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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Uma batalha judicial entre milhares de consumidores americanos e a farmacêutica Merck em torno dos efeitos do remédio Vioxx chegou ao fim nesta sexta-feira (09/11), com a decisão da empresa de aceitar a cobrança de 4,85 bilhões de dólares exigida pelos reclamantes para pôr fim ao litígio.
Em resposta ao anúncio, as ações da Merck subiram mais de 5% na Bolsa de Nova York, mas recuaram ao longo da tarde da sexta-feira para uma aumento de cerca de 4%.
A disputa girava em torno da acusação de que o medicamento, usado para combater artrite e dor aguda, causou infartes e derrames numa parcela dos pacientes que ingeriram as pílulas. Os pedidos de indenização começaram depois de a Merck ter retirado o Vioxx do mercado, em setembro de 2004, por constatar num estudo da própria empresa que o medicamento poderia aumentar os riscos de desenvolver problemas coronários. Nos anos seguintes à medida, o laboratório transformou-se em réu de 27 mil ações, em nome de dezenas de milhares de indivíduos que dizem ter sido afetados pela droga.
A corrida aos tribunais refletiu o alcance do medicamento. O Vioxx chegou às farmácias americanas em 1999 e passou a ser vendido em larga escala, em mais de 80 países, inclusive o Brasil.
Com o pagamento da indenização bilionária, a Merck anula o conflito com um número de consumidores entre 45 mil e 50 mil, dos 60 mil que exigem compensação na Justiça americana. No acordo, porém, a empresa não admitiu responsabilidade pelas mortes e disse que vai exigir provas de que os reclamantes de fato tomaram o remédio e também de que sofreram as doenças que alegam ter tido.
Antes da concessão, a farmacêutica havia prometido contestar caso a caso as acusações de danos, mas segundo representantes da companhia, essa pareceu ser a hora certa para resolver o problema e eliminar "uma grande fonte de distração para a empresa", segundo informa o jornal britânico Financial Times (FT).
"O acordo foi estruturado de modo a garantir que a maioria das acusações nos Estados Unidos seja resolvida a um custo fixo", afirmou ao FT o executivo-chefe da Merck, Dick Clark.