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Mulheres ficam fora de conselhos de empresas na AL

Na América Latina, apenas 6,4% dos assentos em conselhos das 100 maiores empresas da região são ocupados por mulheres, contra 5,1% dez anos atrás

Mulheres: o Brasil busca corrigir o desequilíbrio propondo a criação de cotas para mulheres em empresas nas quais o governo tem participação (Ted Aljibe/AFP)
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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2015 às 15h11.

São Paulo - As mulheres permancecem do lado de fora dos conselhos de administração da América Latina , contrariando tendência de outras regiões, segundo novo estudo.

Apenas 6,4% dos assentos em conselhos das 100 maiores empresas da região são ocupados por mulheres, contra 5,1% dez anos atrás, segundo uma pesquisa do grupo Corporate Women Directors International, com sede em Washington, que será apresentado hoje em São Paulo no evento Global Summit of Women.

A desigualdade de gênero nos conselhos se destaca em uma região onde os chefes de Estado em três das cinco maiores economias -- Brasil, Chile e Argentina -- são mulheres. Quase metade das empresas pesquisadas não tinha uma única mulher em seus conselhos.

A proporção de mulheres ocupando cargos de direção nas 200 companhias da Fortune Global cresceu para quase 18%, saindo de 10% na última década.

“As esferas política e econômica não são totalmente abertas às mulheres”, disse Hildete Pereira de Melo, professora de economia de gênero na Universidade Federal Fluminense. “O ambiente de trabalho é um dos locais onde o preconceito é mais forte. É muito difícil para uma mulher subir na carreira, enquanto combate o machismo.”

A Colômbia é o líder da região com relação à presença de mulheres nos conselhos de administração das empresas: 13% dos assentos nas maiores companhias do país são ocupados por mulheres, segundo o Corporate Women Directors International. O Brasil é o segundo, com 6,3%, e o Chile vem em último, com 3,2%.

Esses percentuais podem ser comparados aos 20% da Europa, 19% dos EUA e 9,4% da Ásia.

O Brasil busca corrigir o desequilíbrio propondo a criação de cotas para mulheres em empresas nas quais o governo tem participação, incluindo a Petróleo Brasileiro SA e o Banco do Brasil SA. A medida, que estabelece 40% de presença das mulheres no conselho de administração, está em análise pela Comissão dos Assuntos Sociais do Senado.

“Somente com cotas poderemos alcançar um patamar de participação adequado de mulheres em conselhos”, diz Luiza Helena Trajano, presidente e acionista da varejista Magazine Luiza SA.

“As mulheres estão aptas a ocupar a participação devida em conselhos de administração, totalmente preparadas e em sintonia com as modernas tendências de administração.”

São Paulo - Com o debate sobre a diversidade de gênero cada vez mais aquecido no país e no mundo todo, muitas empresas passaram a ter iniciativas voltadas para incentivar as mulheres a assumirem posições de liderança. Esse apoio é positivo não só para as funcionárias, mas também para as companhias. Em 2013, dados da McKinsey mostraram que as organizações que tinham uma ou mais mulheres em seus comitês executivos obtinham retorno sobre o patrimônio 44% maior e margem de lucro antes dos impostos 47% acima do que os registrados por aquelas com apenas homens nessas posições. Foram estudadas 345 empresas listadas em bolsas de seis países da América Latina, incluindo o Brasil. Entre as ações estão a permissão de home office , horários flexíveis, treinamentos voltados exclusivamente ao público feminino e até reserva de "cotas" entre candidatos a emprego. Nas fotos, conheça 14 companhias que abraçaram a ideia.
  • 2. Unilever

    2 /15(Exame.com/Karin Salomão)

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    Nos últimos três anos, a Unilever Brasil aumentou em 15% o número de mulheres em suas posições de liderança. Em 2014, empresa chegou praticamente à equidade de gênero, com 49% de executivas.  Para chegar a esses índices, a empresa inclui em seu programa de diversidade atividades de mentoring, coaching e networking voltadas ao público feminino e também permite a flexibilidade dos horários de trabalho.
  • 3. Ericsson

    3 /15(Jonathan Nackstrand/AFP)

  • As mulheres são hoje 23% dos colaboradores da Ericsson no Brasil. Há dois anos, elas eram 19%. O objetivo da empresa é ampliar essa fatia para um terço dos funcionários até 2020. Para chegar lá, a companhia fomenta discussões sobre liderança feminina entre as suas colaboradoras e oferece coachs internos e externos. Além disso, a empresa possui um projeto pelo qual suas executivas visitam escolas técnicas e de ensino médio para estimular as estudantes a escolherem profissões do mercado de tecnologia. Nos postos de gestão, a parcela atual de mulheres na Ericsson no país é de 19%.
  • 4. Groupon

    4 /15(Scott Olson/Getty Images)

    Por meio do projeto Women@ Groupon , a empresa convida mulheres líderes reconhecidas no mercado a falarem sobre carreira para suas funcionárias. O Groupon também incentiva as gestoras a atuarem como mentoras de suas subordinadas. No mundo todo, 47% dos colaboradores da companhia do sexo feminino. No Brasil, a parcela chega a 58%, sendo que 41% dos cargos de chefia são ocupados por elas.
  • 5. Vale

    5 /15(Divulgação/Vale)

    Entre 2011 e 2014, fatia de mulheres no time de trabalhadores da Vale cresceu de 11% para 14,6%. A mudança nos números aconteceu com a ajuda de um projeto de equidade de gênero que abrange discussões sobre a participação feminina no mercado de mineração e inserção do tema em treinamentos da companhia.  Também foi desenvolvido um projeto piloto em que 13 líderes se tornaram mentoras de outras 13 funcionárias em início de carreira, durante o ano passado. Uma nova fase da mentoria deve começar em agosto deste ano. Atualmente, 12,2% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres na empresa.
  • 6. Accenture

    6 /15(GettyImages)

    Dentro de cinco anos, a Accenture conseguiu aumentar a presença feminina nas suas posições de liderança de 17% para 28,4%. A meta, porém, é ampliá-la para pelo menos 30%. Para isso, a empresa mapeou os pedidos de demissão de suas funcionárias para entender por que elas deixavam a empresa.  A partir daí, a companhia começou a realizar eventos focados em atrair mulheres para o time e oferecer treinamentos específicos para o público feminino. A Accenture também permite horários flexíveis e apoia as funcionárias mães permitindo que trabalhem de casa durante meio período até que seus bebês completem um ano, além de oferecer licença-maternidade de seis meses. Hoje, 38% dos colaboradores são mulheres.
  • 7. Bacardi

    7 /15(Bárbara Ladeia/EXAME.com)

    Em 2010, as mulheres correspondiam a 26% da equipe e a 15% dos cargos de gestão da Bacardi no Brasil. Hoje, os números alcançaram 30% e 70%, respectivamente. O aumento se deu por uma série de medidas da empresa. Uma delas foi sempre incluir ao menos uma mulher em cada processo de seleção para posições de gerência.  A empresa também estendeu a licença-maternidade para seis meses e estuda implementar uma licença-paternidade maior.
  • 8. TozziniFreire Advogados

    8 /15(Divulgação/Tozzini Freire)

    No ano passado, o TozziniFreire Advogados criou um projeto para incentivar as mulheres a assumirem postura de liderança. Por meio dele, mensalmente são realizados encontros entre suas advogadas para discutir temas como carreira e equilíbrio com a vida pessoal. Além disso, o escritório promove mentoring entre as sócias seniores e as menos experientes e treinamentos voltados só para o público feminino.  Hoje, as mulheres representam cerca de 60% da equipe de cerca de 1.000 pessoas que compõem o escritório, entre sócios, advogados, funcionários, corpo administrativo e estagiários. Entre os 78 sócios, elas são 27 e entre os 72 advogados seniores, 43.
  • 9. Philips

    9 /15(Reuters)

    Somente na sede de Alphaville, a Philips passou a ter 50% a mais de mulheres entre os funcionários de 2011 a 2013. Um dos motivos, na opinião da empresa, foi a implementação de um sistema que permite o home office uma vez por semana.  Nos planos de sucessão de cargos de liderança da companhia, para cada três sucessores preparados, ao menos um precisa ser mulher. Desde que essa regra se tornou obrigatória, em 2011, a Philips Brasil quase dobrou a participação feminina entre sua equipe. Na América Latina, 47% dos colaboradores da organização são mulheres e, no Brasil, 40%.
  • 10. Itaipu Binacional

    10 /15(Arquivo/Agência Brasil)

    Desde 2003, a Itaipu Binacional tem um programa de equidade de gênero. Por meio dele são realizadas capacitações e oficinas específicas para as mulheres e foram adotados horários flexíveis. Entre 2002 e 2010, o percentual feminino nos níveis gerenciais dobrou, segundo a empresa. Hoje, dos 3.170 funcionários da companhia, 19% são mulheres. Nos níveis gerenciais, a fatia sobe para 21%.
  • 11. Avon

    11 /15(Scott Eells/Bloomberg)

    A Avon foi a primeira empresa no Brasil a oferecer berçário interno e licença-maternidade estendida para 180 dias, segundo ela mesma. A empresa possui diversas ações para encorajar as mulheres a assumirem postos de liderança, entre elas a equidade salarial, horários flexíveis e home office.  A companhia tem uma vice-presidência global dedicada exclusivamente à diversidade, com ações voltadas para a igualdade de gênero e raça. Além disso, a fabricante de cosméticos permite que as funcionárias mães retornem ao trabalho gradualmente após o fim da licença-maternidade. Dos 6,5 mil colaboradores no Brasil, 62% são mulheres.
  • 12. Schneider Electric

    12 /15(Joel Saget/AFP)

    A Scnheider quer que 40% de sua força de trabalho global seja composta por mulheres. Para isso, a empresa criou um grupo de gestores que se reúnem a cada três meses para identificar as barreiras que impedem as mulheres de assumirem cargos de liderança e criar planos para contorná-los.  Dos cerca de 5 mil colaboradores da companhia no país, 27% são do sexo feminino e 16% ocupam posições de gestão.
  • 13. Eurofarma

    13 /15(Divulgação)

    A Eurofarma realiza diversas ações para incentivar suas funcionárias a assumirem cargos de liderança. Além da licença-maternidade de seis meses, a empresa possui creche interna e permite saídas antecipadas às sextas-feiras e horários flexíveis.  Na unidade de Itapevi, a companhia oferece médico ginecologista e exame de ultrassonografia para as colaboradoras. Dos 4.470 trabalhadores da companhia no Brasil, 52,4% são mulheres. Dos 5 vice-presidentes, 3 são do sexo feminino.
  • 14. Masisa

    14 /15(Divulgação/Masisa)

    Para aumentar o número de mulheres entre seus funcionários, a Masisa passou a exigir, a partir de 2012, que 50% dos candidatos escolhidos para participar de seus processos seletivos fossem mulheres. A iniciativa, segundo a empresa, ampliou a fatia feminina entre os colaboradores de 15% para 18% em dois anos e na diretoria, de zero para 50%, no mesmo período.  A empresa possui 860 funcionários no país.
  • 15. IBM

    15 /15(Getty Images)

    Frequentemente, a IBM organiza mesas redondas e treinamentos sobre carreira voltados ao público feminino. A empresa também possui alguns benefícios que, apesar de disponíveis também para os homens, favorecem as mulheres, como semana de trabalho comprimida, home office e horários flexíveis.  Nos processos de sucesso para cargos de gerência e técnicos, a companhia busca garantir a representatividade feminina na lista de candidatos.
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