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Construção civil crescerá apenas 1% neste ano

Juros altos e contenção dos investimentos públicos prejudicaram o setor. Para 2006, expectativa é de forte retomada

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Fortemente ligada aos investimentos públicos em infra-estrutura e bastante sensível aos juros altos que inibem projetos privados, a construção civil é um dos setores que mais sofrerão com as amarras que impediram o país de crescer mais neste ano. Os construtores, que iniciaram o ano esperando uma expansão de 4,6% nos negócios, revisaram suas contas e já aguardam um minguado incremento de 1%.

O desempenho contrasta com os números de 2004. Com a economia nos trilhos, a indústria da construção superou suas próprias previsões de que cresceria 4,5% no ano passado e registrou 6,8%. Segundo João Claudio Robusti, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a fraca expansão de 2005, aliada ao bom resultado de 2004, não será suficiente para recuperar todas as perdas acumuladas pelo setor entre 2001 e 2003. Nesse período, o Produto Interno Bruto da construção encolheu 9,5%.

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Ao lado dos problemas estruturais do país, como elevada carga tributária, burocracia e informalidade, as empresas ressentiram-se neste ano com o contingenciamento de recursos para obras públicas. De acordo com a Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), até o dia 1º de novembro, o governo federal gastou somente 27% dos recursos autorizados pelo Ministério da Fazenda para infra-estrutura. Em valores, isso significou a aplicação de 1,55 bilhão de reais pelas pastas da Integração Nacional, Cidades, Minas e Energia, Transportes e Meio Ambiente. O total liberado pela Fazenda foi de 5,76 bilhões.

Cenário ambíguo

Para 2006, a evolução da crise política terá um importante papel sobre o desempenho do setor, de acordo com o Sinduscon-SP. Na conjuntura mais pessimista, governo e oposição se engalfinhariam em uma luta mortal nas Comissões Parlamentares de Inquérito instaladas no Congresso. Sem controle do ambiente político, o governo veria surgir propostas populistas para a condução da política econômica dentro e fora de suas fileiras.

Em um ano eleitoral que promete duras batalhas entre governo e oposição, essas incertezas contribuiriam para que os empresários engavetassem seus projetos de expansão e, por tabela, a construção civil sofreria com a falta de clientes no mercado corporativo e de mutuários, no segmento residencial. Some-se a isso uma tímida política de investimentos públicos e o quadro terminaria com uma expansão do PIB brasileiro de 2%. Isso permitiria aos construtores crescer, no máximo, 3%.

Já no cenário otimista, o governo atravessaria 2006 sem sobressaltos políticos. Com um ambiente de juros em queda, os empresários seriam incentivados a investir na expansão de seus negócios e os mutuários, em financiar a casa própria. Com investimentos públicos mais altos em todas as esferas do governo, a construção civil poderia crescer até 5,1%, para uma expansão de 3,3% do PIB.

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