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Investimento é voto de confiança no Brasil, diz Eli Lilly

O médico italiano Lorenzo Tallarigo é, desde 1999, o presidente para operações intercontinentais do grupo Eli Lilly. Nessa função, responde pelo comando operacional do laboratório em todos os países do mundo, excetuando os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Prestes a visitar o Brasil, em novembro, Tallarigo concedeu à EXAME, por e-mail, a seguinte entrevista […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O médico italiano Lorenzo Tallarigo é, desde 1999, o presidente para operações intercontinentais do grupo Eli Lilly. Nessa função, responde pelo comando operacional do laboratório em todos os países do mundo, excetuando os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Prestes a visitar o Brasil, em novembro, Tallarigo concedeu à EXAME, por e-mail, a seguinte entrevista a respeito do momento atual do Lilly:

EXAME - O Lilly se recuperou da perda da proteção à patente do Prozac nos Estados Unidos?

Lorenzo Tallarigo - Sim. Temos sido capazes de conquistar algo que nenhuma outra empresa do setor conseguiu, que é absorver a perda de receita de um produto carro-chefe em venda e voltar a ter crescimento saudável sem recorrer a uma fusão ou aquisição. Não tem sido fácil fazer isso, mas o crescimento de nossas receitas testemunha a força de nossos novos produtos e a determinação de nossos funcionários.

EXAME - Por que o Lilly se recusou a fazer uma fusão ou aquisição? Não é muito arriscado permanecer sozinho num mercado em que os concorrentes se tornam cada vez maiores?

Tallarigo - Muitos estudos mostram que simplesmente se tornar maior não é o que cria valor sustentado para os acionistas. O que cria valor é a inovação. É nisso que o Lilly tem excelência. Nós nos orgulhamos de ter a mais produtiva área de pesquisas do setor farmacêutico, e isso tem pouco a ver com tamanho. O Lilly tem apenas 6% da soma dos orçamentos de pesquisa e desenvolvimento dos maiores laboratórios. Mas, quando os analistas do setor projetam o valor total combinado dos produtos em estágio final de desenvolvimento calculamos que a participação do Lilly supere os 11%.

No Brasil, planejamos lançar oito novos produtos nos próximos três anos. São medicamentos que objetivam reduzir significativamente as necessidades de cuidados com a saúde e dizimar doenças como o câncer, doenças mentais e diabetes. Todos os novos medicamentos têm potencial de ser os pioneiros ou melhores de suas categorias ou ambas as coisas. Esse é o tipo de inovação que gera valor, tanto para os pacientes quanto para nossos acionistas.

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EXAME - Quais são os maiores desafios do Lilly hoje?

Tallarigo - Nosso desafio fundamental no mundo todo é o de colocar nossos produtos inovadores nas mãos das pessoas que precisam deles. Obviamente há muitos obstáculos para conseguir isso, incluindo desde controles de preço até pressões competitivas. Mas o caminho para superar os obstáculos é sempre o mesmo: demonstrar o valor de nossos medicamentos para os pacientes, para os profissionais de saúde, para as instituições que cuidam da saúde e, em última análise, à sociedade como um todo. Se pudermos mostrar consistentemente que cuidar da saúde com alta qualidade e inovação é um investimento inteligente, seremos bem-sucedidos.

Há uma outra prioridade. Não é necessariamente um desafio mas é algo que devemos manter a frente de tudo o que fazemos. Essa prioridade é funcionar como uma empresa ética e socialmente responsável. Como sou médico por formação e acredito fortemente na ética do antes de tudo, não ferir ninguém , isso é pessoalmente muito importante para mim. E é uma das razões pelas quais eu me sinto satisfeito em representar o Lilly, que sempre fez negócios seguindo um rigoroso código de valores. Estou especialmente orgulhoso do Lilly Brasil e suas muitas contribuições caridosas e programas de trabalho voluntário para a comunidade.

EXAME - Que países apresentam os melhores cenários para o crescimento da indústria farmacêutica?

Tallarigo - O Lilly vende seus produtos para mais de 150 países, do mais rico a alguns dos mais pobres do mundo. Em termos de necessidades de cuidados com a saúde, acredito que as semelhanças entre esses países superam a diferenças. Todo consumidor procura a mesma coisa, isto é, produtos de qualidade que supram necessidades não atendidas por um preço aceitável. Isso é precisamente o que trabalhamos para entregar, e, como resultado, acreditamos que nossas oportunidades praticamente não tenham fronteiras. Em termos práticos, todavia, posso dizer que estamos sempre mais propensos a investir nos países cujos governos criam políticas públicas e ambiente favorável às inovações.

EXAME - Quais seriam os principais tópicos de uma boa política de desenvolvimento do mercado farmacêutico em um país emergente? Que países têm essa política?

Tallarigo - Os contornos de um ambiente pró-inovação incluem proteção à propriedade intelectual, harmonização regulatória, precificação baseada no mercado e sistemas de financiamento à saúde que sejam ao mesmo tempo transparentes e saudáveis. Além disso, defendemos o estabelecimento de vínculos formais e efetivos entre as autoridades que regulam a saúde e as que cuidam da propriedade industrial, para assegurar que cópias ilegais de produtos patenteados não sejam permitidas no mercado. Muitos países, embora tenham partido de pontos diferentes, estão se movendo numa direção positiva em uma ou mais das áreas que mencionei. Entre eles, eu incluiria China, Índia, Cingapura, México, Colômbia e Jordânia. O Brasil tem uma lei de patentes bastante razoável, o que é estimulante, e temos a esperança de que essa lei seja reforçada.

EXAME - Como vê as mudanças que ocorreram no mercado brasileiro nos últimos cinco anos? O Brasil ficou menos atraente para os investidores?

Tallarigo - Os desafios dos últimos anos têm sido difíceis para todo mundo, e isso inclui o Lilly. Estamos reestruturando nosso negócio no Brasil, e certamente fatores externos como desvalorização da moeda, questões de preço e competição com os medicamentos genéricos influenciaram a decisão. Mas há também forças positivas por traz da estratégica que estamos chamando de Novo Lilly Brasil . Isso inclui o que percebemos como um compromisso crescente dos setores público e privado no Brasil de investir em inovação dos cuidados com a saúde.

EXAME - O Lilly perdeu dinheiro no Brasil? Como avalia a mudança de estratégia da empresa no país?

Tallarigo - Chegamos muito perto de sofrer uma perda operacional. Portanto, a reestruturação é necessária para reorientar nosso negócio e nos posicionar de modo a ter um futuro mais promissor. Nossos investimentos contínuos em novos produtos, pessoas, manufatura, pesquisa clínica e em outras áreas representam um voto de confiança no futuro do Brasil. Queremos ter uma presença importante no país de fato, pretendemos estar entre os 15 maiores laboratórios do Brasil em 2006. Porém, como Philipe Prufer, o presidente do Lilly Brasil, costuma dizer, estamos apenas no meio da ponte. Ainda temos um longo caminho pela frente.

EXAME - Qual é o objetivo de sua visita ao Brasil?

Tallarigo - Toda vez que visito uma subsidiária do Lilly meu objetivo é encontrar consumidores e autoridades de governo para aprender como podemos trabalhar com eles de forma mais efetiva e como atender suas necessidades. O lema do Lilly é respostas que fazem diferença , e o único jeito de proporcionar isso é sair para ouvir os clientes. Mas há uma outra razão importante para eu visitar o Brasil, que é celebrar com nossos funcionários os 50 anos que completamos fazendo negócios em São Paulo.

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