Negócios

Morte de Gianni Agnelli abre novo capítulo no drama da Fiat

A morte de Gianni Agnelli abre um novo capítulo no drama vivido pela Fiat. Talvez seja o fim do maior símbolo da industrialização italiana. Agnelli, morto aos 81 anos, neto do fundador do grupo, foi o homem que elevou a Fiat ao status de grupo internacional. Mas uma série de erros estratégicos e administrativos, intermináveis […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A morte de Gianni Agnelli abre um novo capítulo no drama vivido pela Fiat. Talvez seja o fim do maior símbolo da industrialização italiana. Agnelli, morto aos 81 anos, neto do fundador do grupo, foi o homem que elevou a Fiat ao status de grupo internacional. Mas uma série de erros estratégicos e administrativos, intermináveis lutas de poder no interior do clã, e uma sucessão de tragédias familiares jogaram a Fiat Auto -- a principal e mais problemática empresa do grupo -- na crise e, ao que tudo indica, selaram o fim de uma dinastia, da qual Agnelli foi o representante máximo.

Nas últimas semanas, a sede da Fiat, em Turim, viveu um clima de insurreição permanente. Não faltaram tentativas de golpe, cabeças rolando pelos escritórios. Os Agnelli, liderados por Umberto, irmão de Gianni, tentaram em vão derrubar o CEO Paolo Fresco, patrocinador da idéia de que o grupo deve se livrar, o mais rápido possível, da Fiat Auto. A montadora, orgulho da Itália e da família e escora dos sindicatos de trabalhadores, se transformou num grande ralo de dinheiro. Fechou 2002 com perdas operacionais de cerca de 1,2 bilhão de dólares. Seus carros há algum tempo perderam o fôlego no mercado europeu, onde a participação não passa dos 8%. Fresco, um discípulo de Jack Welch, só não caiu porque os demais acionistas o seguraram no poder, crentes de que só ele poderia levar adiante um plano de venda do que resta da montadora para a americana General Motors. (A GM já detém 20% da Fiat Auto e assumiu o compromisso que comprar o restante caso os italianos o colocassem à venda.)

Agora, com a morte de Gianni, Fresco se fortalece. É possível que Umberto continue suas manobras golpistas, mas sem o carisma e a força do patriarca morto as chances de sucesso ficam muito reduzidas. Os Agnelli também não deixaram sucessores jovens, capazes de assumir o grupo. O filho mais velho de Gianni, Edoardo, nunca se interessou pelos negócios, rebelou-se e chegou a ser preso com drogas. Há dois anos, jogou-se de uma ponte em Turim, sugestivamente apelidada da ponte dos suicidas. Gianni Alberto, um de seus sobrinhos, aparentemente talhado para a liderança, morreu de câncer no estômago, aos 33 anos.

A venda da Fiat Auto para a GM fere os brios italianos -- inclusive o do primeiro-ministro Silvio Berlusconi -- mas parece ser a única saída para a restauração da saúde do grupo. (A Fiat é dona da CNH, fabricante de tratores e máquinas agrícolas, e da Iveco, montadora de caminhões. As duas empresas têm resultados muito melhores que os apresentados pela montadora de automóveis.) Mas seria um bom negócio para a GM? Juntas, as duas empresas liderariam o mercado europeu, com 18% de participação. Haveria aproveitamento comum de plataformas e conseqüentemente redução de custos. Mas os americanos também têm problemas a enfrentar em seu próprio quintal. A GM, sob o comando de Richard Wagoner, vai bem. Mas pesam sobre seus balanços os benefícios pagos a um exército de 46 000 aposentados. Atualmente, os custos com mão-de-obra inativa sugam cerca de 900 dólares da rentabilidade por carro da GM vendido nos Estados Unidos. A Fiat, com seus carros desatualizados, dívidas, prejuízos e conflitos societários e trabalhistas, seria mais um problema de curto prazo a enfrentar.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Empreendedor produz 2,5 mil garrafas de vinho por ano na cidade

Após crise de R$ 5,7 bi, incorporadora PDG trabalha para restaurar confiança do cliente e do mercado

Após anúncio de parceria com Aliexpress, Magalu quer trazer mais produtos dos Estados Unidos

De entregadores a donos de fábrica: irmãos faturam R$ 3 milhões com pão de queijo mineiro

Mais na Exame