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Negócio turbinado

Com a entrada de um sócio financeiro, a Gol é um transtorno a mais na vida das concorrentes

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Enquanto TAM e Varig tentam uma fusão, a novata Gol busca ganhar fôlego usando outra estratégia. No dia 15 de fevereiro, a empresa criada há dois anos recebeu o aval do Departamento de Aviação Civil para associar-se ao grupo financeiro americano AIG. Em troca de uma injeção de 26 milhões de dólares, a AIG torna-se dona de uma participação de 20% na Gol.

A chegada do sócio internacional deverá transformar a Gol numa ameaça ainda maior para as veteranas. Apoiada no sistema de custo baixo e tarifa baixa, a empresa parte agora para uma nova fase de crescimento. Em 2001, a companhia registrou faturamento de 253 milhões de reais e prejuízo de 5,4 milhões. A expectativa é que em 2002 as receitas tenham alcançado 700 milhões, com resultado positivo. Uma das metas de 2003 é levar o faturamento à marca de 1,5 bilhão de reais.

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"A Gol vai colocar ainda mais pressão sobre as concorrentes, aumentando as ofertas de tarifas baixas", diz Paulo Sampaio, sócio da Multiplan Consultoria Aeronáutica. A promoção mais recente da companhia permite ao passageiro viajar pagando praticamente só o bilhete de ida. Para suportar ações como essa, a Gol depende de capital, algo que o sócio AIG tem mais facilidade para conseguir no mercado internacional.

Por que o AIG se interessou pela Gol? A resposta está no modelo de negócios da companhia. Enquanto em todo o mundo as empresas tradicionais afundam em dívidas, as de baixo custo estão ganhando dinheiro -- a começar pela americana Southwest Airlines, criadora do modelo. Há alguns pressupostos para que esse negócio dê certo. Chegar à frente da concorrência é um deles. Segundo um estudo da consultoria McKinsey, de 1996 a 2001 companhias européias de custo reduzido e tarifas baixas -- porém retardatárias -- perderam 300 milhões de dólares. No mesmo período, empresas americanas do mesmo tipo perderam 1 bilhão de dólares.

No Brasil, a Gol contaria com a vantagem do pioneirismo. O risco é que, com o crescimento, se distancie do formato original e aumente os custos. "Hoje a Gol já tem um programa parecido com o de milhagem, e isso não existe nos modelos de baixo custo", afirma um executivo da concorrência. É difícil saber se a Gol sairá da rota inicial. Até que se tenha evidências disso, ela será um incômodo a mais na vida das companhias tradicionais.

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