Natura e 150 empresas participam de “Greve pelo Clima” no Brasil
Movimento deve reunir 3 mil empresas pelo mundo em manifestações em defesa do meio ambiente
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2019 às 11h59.
Última atualização em 20 de setembro de 2019 às 15h14.
A fabricante de cosméticos Natura e outras 150 empresas brasileiras estão participando das manifestações pelo clima no Brasil nesta sexta-feira. Elas integram o Sistema B, grupo de 3 mil empresas no mundo criado para repensar o papel social e ambiental das companhias.
Lá fora, o movimento é chamado de Fridays for Future (sextas pelo futuro) e vem ganhando especial relevância com a aproximação da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas, agendado para segunda-feira que vem em Nova York como parte da Assembleia Geral. Uma das principais vozes globais na organização das manifestações é a adolescente sueca Greta Thunberg.
“Acreditamos na redefinição do papel da empresa, com soluções de mercado para a redução da desigualdade e para questões ambientais”, diz Marcel Fukayama, diretor-executivo do Sistema B no Brasil. Segundo ele, há 30 anos era o estado quem puxava os debates ambientais; depois, o movimento chegou a organizações civis organizadas; é a vez de as empresas liderarem não só na conservação como na regeneração natural.
“Para atingirmos os objetivos definidos na agenda 2030 precisamos investir 4 trilhões de dólares por ano. Não conseguiremos isso sem as empresas”, diz. São, no total, 17 objetivos definidos para o planeta até 2030 — entre eles estão erradicação da pobreza, fome zero, energia limpa, ação contra a mudança climática, justiça e instituições eficazes.
Entre os grandes movimentos na rediscussão do papel das companhias está um manifesto que 181 presidentes de grandes empresas americanas assinaram em agosto. Ele decreta que o lucro não é mais o propósito maior das companhias — compromisso com os consumidores, empregados e comunidades são as prioridades.
Entre os signatários estão presidentes de gigantes como as varejistas Amazon e Walmart, a Apple, fabricante do iPhone, e a montadora Ford. Nesta sexta-feira, funcionários da Amazon aderiram aos protestos contra as mudanças climáticas. Quase mil empregados pediram folga para participar das manifestações.
Natura
No Brasil, uma das empresas mais engajadas é a fabricante de cosméticos Natura. A companhia publicou ontem um posicionamento em que afirma que “estamos orgulhosos de ver a movimentação de estudantes e da sociedade civil contra a crise climática. Agora, é a hora de governos e do setor privado agirem”.
O comunicado diz ainda que a Natura se comprometeu a reduzir suas emissões de carbono em um esforço mundial para que o aquecimento global não ultrapasse 1,5 grau. “Acreditamos verdadeiramente que existe uma forma melhor de viver e de fazer negócios”, diz o comunicado.
“Não dá para ir bem num mundo que vai mal. Ao menos não por muito tempo”, diz Denise Hills, diretora de sustentabilidade da Natura. “Nossa responsabilidade vai além do resultado e da geração de emprego. Precisamos ter um impacto positivo nas mudanças”.
As lojas da companhia amanheceram nesta sexta-feira adesivadas com a mensagem “o futuro é agora” e sem nenhum produto na vitrine. As consultoras da companhia também foram convidadas a se unir às manifestações. Mais de 40 cidades brasileiras devem ter atos nesta sexta-feira. Em São Paulo, a reunião será em frente ao MASP, às 16h.