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O Unibanco lucrou R$ 1 bi em 2002; o ABN, R$ 1,2 bi

Dois dos maiores bancos privados brasileiros, o ABN Amro e o Unibanco, anunciaram seus resultados nesta quinta-feira (13/2). Ao examinar os números, dá para perceber como a desvalorização cambial afetou de modo diferente as instituições financeiras brasileiras. O Unibanco, terceiro maior banco privado nacional, viu seu lucro crescer 4% em relação a 2001. Já o […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Dois dos maiores bancos privados brasileiros, o ABN Amro e o Unibanco, anunciaram seus resultados nesta quinta-feira (13/2). Ao examinar os números, dá para perceber como a desvalorização cambial afetou de modo diferente as instituições financeiras brasileiras. O Unibanco, terceiro maior banco privado nacional, viu seu lucro crescer 4% em relação a 2001. Já o resultado do ABN cresceu 54% - e coloca o banco holandês, que comprou o Banco Real em 1998, no seleto clube de bancos com resultados superiores a 1 bilhão de reais.

O Unibanco divulgou ter obtido um lucro líquido de 1,01 bilhão de reais em 2002. Apesar da cifra bilionária, os executivos do banco encontraram poucos motivos para comemorar. "O lucro poderia ter sido melhor", diz Geraldo Travaglia, diretor-executivo corporativo do Unibanco. "Nosso resultado foi prejudicado pelos custos de hedge cambial e por prejuízos com títulos públicos."

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O Unibanco manteve, como é habitual, uma grande posição em títulos públicos no ano passado. Os preços desses papéis foram muito prejudicados pelo temor dos investidores em relação à eleição. "O efeito da desconfiança com o novo governo levou o mercado a exigir um desconto generoso na hora de comprar os títulos", diz Travaglia. "No final do ano, quando tivemos de comparar o valor dos títulos em nossos livros com os preços de mercado, contabilizamos uma perda de 92 milhões de reais."

Essa perda não é um prejuízo no sentido estrito do termo, uma vez que os títulos não foram vendidos por um preço inferior ao da compra. Foi uma provisão contábil, que poderá ser revertida se o banco vender os papéis com lucro ou se conservá-los em seu poder até o vencimento. No entanto, a provisão reduziu os lucros do exercício de 2002.

Outro fator que prejudicou os resultados do Unibanco foi o custo das operações de hedge (proteção) contra as oscilações no câmbio. O banco tem cerca de 1 bilhão de dólares em ativos no exterior, representados pelas subsidiárias em paraísos fiscais, como Cayman e Nassau, entre outros. "O custo financeiro das operações de hedge reduziu nossos lucros em 125 milhões de reais por causa da forte volatilidade do câmbio no ano passado", diz Travaglia. Segundo o diretor, o lucro do banco poderia ter superado 1,2 bilhão de reais sem a volatilidade do mercado.

Foi justamente de 1,2 bilhão de reais o lucro do ABN Amro no ano passado. O ABN conseguiu até mesmo lucrar mais em dólares entre um ano e outro: em 2001, o banco lucrou 336 milhões de dólares e elevou esse resultado em 4%, para 342 milhões de dólares em 2002. O banco apenas divulgou os números, sem fazer comentários. No comunicado, o ABN informa que "o resultado reforça a convicção do ABN Amro no potencial de crescimento da economia brasileira". O banco, que não divulgou seu balanço detalhado, parece ter obtido resultados mais concretos nas operações relacionadas à desvalorização do real.

Crédito

Descontando as más notícias da tesouraria, os resultados do Unibanco também mostram um leve crescimento da carteira de crédito, especialmente nos empréstimos para empresas. O banco elevou os empréstimos totais em 3,6% no ano passado e aumentou especialmente sua participação no segmento de pequenas e médias empresas, que avançou 14% em relação ao ano anterior.

Já o total emprestado para as pessoas físicas encolheu significativamente, especialmente na distribuição de crédito por meio de suas financeiras. "A Fininvest reduziu a carteira em 32,6%", diz Travaglia. "Decidimos fechar as torneiras do crédito popular no ano passado, pois a conjuntura estava instável demais para emprestarmos muito dinheiro." Prova de que a vida de banqueiro anda dura por aqui foi o anúncio do italiano Banca Nazionale del Lavoro (BNL), que divulgou seus resultados em Milão e confirmou os insistentes rumores do mercado nacional de que pretende vender suas atividades no Brasil.

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