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"Não somos a indústria do fumo", diz diretor da marca Johnnie Walker

Em entrevista a EXAME, Gary Carey diz que o mercado de bebidas soube lidar de forma mais inteligente com as restrições de propaganda

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

De um ano para cá, as vendas globais da marca de uísque Johnnie Walker, da multinacional inglesa Diageo, cresceram 12%, ultrapassando a barreira inédita de 1,5 bilhão de dólares. O recorde é ainda mais relevante considerando-se que foi conquistado em tempos de grandes restrições à propaganda de bebidas. Em entrevista a EXAME, o diretor global de patrocínios de Johnnie Walker, Gary Carey, falou sobre o assunto:

1) A indústria de bebidas está lidando melhor com as restrições de propaganda que o mercado do tabaco?
Eu trabalhei por 16 anos na British American Tobacco e acho que há grandes diferenças entre as duas indústrias. As companhias de tabaco não admitiam as conseqüências do consumo do seu produto e pagaram por isso. Nesse sentido, estamos bem mais avançados. Nunca escondemos de ninguém que, em caso de abuso, o álcool pode ter conseqüências dramáticas.

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2) E como é vender um produto que pode provocar esse tipo de dano?
Há anos a empresa faz campanhas estimulando o consumo responsável da bebida. Sem isso, não poderíamos hoje nem estar fazendo patrocínios em automobilismo, uma brecha ainda permitida pela lei de alguns países. Agora, o cenário indica que teremos mais restrições à propaganda no mundo inteiro. Vamos ser obrigado a aprender a lidar com isso.

3) Como vocês vêem a recente lei brasileira que restringe ao máximo o consumo de bebida alcoólica pelos motoristas?
É uma lei duríssima, mas é nosso papel fazer o consumidor pensar duas vezes antes de beber. Para isso envolveremos o piloto Lewis Hamilton, da McLaren, diretamente na nossa campanha no Brasil. É muito mais bacana do que as campanhas que apenas dizem “Não beba antes de dirigir”.

4) Por que a Diageo decidiu investir no patrocínio da equipe McLaren de Formula 1?
Percebemos que precisávamos de um grande patrocínio global que ajudasse a fortalecer nossa marca. Nesse sentido, a Fórmula 1 é perfeita: tem uma enorme cobertura global de televisão global e um apelo de sofisticação e tradição que combina com a marca.

5) Qual o tamanho dos investimentos da Diageo na F1?
Investimos cerca de 30 milhões dólares por ano, o equivalente a 10% de nossa verba global de marketing para toda a família Johnnie Walker.

6) Qual a importância do patrocínio nos mercados emergentes?
Enorme. Esses mercados têm apresentado grande crescimento da marca. Ao mesmo tempo, a F1 migra cada vez mais para os emergentes. Temos a corrida na China, em Cingapura, em Abu Dhabi, a Índia deve entrar em 2011 e a Rússia também que ter sua prova. Nosso futuro está ligado a esses países.

7) Quais os impactos da crise global nos patrocínios da F1 para 2009?
Algumas equipes vão ter dificuldades, porque a procura das empresas por patrocínio cairá no curto prazo. As equipes patrocinadas por bancos também terão problemas. Mas os organizadores estão adotando uma série de medidas para cortar custos e acho que vai funcionar. A F1 já enfrentou crises no passado e sempre sobreviveu.

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