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Mercado aguarda saída política para dívida da Eletropaulo

Os impasses e as informações desencontradas sobre as negociações das dívidas da Eletropaulo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deixaram o mercado em suspense nesta quarta-feira de Cinzas (5/3). O certo é que a reestatização da maior distribuidora da América Latina já causa apreensão entre os investidores. "Estamos diante de um […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Os impasses e as informações desencontradas sobre as negociações das dívidas da Eletropaulo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deixaram o mercado em suspense nesta quarta-feira de Cinzas (5/3). O certo é que a reestatização da maior distribuidora da América Latina já causa apreensão entre os investidores.

"Estamos diante de um grande impasse: a fama da AES está ruim e afeta a Eletropaulo , diz Ricardo Tadeu Martins, analista da corretora Souza Barros. Só uma saída política salva a distribuidora. Por saída política, Martins entende a execução das garantias, seguida de um saneamento pela Eletrobrás para que a empresa volte a ser privatizada. O maior problema, na visão de Martins, é o tamanho da dívida e o nível de desconfiança que a inadimplência causa: O rombo pode acabar comprometendo o funcionamento da Eletropaulo e a sua credibilidade junto aos fornecedores .

O conceito de saída política , porém, levanta controvérsias. A interferência do poder público não é recebida de braços abertos por todos porque poderia ter conseqüências desagradáveis. A reestatização terá impactos negativos , diz Felipe Hirai, analista da corretora Hedging-Griffo. Melhor seria que o BNDES renegociasse a dívida. Na avaliação de Hirai, pelo menos três motivos fazem da renegociação o melhor caminho. Primeiro: devolver a Eletropaulo para o poder público significa transferir para o erário público a dívida bilionária da distribuidora. Segundo: colocaria em posição delicada outras empresas do setor que também precisam renegociar seus débitos. Terceiro: levantaria um clima de incerteza entre os investidores. É difícil acreditar que o governo deseje criar tal instabilidade , diz Hirai.

A dívida da Eletropaulo com o BNDES totaliza 1,13 bilhão de dólares e foi contraída por suas controladoras, AES Elpa e AES Transgás. As duas empresas ofereceram como garantias para os empréstimos as próprias ações da Eletropaulo. Com duas parcelas já vencidas e não pagas, o BNDES pode executar as garantias, o que significa retomar a distribuidora paulista.

Mas o total dos débitos da empresa é bem maior -cerca de 6 bilhões de reais. Uma conta pesada tanto para a AES quanto para o poder público-, principalmente quando se leva em conta o valor de mercado da distribuidora, avaliado pelo preço de venda das ações em 975 milhões de reais. Desde o final de 2001, as ações da Eletropaulo acumulam 68% de desvalorização, contra uma queda de 40% no índice do setor, formado a partir do desempenho das ações das principais elétricas.

As dívidas da Eletropaulo com o BNDES foram contraídas durante a privatização. A AES Elpa, por exemplo, ficou com uma dívida de 888 milhões de dólares com o BNDES. Os recursos foram utilizados para a aquisição de 77,8% das ações ordinárias da Eletropaulo. A Elpa ainda deve 542 milhões de dólares e deixou pendente uma parcela de 85 milhões de dólares, que venceu em 31 de janeiro. O não pagamento colocou a Eletropaulo na condição de inadimplente e permite aos credores declarar vencidas dívidas adicionais.

A AES Transgás, por sua vez, adquiriu 64,1% das ações preferenciais com outro empréstimo de 1,154 bilhão de dólares também junto ao BNDES. Já quitou 570 milhões referentes a esse débito, mas na sexta-feira passada (28/02) deixou de pagar ao BNDES outra parcela de 330 milhões de dólares. Na quarta-feira anterior (26/02), a Eletropaulo anunciou a necessidade de protelar o pagamento da parcela para o dia 15 de abril com a publicação de um fato relevante. Se concordasse em transferir a data, o banco deveria ter se comunicado com a distribuidora até quinta-feira, o que não ocorreu. O silêncio do BNDES foi interpretado pela Eletropaulo com uma recusa em transferir a data do pagamento, o que dá ao banco o direito de executar as garantias ou seja, retomar as ações da Eletropaulo. O BNDES, oficialmente, afirma já ter dado uma resposta para a empresa, mas não revela o teor. A empresa, por sua vez, afirma não ter recebido oficialmente nenhuma solução definitiva por parte do BNDES.

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