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Net luta pela adesão de minoritários a plano de reestruturação

O prazo para atrair 95% dos credores ao acordo termina em 30 de novembro; depois disso, diz o diretor-geral da empresa de TV por assinatura, volta o risco de ações na Justiça

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Net Serviços continua o esforço, iniciado há três meses, para colocar de pé o plano de reestruturação da dívida de 1,49 bilhão de reais. Nesta quinta-feira (7/11) diretores da companhia se reuniram com investidores na sede da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para explicar detalhes e prognósticos de sucesso da operação destinada e tirar a Net do default, situação em que se envolveu no final de 2002 (leia reportagem da revista EXAME sobreos desafios das Organizações Globo, logo após a morte de seu fundador, Roberto Marinho, em agosto do ano passado). A reestruturação precisa conquistar até 30 de novembro a adesão de 95% do total de credores para que se torne efetiva.

O plano foi apresentado pela primeira vez em 28 de junho e consiste basicamente na conversão de parte da dívida em ações, na previsão de dois cronogramas alternativos de amortização da dívida remanescente e na oferta pública de um novo lote de 1,8 bilhão de ações a um preço mínimo de 35 centavos por ação (entenda os detalhes da operação) para captar mais recursos e destiná-los à amortização de dívidas.

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Naquela ocasião, a divulgação do entendimento com os principais credores foi tumultuada pela notícia da disposição da Telmex de tornar-se sócia da Net, desde que o acordo com os credores realmente saia do papel. "Fomos atropelados porque a Globo [controladora da Net] negociou com a Telmex e o anúncio foi feito no mesmo dia. Ficou difícil separar as duas coisas", diz Leonardo Pereira, diretor financeiro e de relações com investidores. "De lá para cá, já fizemos oito ou nove reuniões de esclarecimento como esta, aqui e fora do país."

Na platéia desta manhã, alguns acionistas minoritários revelaram desconforto com um dos mecanismos encontrados pela direção da Net para obter alívio financeiro. Na oferta pública de ações, o preço das preferenciais (cerca de 1,1 bilhão de ações) será definido pelo mecanismo de bookbuilding, respeitado o mínimo de 35 centavos por ação válido para as ordinárias - valor ratificado em agosto por um laudo independente. Caso haja captação superior a isso, graças a uma cotação maior do que a mínima, 80% dos recursos extras serão direcionados ao pagamento de dívidas. Só que os atuais preferencialistas terão de pagar mais do que queriam pelas ações (eles pediam o direito de pagar 0,35 por ação), e quem se negar, mantendo a carteira atual, vai perder participação no capital da empresa.

Francisco Valim, diretor-geral da Net, tentou convencer os minoritários de que a eventual perda de participação no capital será compensada pela redução do peso da dívida (o alvo é baixar a relação dívida líquida/Ebitda de 3,4 vezes hoje para uma vez e meia e antecipar ao máximo a geração de lucro líquido), impactando positivamente o valor da ação. Ao mesmo tempo, Valim pressionou pela aceitação dos termos do acordo: "A empresa não saiu da crise. Operacionalmente teve avanços radicais, mas somos uma empresa em default " (não era o que o executivo dizia em 28/6). "Estamos em trégua, mas a guerra não foi vencida. Uma ação judicial chegou a ser apresentada, mas foi retirada por causa do acordo de credores, que expira em 30 de novembro."

"Azaração"

A direção da empresa também deixou claro que a oferta pública é crucial para acelerar os entendimentos com a Telmex. Caso não haja demanda pelas ações, os credores vão recebê-las como parte do pagamento, conquistando junto fortes direitos sobre as decisões operacionais da companhia. "Essa influência dos credores nas operações atrasaria a chegada do parceiro estratégico, por complicar a negociação", afirma Pereira. "Nossa situação com a Telmex é de azaração de festa, aqueles olhares à distância, nem chegamos a pegar na mão", diz Valim.

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