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Montadoras convocam produção extra para compensar parada durante greve

Trabalho aos sábados, horário de expediente estendido e descontos nas férias dos operários estão entre os anúncios que vêm sendo feitos aos funcionários

Montadoras: companhias ainda precisarão de dois ou três meses para recuperar os cerca de 80 mil veículos que deixaram de ser produzidos durante a greve (Germano Lüders/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2018 às 18h30.

Última atualização em 13 de junho de 2018 às 22h37.

São Paulo - Depois de a greve dos caminhoneiros interromper, em maio, 18 meses seguidos de crescimento na montagem de veículos, a indústria automobilística já está convocando jornadas extras de produção.

O esforço visa a recuperar as perdas dos dias em que todas as montadoras do País foram obrigadas a desligar as máquinas em decorrência da paralisação no transporte de cargas.

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Trabalho aos sábados, horário de expediente estendido em dias úteis e, até mesmo, descontos nas férias dos operários estão entre os anúncios que, desde o retorno das atividades, vêm sendo feitos aos funcionários por fabricantes de automóveis e seus fornecedores de peças.

Em razão da elevada ociosidade das linhas, o setor tem, em geral, espaço para acelerar a produção. Mas, conforme previsão da própria indústria, as montadoras ainda precisarão de dois ou três meses para recuperar os cerca de 80 mil veículos que deixaram de ser produzidos durante a greve por falta de componentes.

O início da Copa do Mundo representa um obstáculo adicional à retomada mais rápida da produção porque as empresas devem dispensar os funcionários ao menos no horário dos jogos da seleção brasileira.

A forma como os dias parados na greve serão repostos também abriu uma queda de braço entre fabricantes e sindicatos dos metalúrgicos, que pressionam as empresas a pagar por parte das compensações.

A lista de montadoras que estão funcionando aos sábados inclui a fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o parque industrial da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em Pernambuco e, segundo informações de sindicatos não comentadas pela empresa, todas as fábricas de automóveis da General Motors (GM), a que mais vende carros no País. Também no ABC, a Mercedes-Benz definiu oito sábados de compensações, mas em razão da greve interna que parou a fábrica de caminhões e ônibus antes do movimento deflagrado pelos caminhoneiros.

Em Betim (MG), onde está a maior fábrica da Fiat no mundo, o calendário de produção está sendo revisto com mais horas de trabalho em alguns dos dias úteis. Essas compensações, conforme a montadora, serão diluídas ao longo do ano.

Na Scania, um acordo coletivo de flexibilidade da jornada de trabalho tem permitido à montadora de caminhões extrapesados compensar cinco dias sem produção com jornadas aos sábados e, a exemplo da Fiat, expediente estendido em dias úteis.

A GM, conforme o sindicato local, decidiu antecipar para o próximo sábado o retorno das férias, iniciadas há uma semana, que estava programado para segunda-feira no complexo industrial de Gravataí (RS). O sindicato da região informa que o acordo coletivo firmado com a montadora autoriza a GM convocar até dois sábados de produção por mês.

Na fabricante de autopeças Dana, houve entendimento para se descontar um dia das férias de trabalhadores da fábrica de Gravataí (parte das operações) e três das férias dos empregados da unidade de Sorocaba (SP).

Empresas sem esse tipo de acordo enfrentam, contudo, resistência de sindicatos para aumentar o ritmo da produção. Na unidade da fabricante de autopeças Mahle em Arujá, na Grande São Paulo, a empresa teve produção no último sábado, mas ainda negocia a compensação de mais dois dias parados na greve dos caminhoneiros. O sindicato reivindica que um deles seja pago.

"Queremos que o prejuízo seja dividido entre empresa e trabalhador. Não haverá mais compensações enquanto a empresa não negociar ", afirma o vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos da região de Guarulhos, Josinaldo José de Barros.

Num vídeo publicado no site dos metalúrgicos da Grande Curitiba, onde estão instaladas fábricas da Volkswagen, da Renault e da Volvo, o presidente da entidade, Sérgio Butka, orienta os operários a não compensar dias não trabalhados durante a greve se não houver negociação.

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