Odebrecht vende usina no Peru para chineses
A chinesa Three Gorges Corporation (CTG) teria pago US$ 1,390 bilhão pela terceira maior hidrelétrica do Peru
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 08h10.
Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 08h15.
São Paulo, 24 (AE) - A subsidiária do Grupo Odebrecht dedicada a concessões de infraestrutura na América Latina, a Odebrecht Latinvest, anunciou no fim da noite desta quinta-feira, 24, que assinou acordo com um consórcio liderado pela China Three Gorges Corporation (CTG) para a venda da central hidrelétrica de Chaglla, a terceira maior do Peru. O negócio é avaliado em US$ 1,390 bilhão, segundo fontes próximas à transação.
A maior parte do valor obtido com a venda de Chaglla - US$ 1,2 bilhão - será usada pela Odebrecht para quitar dívidas com os bancos que financiaram a construção da hidrelétrica. O restante, cerca de US$ 190 milhões, vai para um fundo criado para ressarcir o governo peruano pelos atos ilícitos praticados pela empresa no país.
As investigações no Peru envolvendo a Odebrecht começaram em novembro de 2016. No início deste ano, a empreiteira firmou um termo de cooperação com o Ministério Público do país, mas a compensação a ser paga pela empresa pelos crimes de corrupção ainda não foi definida. Fontes próximas à companhia estimam que a cifra deve ficar em torno de US$ 100 milhões e que dinheiro depositado no fundo com a venda da Chaglla seja suficiente.
O consórcio liderado pela CTG para a compra da hidrelétrica peruana é formado pela Hubei Energy, ACE e CNIC. A concessão da hidrelétrica de Chaglla será adquirida pela Huallaga Holding Company Limited, empresa criada pelo consórcio comprador conforme as leis da Região Administrativa Especial de Hong Kong e da República Popular da China.
O acordo precisa ser aprovado pelo Ministério da Justiça no Peru e por entidades na China.
Com o negócio, o grupo Odebrecht chega mais perto de completar seu plano de venda de ativos, anunciado no ano passado. Ao todo a empresa planeja se desfazer de R$ 12 bilhões. Desse total, R$ 5 bilhões já entraram no caixa do grupo, com a venda de negócios como a Odebrecht Ambiental, que passou para as mãos da canadense Brookfield.
Ao se desfazer da Chaglla, restam pouco menos de R$ 3 bilhões para a empresa completar a meta. Entre os ativos que ainda estão no portfólio do grupo para serem vendidos estão participações em minas de diamante e linhas de transmissão em Angola. E o gasoduto Sul Peruano, cujas obras estão paradas e serão relicitadas pelo governo local, resultando em uma indenização bilionária à empresa brasileira.