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Parceria público-privada é diferencial para a inovação

Em encontro, foram apresentadas diversas experiências em pesquisa entre instituições públicas e privadas desenvolvidas na região da Valônia, no sul da Bélgica

Aeronave: diretor da DGOEER tem expectativa de conseguir fomentar pesquisas conjuntas em várias áreas, a exemplo das que já acontecem no setor aeronáutico (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2013 às 16h13.

A pesquisa conjunta entre empresas e universidades pode ser um grande diferencial para alavancar a inovação . Essa foi a tônica nas apresentações feitas durante a conferência “Parcerias Brasil-Bélgica: olhares convergentes sobre a inovação”, realizada na terça-feira (01/10), na sede da FAPESP, em São Paulo.

No encontro, foram apresentadas as diversas experiências em pesquisa entre instituições públicas e privadas desenvolvidas na região da Valônia, no sul da Bélgica, e as ações para a internacionalização da inovação na federação Valônia-Bruxelas, que reúne a capital e a comunidade francófona daquele país.

Alguns casos desse tipo de parceria em São Paulo, como a criação dos parques tecnológicos do estado e de empresas de base tecnológica com forte vínculo com as universidades, também foram expostos, indicando que a parceria público-privada, aliada ao apoio à pesquisa, tem desempenhado papel-chave para a inovação em pequenas empresas também por aqui.

Durante o evento, foi feito o anúncio de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Divisão Operacional Economia, Emprego e Pesquisa da Região Valã (DGOEER, na sigla em francês), uma das principais financiadoras da Bélgica para a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação.

O acordo prevê o apoio à cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores de instituições e pequenas empresas da Valônia e de São Paulo, com financiamento de pesquisas conjuntas, sobretudo nas áreas de biotecnologia, saúde, alimentos, tecnologias verdes e desenvolvimento sustentável, logística, mecânica, aeronáutica e aeroespacial.

Este é o terceiro acordo internacional que a FAPESP faz voltado para a pesquisa inovativa em pequenas empresas, para a qual mantém o programa PIPE.

“A FAPESP vê com interesse essa colaboração, por oferecer, por meio dela, oportunidades para pequenas empresas de São Paulo com pequenas empresas da região Valã que se dedicam à pesquisa e desenvolvimento", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.


Pesquisa e desenvolvimento

De acordo com o diretor de Programas Federais e Internacionais do Departamento dos Programas de Pesquisa da DGOEER, Baudouin Jambes, futuros projetos conjuntos poderão se beneficiar do financiamento à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias na região Valã, que tem como característica a forte presença do setor privado.

“Esta proporção é maior que a média da Europa, sobretudo nas áreas farmacêutica e química, mas o crescimento do investimento público em P&D também é superior à média europeia”, afirmou.

Ele observou que esse tipo de investimento é fortemente direcionado para a inovação, feita em grande parte por empresas do tipo spin-off, ou seja, que surgiram a partir de grupos de pesquisa em universidades ou centros de pesquisa voltados para o desenvolvimento de novas tecnologias. No caso da DGOEER, o investimento se concentra nas áreas de TIC, biotecnologia e agroalimentos.

“A Valônia é uma região pequena e com bom financiamento à pesquisa, mas, para a inovação, os acordos internacionais são importantes. A FAPESP reúne todas as qualidades de que precisamos para uma parceria que possa trazer muitos resultados, pois o Brasil é muito grande e São Paulo concentra boa parte da pesquisa feita no país”, disse Jambes à Agência FAPESP.

O diretor da DGOEER tem a expectativa de conseguir fomentar pesquisas conjuntas em várias áreas, a exemplo das que já acontecem no setor aeronáutico. “Temos muitas empresas que fazem pesquisa aeroespacial, e São Paulo, onde está a Embraer, uma das maiores do mundo em aeronáutica, concentra a pesquisa nesse setor.”

Segundo Jambes, atualmente há parcerias entre a Embraer e empresas da região Valã que desenvolvem peças para a indústria aeronáutica, incluindo satélites. “Trabalhamos com a agência espacial europeia, que consome boa parte de nossos investimentos em pesquisa. Já temos grande cooperação com os países europeus, mas parcerias com instituições de outras regiões são imprescindíveis.”


Experiências compartilhadas

Philippe Suinen, diretor-geral das agências Wallonie-Bruxelles Internacional (WBI) e Agence Wallone à l’Exportation (AWEX), falou sobre as fontes de financiamento disponíveis para pesquisas em sua região, como o Plano Marshall, focado em seis eixos de desenvolvimento tecnológico para ampliar os polos de desenvolvimento local, em parceria com outros países.

Suinen apresentou indicadores do sistema de inovação na Valônia, as principais orientações estratégicas em matéria de pesquisa e inovação, o papel das agências de fomento na internacionalização da pesquisa e inovação, bem como os mecanismos disponíveis para a cooperação científica e tecnológica da região Valã com o Brasil.

Do mesmo modo, Paulo Arruda, professor de genética no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação de Pesquisa para Inovação da FAPESP, falou sobre os programas da Fundação voltados para a pesquisa básica e os programas especiais mantidos pela FAPESP, como o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA), o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Os programas de pesquisa para a inovação, como o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e o Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), foram destacados por ele como os mais apropriados para o tipo de acordo feito pelas duas agências de fomento.

Arruda também lembrou o programa Genoma FAPESP, iniciado na década de 1990, que levou à criação da empresa Allelyx, fundada por pesquisadores que trabalharam no sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, agente patogênico causador da clorose variegada dos citros (CVC), como exemplo de pesquisa para a inovação bem-sucedida.

A troca de conhecimento técnico entre instituições públicas de financiamento à pesquisa, bem como a aplicação de seus resultados por empresas oriundas desses projetos, que igualmente investem no desenvolvimento de novas tecnologias, foram destacadas também por outros palestrantes.


Bruno van Pottelsberghe de la Potterie, diretor da Solvay Business School e da Université Libre de Bruxelles, falou sobre a criação de spin-offs na Comunidade Francesa Valônia-Bruxelas e dos escritórios de transferência de tecnologia na Europa; e Fabienne Hocquet, representante da Science Parks of Wallonia (SPOW), sobre a dinâmica de interação entre indústria, pesquisa, inovação e serviços presente em seis parques tecnológicos da Valônia, que concentram empresas públicas e privadas, das quais 80% trabalham com inovação.

Exemplos brasileiros foram expostos por Alexandre Pacheco da Silva, coordenador executivo do Laboratório de Empresas Nascentes de Tecnologia (LENT) da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e por Vanderlei Bagnato, diretor da Agência USP de Inovação.

Eles falaram dos incentivos e gargalos na área da inovação, da criação no Brasil de spin-offs e startups, empresas de base tecnológica ainda em fase inicial, focadas na pesquisa para a inovação, e sobre casos de empresas que surgiram a partir do incentivo à inovação feita, por exemplo, pela Universidade de São Paulo (USP), que estimula a criação de empresas por pesquisadores e alunos.

Suporte institucional

A necessidade de apoio logístico e financeiro também foi destacada durante a conferência. Eduardo Grytz, CEO da Performa Investimentos, um fundo de investimento para a inovação em empresas, descreveu o processo de captação de investidores institucionais para fundos voltados para a inovação na área ambiental.

Foram citados exemplos de investimentos em empresas de base tecnológica que atuam nas áreas de tratamento de resíduos sólidos, energia e eficiência energética, água e efluentes e química verde.

O apoio de investidores em diferentes categorias, aliado ao de instituições públicas, foi apontado como fundamental para o sucesso de projetos de pesquisa voltados para a inovação tecnológica. As condições para isso já estão dadas, de acordo com o ministro da Economia, PME, Comércio Exterior, Novas Tecnologias e Ensino Superior da Região Valã, Jean-Claude Marcourt, que destacou a necessidade da pesquisa para o desenvolvimento e a inovação.

“É inegável a importância da pesquisa em parques tecnológicos, da mudança da tecnologia e sua aplicação. E a combinação desses fatores é estratégica para o crescimento econômico”, afirmou, lembrando que a disposição de universidades e institutos de pesquisa é fundamental não apenas para o desenvolvimento de novas tecnologias, mas também para o compartilhamento desse conhecimento na sociedade.

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A pesquisa conjunta entre empresas e universidades pode ser um grande diferencial para alavancar a inovação . Essa foi a tônica nas apresentações feitas durante a conferência “Parcerias Brasil-Bélgica: olhares convergentes sobre a inovação”, realizada na terça-feira (01/10), na sede da FAPESP, em São Paulo.

No encontro, foram apresentadas as diversas experiências em pesquisa entre instituições públicas e privadas desenvolvidas na região da Valônia, no sul da Bélgica, e as ações para a internacionalização da inovação na federação Valônia-Bruxelas, que reúne a capital e a comunidade francófona daquele país.

Alguns casos desse tipo de parceria em São Paulo, como a criação dos parques tecnológicos do estado e de empresas de base tecnológica com forte vínculo com as universidades, também foram expostos, indicando que a parceria público-privada, aliada ao apoio à pesquisa, tem desempenhado papel-chave para a inovação em pequenas empresas também por aqui.

Durante o evento, foi feito o anúncio de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Divisão Operacional Economia, Emprego e Pesquisa da Região Valã (DGOEER, na sigla em francês), uma das principais financiadoras da Bélgica para a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação.

O acordo prevê o apoio à cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores de instituições e pequenas empresas da Valônia e de São Paulo, com financiamento de pesquisas conjuntas, sobretudo nas áreas de biotecnologia, saúde, alimentos, tecnologias verdes e desenvolvimento sustentável, logística, mecânica, aeronáutica e aeroespacial.

Este é o terceiro acordo internacional que a FAPESP faz voltado para a pesquisa inovativa em pequenas empresas, para a qual mantém o programa PIPE.

“A FAPESP vê com interesse essa colaboração, por oferecer, por meio dela, oportunidades para pequenas empresas de São Paulo com pequenas empresas da região Valã que se dedicam à pesquisa e desenvolvimento", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.


Pesquisa e desenvolvimento

De acordo com o diretor de Programas Federais e Internacionais do Departamento dos Programas de Pesquisa da DGOEER, Baudouin Jambes, futuros projetos conjuntos poderão se beneficiar do financiamento à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias na região Valã, que tem como característica a forte presença do setor privado.

“Esta proporção é maior que a média da Europa, sobretudo nas áreas farmacêutica e química, mas o crescimento do investimento público em P&D também é superior à média europeia”, afirmou.

Ele observou que esse tipo de investimento é fortemente direcionado para a inovação, feita em grande parte por empresas do tipo spin-off, ou seja, que surgiram a partir de grupos de pesquisa em universidades ou centros de pesquisa voltados para o desenvolvimento de novas tecnologias. No caso da DGOEER, o investimento se concentra nas áreas de TIC, biotecnologia e agroalimentos.

“A Valônia é uma região pequena e com bom financiamento à pesquisa, mas, para a inovação, os acordos internacionais são importantes. A FAPESP reúne todas as qualidades de que precisamos para uma parceria que possa trazer muitos resultados, pois o Brasil é muito grande e São Paulo concentra boa parte da pesquisa feita no país”, disse Jambes à Agência FAPESP.

O diretor da DGOEER tem a expectativa de conseguir fomentar pesquisas conjuntas em várias áreas, a exemplo das que já acontecem no setor aeronáutico. “Temos muitas empresas que fazem pesquisa aeroespacial, e São Paulo, onde está a Embraer, uma das maiores do mundo em aeronáutica, concentra a pesquisa nesse setor.”

Segundo Jambes, atualmente há parcerias entre a Embraer e empresas da região Valã que desenvolvem peças para a indústria aeronáutica, incluindo satélites. “Trabalhamos com a agência espacial europeia, que consome boa parte de nossos investimentos em pesquisa. Já temos grande cooperação com os países europeus, mas parcerias com instituições de outras regiões são imprescindíveis.”


Experiências compartilhadas

Philippe Suinen, diretor-geral das agências Wallonie-Bruxelles Internacional (WBI) e Agence Wallone à l’Exportation (AWEX), falou sobre as fontes de financiamento disponíveis para pesquisas em sua região, como o Plano Marshall, focado em seis eixos de desenvolvimento tecnológico para ampliar os polos de desenvolvimento local, em parceria com outros países.

Suinen apresentou indicadores do sistema de inovação na Valônia, as principais orientações estratégicas em matéria de pesquisa e inovação, o papel das agências de fomento na internacionalização da pesquisa e inovação, bem como os mecanismos disponíveis para a cooperação científica e tecnológica da região Valã com o Brasil.

Do mesmo modo, Paulo Arruda, professor de genética no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação de Pesquisa para Inovação da FAPESP, falou sobre os programas da Fundação voltados para a pesquisa básica e os programas especiais mantidos pela FAPESP, como o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA), o Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Os programas de pesquisa para a inovação, como o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e o Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), foram destacados por ele como os mais apropriados para o tipo de acordo feito pelas duas agências de fomento.

Arruda também lembrou o programa Genoma FAPESP, iniciado na década de 1990, que levou à criação da empresa Allelyx, fundada por pesquisadores que trabalharam no sequenciamento do genoma da Xylella fastidiosa, agente patogênico causador da clorose variegada dos citros (CVC), como exemplo de pesquisa para a inovação bem-sucedida.

A troca de conhecimento técnico entre instituições públicas de financiamento à pesquisa, bem como a aplicação de seus resultados por empresas oriundas desses projetos, que igualmente investem no desenvolvimento de novas tecnologias, foram destacadas também por outros palestrantes.


Bruno van Pottelsberghe de la Potterie, diretor da Solvay Business School e da Université Libre de Bruxelles, falou sobre a criação de spin-offs na Comunidade Francesa Valônia-Bruxelas e dos escritórios de transferência de tecnologia na Europa; e Fabienne Hocquet, representante da Science Parks of Wallonia (SPOW), sobre a dinâmica de interação entre indústria, pesquisa, inovação e serviços presente em seis parques tecnológicos da Valônia, que concentram empresas públicas e privadas, das quais 80% trabalham com inovação.

Exemplos brasileiros foram expostos por Alexandre Pacheco da Silva, coordenador executivo do Laboratório de Empresas Nascentes de Tecnologia (LENT) da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e por Vanderlei Bagnato, diretor da Agência USP de Inovação.

Eles falaram dos incentivos e gargalos na área da inovação, da criação no Brasil de spin-offs e startups, empresas de base tecnológica ainda em fase inicial, focadas na pesquisa para a inovação, e sobre casos de empresas que surgiram a partir do incentivo à inovação feita, por exemplo, pela Universidade de São Paulo (USP), que estimula a criação de empresas por pesquisadores e alunos.

Suporte institucional

A necessidade de apoio logístico e financeiro também foi destacada durante a conferência. Eduardo Grytz, CEO da Performa Investimentos, um fundo de investimento para a inovação em empresas, descreveu o processo de captação de investidores institucionais para fundos voltados para a inovação na área ambiental.

Foram citados exemplos de investimentos em empresas de base tecnológica que atuam nas áreas de tratamento de resíduos sólidos, energia e eficiência energética, água e efluentes e química verde.

O apoio de investidores em diferentes categorias, aliado ao de instituições públicas, foi apontado como fundamental para o sucesso de projetos de pesquisa voltados para a inovação tecnológica. As condições para isso já estão dadas, de acordo com o ministro da Economia, PME, Comércio Exterior, Novas Tecnologias e Ensino Superior da Região Valã, Jean-Claude Marcourt, que destacou a necessidade da pesquisa para o desenvolvimento e a inovação.

“É inegável a importância da pesquisa em parques tecnológicos, da mudança da tecnologia e sua aplicação. E a combinação desses fatores é estratégica para o crescimento econômico”, afirmou, lembrando que a disposição de universidades e institutos de pesquisa é fundamental não apenas para o desenvolvimento de novas tecnologias, mas também para o compartilhamento desse conhecimento na sociedade.

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