Exame Logo

Juros para empresas atingem maior taxa em dois anos

Os aumentos na Selic, a taxa básica de juros da economia, já estão apertando o crédito para as empresas. Segundo levantamento realizado pelo Banco Central, os juros cobrados das pessoas jurídicas chegaram a 34,53% ao ano em janeiro, alta de 3,6 pontos percentuais em relação a dezembro. É a maior taxa nos últimos dois anos. […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Os aumentos na Selic, a taxa básica de juros da economia, já estão apertando o crédito para as empresas. Segundo levantamento realizado pelo Banco Central, os juros cobrados das pessoas jurídicas chegaram a 34,53% ao ano em janeiro, alta de 3,6 pontos percentuais em relação a dezembro. É a maior taxa nos últimos dois anos. Além do mais, aumentos nos juros para as pessoas jurídicas não são comuns nessa época do ano, quando as empresas costumam reduzir a busca por capital. Tradicionalmente, os pedidos de crédito recuam em janeiro, depois do Natal e antes do Carnaval. No mês passado, essa queda chegou a 7,3% em relação a dezembro.

O relatório do BC considera o aumento uma resposta do mercado à alta da Selic em janeiro. O mercado também trabalha com a expectativa de novos aumentos na taxa, o que deve dificultar o crédito ainda mais. Os contratos de certificados de depósito interbancário (DI) negociados na (Bolsa de Mercadorias & Futuros) BM&F sinalizam novas altas na Selic.

Veja também

Os primeiros a sentir os efeitos das mudanças serão as pequenas e médias empresas. Analistas de mercado estimam que as grandes instituições tendem a aumentar as exigências desses clientes. Já as instituições financeiras menores podem ter dificuldade para manter algumas linhas. Com menos dinheiro para colocar a disposição do crédito, os bancos tendem a ser mais seletivos , diz Rodrigo Indiani, analista da Austin Asis, consultoria especializada no setor financeiro. Em janeiro, o levantamento do BC indica que a maior parcela do crédito foi concedido a grandes empresas.

A taxa média cobrada das empresas ainda é bem inferior à cobrada pessoas físicas (82,75%). A diferença, dizem os bancos, justifica-se pelo nível de inadimplência de quem toma o empréstimo. Enquanto a inadimplência acima de 15 dias atingiu cerca de 15% das operações voltadas às pessoas físicas no ano passado, ela ficou em 4% no crédito para pessoas jurídicas no mesmo prazo. Mesmo assim, o valor dos juros ainda é alto para o setor privado.

As taxas mensais efetivas para o hotmoney (empréstimos de curtíssimo prazo, como os concedidos de um dia para o outro), por exemplo, oscilam hoje entre 1,49% e 8,49%, sem incluir os encargos. No caso de empréstimos para capital de giro, os juros chegam a 8%. Para o desconto de duplicatas, estão entre 1,51% e 9,80%.

Apesar de cumprirem com mais rigor o pagamento das contas, as empresas não estarão livres de uma nova alta nos juros do crédito, sinalizada na semana passada por mais um aumento da Selic para 26,5% ao ano e pela elevação do compulsório de 45% para 60%. As instituições de crédito já começam a rever as taxas e quem não alterou os juros avisa aos clientes que um aumento pode ser aplicado nas próximas semanas.

Segundo levantamento do Banco Central, o volume de crédito em 2002 representou 24% do PIB, mas apenas metade dos recursos correspondia ao chamado crédito livre aquele oferecido pelos agentes financeiros com taxa negociada entre as partes. As empresas ficaram com a maior parcela dos recursos, 64% dos 213 bilhões de reais ofertados.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame