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Reestruturação de montadoras abre oportunidades para o Brasil

Apesar dos investimentos migrarem para a Ásia, brasileiros devem apostar na exportação de novas tecnologias automotivas e na integração com cadeias mundiais de suprimento

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

A crise enfrentada por grandes montadoras, como a General Motors e a Ford, é o prenúncio de uma profunda reestruturação mundial do setor automotivo. O reposicionamento do setor adicionará capacidade produtiva em mercados emergentes, como China e Índia, ao mesmo tempo em que fechará fábricas em países consolidados. Nesse processo, o Brasil ainda encontrará espaço para se manter competitivo internacionalmente, se apostar na exportação de veículos com mais tecnologia embarcada, e reforçar seus laços com a cadeia mundial de suprimentos e pesquisa do setor.

"É preciso estar na ponta vencedora, exportando tecnologia", afirma Marcos de Almeida, diretor da Pricewaterhousecoopers (PwC). Estudo da consultoria mostra que, atualmente, a capacidade instalada mundial da indústria automotiva é de 70 milhões de unidades por ano. A produção efetiva está em 60 milhões. Até 2012, essa capacidade será ampliada em 10,5 milhões de unidades, com ênfase na abertura e ampliação de linhas de montagem na Ásia. "Somente a China responderá por 3,5 milhões de unidades dessa ampliação", diz Almeida. A região da Ásia e do Pacífico, no total, absorverá mais de 50% da ampliação da capacidade instalada. Em contraste, a América do Sul receberá 6%.

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O problema, segundo a PwC, é que a expansão para a Ásia deixará rastros negativos em outros países. Em 2012, as montadoras esperam operar com um nível de utilização da capacidade igual a 85%. Em um cenário de demanda estável, seria necessário eliminar do mercado 8,6 milhões de unidades de capacidade, o equivalente ao fechamento de 35 fábricas.

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A China e a Índia despontam como os principais destinos dos próximos investimentos do setor. A Índia é atraente devido ao seu potencial de mercado apenas 14,5% da população têm automóvel, mas o país é o segundo maior mercado de motocicletas. A estimativa da PwC é que a demanda indiana dobrará até 2012, devido ao crescimento econômico.

Além de um grande mercado consumidor, a China conta com o apoio de uma política oficial de promoção ao setor automotivo. Os planos são de elevar o nível de utilização da capacidade instalada de 69%, em 2004, para 72% até 2012, já contando os novos investimentos produtivos. O país também deseja criar, nos próximos anos, pelo menos uma montadora capaz de competir com as companhias estrangeiras no exterior.

Segundo Almeida, há vários pontos sobre os quais o Brasil pode se apoiar, para manter sua competitividade internacional e continuar atraindo investimentos da indústria. Um deles é sua boa integração com redes globais de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias automotivas. Outro é também sua integração nas cadeias de suprimento mundiais. "O Brasil possui ainda boa qualidade de mão-de-obra, que lhe garante uma boa performance operacional", diz.

Por fim, o país também se destaca em termos de transparência governamental, por se tratar de uma democracia relativamente estável uma vantagem sobre a China, por exemplo, submetida a um regime autoritário e centralizador. O respeito à propriedade intelectual em relação a tecnologias automotivas também é um ponto forte do Brasil.

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