociações, desde que os trabalhadores suspendessem a greve. A categoria, então, decidiu suspender temporariamente a paralisação.
Para o ministro, o fechamento da fábrica dificilmente será revertido
— A expectativa é nós conseguirmos dar um encaminhamento que satisfaça trabalhadores, que resolva o problema da empresa, mas agora, dificilmente poderemos reverter a questão da empresa voltar a funcionar porque ela está realmente desativada — disse Ives Gandra.
Segundo a Petrobras, os danos provocados pela greve, referentes às horas extras pagas às equipes de contingência e aos salários de temporários foi estimada em R$ 55,9 milhões.
Dezesseis unidades afetadas
A greve se arrastou desde o início do mês e atingiu 16 unidades da estatal em dez estados. O movimento veio em resposta à decisão da Petrobras de fechar a fábrica no Paraná e demitir os 396 trabalhadores da unidade — chegando a quase mil, contando com os terceirizados.
Durante a paralisação, a estatal divulgou resultado recorde de R$ 40 bilhões impulsionado por alta na produção.
A decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Paraná na última terça, de determinar a suspensão temporária das demissões dos trabalhadores da fábrica de fertilizantes foi importante para a decisão de suspender de forma provisória a greve, na quinta-feira, antes da finalização do acordo desta sexta.
Desde o início da greve, no dia 1º de fevereiro, a Petrobras monitorou as unidades de produção por meio de um comitê de crise. A estatal acionou a estrutura, formada por funcionários de diversas áreas da companhia, logo no início da paralisação. O grupo acompanha em tempo real a situação em todas as áreas operacionais e unidades, como refinarias e plataformas.
A Petrobras diz que a greve não prejudicou a produção de petróleo e de combustíveis e afastou risco de desabastecimento. Para garantir a produção de petróleo e o refino sem interrupções, a empresa mobilizou equipes de contingência, com funcionários capazes de substituir os grevistas