Marfrig tem melhor 1º trimestre da história com lucro de R$ 279 milhões
Balanço foi impulsionado por fortes resultados na operação da América do Norte que compensaram adversidades ocorridas sobretudo no Brasil
Reuters
Publicado em 11 de maio de 2021 às 18h58.
Última atualização em 11 de maio de 2021 às 19h29.
A Marfrig Global Foods reverteu um prejuízo de 137 milhões de reais obtido no primeiro trimestre de 2020 e marcou lucro líquido de 279 milhões entre janeiro e março deste ano, impulsionada por fortes resultados na operação da América do Norte que compensaram adversidades ocorridas sobretudo no Brasil, conforme balanço divulgado nesta terça-feira.
Com avanço de 39,7% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ( Ebitda ) ajustado, para 1,7 bilhão de reais, e alta de 27,7% na receita líquida, a 17,2 bilhões, a companhia brasileira, maior produtora de hambúrgueres do mundo, consolidou seu melhor primeiro trimestre da história.
O CEO da operação norte-americana da Marfrig, Tim Klein, disse à Reuters que o grande driver de crescimento nos Estados Unidos continua sendo o amplo suprimento de gado --cenário oposto ao visto no Brasil, que passa por restrição--, e a expectativa é que a oferta siga elevada até o primeiro semestre do ano que vem.
"É um excesso (de animais) que não foi processado em 2020 e não achamos que vamos utilizar todo esse gado até o final de 2021", afirmou em entrevista por videoconferência.
Ele lembrou que o avanço da vacinação contra a Covid-19 nos EUA tem contribuído para a retomada do funcionamento de bares e restaurantes e a demanda interna daquele país está muito aquecida, representando 87% das receitas da operação americana.
"Nossa perspectiva é que a demanda continue forte... Estamos operando com 100% de utilização da capacidade na indústria e estamos processando tanto gado quanto for possível", acrescentou Klein, sobre a atuação da controlada pela Marfrig nos EUA, National Beef.
No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida da operação norte-americana atingiu 12,7 bilhões de reais (2,3 bilhões de dólares), o que representa um avanço de 30,1% ante o mesmo período de 2020. O lucro bruto alcanço 1,85 bilhão de reais, 75,3% de crescimento na comparação anual.
"A performance é recorde para o período", destacou a companhia.
Graças a este cenário, a América do Norte representou 73% da receita total da Marfrig no trimestre. O Ebitda ajustado da operação nos EUA foi de 1,5 bilhão de reais, 87,5% superior ao registrado no primeiro trimestre do ano passado, representando 89% do Ebitda total da companhia no período.
AMÉRICA DO SUL
Marcada pelo avanço da pandemia do coronavírus, pela escassez de gado e aumento de preços da arroba bovina, a conjuntura do setor de carnes no Brasil foi o ponto mais desafiador para a Marfrig no trimestre.
A receita líquida da operação América do Sul subiu 21,4% no período, para 4,57 bilhões, contando com auxílio das exportações e do desempenho das unidades da empresa localizadas no Uruguai e Argentina, ressaltou à Reuters o CEO da unidade sul-americana, Miguel Gularte.
Segundo a companhia, as exportações representaram 60% das receitas da operação América do Sul da Marfrig. Os maiores mercados continuam sendo a China e Hong Kong, que responderam por 64% das vendas internacionais da empresa.
Ainda assim, o Ebitda ajustado da operação caiu 54,6% no trimestre, ante igual período de 2020, para 211 milhões de reais. A margem Ebitda recuou de 12,3% para 4,6%.
"Foi um trimestre desafiador, mas temos boas expectativas", afirmou Gularte, ao citar que espera para os próximos meses alguma melhora para a oferta de gado, crescimento na demanda pela China e bom desempenho para produtos de maior valor agregado.
"Trabalhamos também com possibilidade de mais fábricas habilitadas para (exportar aos) EUA... Calculo que esse processo tenha o ápice nos próximos dois meses", estimou. Segundo o CEO, três das 11 plantas da empresa no Brasil estão em estágio avançado de habilitação pelos norte-americanos.
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