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Os bastidores das negociações

A aliança entre Ambev e Interbrew começou a ser orquestrada em outubro de 2003 e mobilizou cerca de 500 pessoas em São Paulo, Bruxelas, Londres, Paris e Nova York. O Citibank foi contratado pela Ambev, enquanto a Interbrew contava com a assessoria do Goldman Sachs e do Lazard. Para orientar Lemann, Sicupira e Telles foi […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A aliança entre Ambev e Interbrew começou a ser orquestrada em outubro de 2003 e mobilizou cerca de 500 pessoas em São Paulo, Bruxelas, Londres, Paris e Nova York.

O Citibank foi contratado pela Ambev, enquanto a Interbrew contava com a assessoria do Goldman Sachs e do Lazard. Para orientar Lemann, Sicupira e Telles foi chamado o Rinaldini & CO, um banco de investimentos butique , sediado em Nova York e comandado pelo argentino Luis Rinaldini, que durante 20 anos trabalhou no Lazard e é velho conhecido do trio. Nos conhecemos desde 1992 , afirma Rinaldini, que teve como principais interlocutoresTelles e Roberto Thompson, um dos sócios do GP. Além dos bancos, diversos escritórios de advocacia foram acionados no Brasil e nos Estados Unidos, entre eles Barbosa, Mussnich & Aragão Advogados, Cravath, Swain & Moore e Sullivan & Cromwell. As campanhas de divulgação da nova empresa ficaram a cargo do publicitário Duda Mendonça. E para cuidar da comunicação foi convocado o consultor Mário Rosa.

Durante quase cinco meses, as conversas foram intensas. Participei de pelo menos 50 reuniões nesse período , afirma José Olympio Pereira diretor do Citigroup Global Markets no Brasil e América Latina, que esteve à frente da equipe de 10 pessoas destacadas pelo banco para cuidar da aliança. Desde o início, previa-se que o negócio seria baseado em troca de ações. Mas no meio de caminho foi cogitado que a parceria tivesse uma forma diferente. Chegamos a pensar num negócio em dois estágios , afirma Rinaldini. Num primeiro momento seriam trocados apenas 20% das ações e só depois o restante.

Com a aproximação do anúncio, os executivos da AmBev começaram o périplo em Brasília. Nos dois dias que antecederam a divulgação da aliança, Victorio de Marchi, co-presidente do conselho, Carlos, Brito, CEO, e Milton Selligman, diretor de Relações Corporativas e Comunicação apresentaram o projeto a pelo menos uma dezena de líderes políticos, entre eles o presidente Lula e os ministros José Dirceu, Antonio Palocci e Luiz Gushiken.

No dia do anúncio, os funcionários da sede da AmBev, situada num luxuoso edifício comercialda capital paulista, praticamente não trabalharam. Ao chegar, se depararam com um telão que transmitia ao vivo a coletiva de imprensa que acontecia em Bruxelas, com a presença de JohnBrock, CEO da Intebrew e Marcel Telles (uma curiosidade: depois da coletiva de anúncio da fusão de Brahma e Antarctica, Telles teria dito a interlocutores próximos que só participaria de outro encontro com a imprensa brasileira no dia em que se unisse a Anheuser-Busch. Por enquanto, ele tem mantido a promessa).

Em seguida, foi exibido um vídeo que Marcel tinha deixado pré-gravado com uma mensagem para os funcionários. Nas horas seguintes, os executivos consultaram a internet e fizeram telefonemas para saber a repercussão do anúncio que não tinha fim. À noite, brindaram a aliança com goles de Brahma e Stella Artois, num animado happy hour.

O clima de festa não durou até o dia seguinte. Com ações em queda e a insistência da imprensa especializada em questionar a aliança, um plano de relações públicas de emergência foi colocado em prática.De Marchi visitou jornais e Brito concedeu entrevistas exclusivas para tentar esclarecer o acordo. Em 48 horas, na chamada war room organizada para atender a imprensa, foram recebidas 482 solicitações de jornalistas. O clima ficou tão tenso que Brito teve que convocar uma nova reunião com os funcionários para explicar os detalhes do acordo. 

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