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Ibovespa sobe 1% com Vale e fecha fevereiro em alta

Índice acumula três meses consecutivos de ganhos; bolsas internacionais tem dia de ganhos com esperanças sobre alívio de tensões na Ucrânia

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 18h22.

Ibovespa hoje: o principal índice da B3 ganhou força nos últimos minutos de pregão e fechou esta sexta-feira, 25, em alta de 1,39%, aos 113.141 pontos. O movimento acompanhou o cenário externo de maior apetite ao risco e foi impulsionado, principalmente, pela forte valorização das ações da Vale (VALE3), papel com maior peso no índice.

Com a alta, o índice se recuperou das recentes quedas e conseguiu fechar fevereiro em alta de 0,88%. Com o resultado, o índice acumula três meses consecutivos de ganhos.

No exterior, as bolsas da Europa chegaram a subir mais de 3% nesta sexta, com destaque para o índice Moex, da Rússia, que subiu mais de 20%, após ter desabado 33% no último pregão. 

Os mercados reagiram positivamente após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sinalizar desistência do interesse de se aliar à Otan – razão apontada como estopim para escalada do conflito nos últimos meses. Na sequência da declaração, a Rússia afirmou estar disposta a negociar com a Ucrânia, segundo um porta-voz do Kremlin, reacendendo as expectativas de resolução do confronto.

Vale destacar que a recuperação do mercado dos EUA teve início ainda na véspera, após o presidente americano Joe Biden descartar o envio de tropas à Ucrânia e anunciar novas sanções econômicas à Rússia.

  • Moex (Rússia): + 20,04%
  • Stoxx 600 (Europa): + 3,32%
  • S&P 500 (EUA): + 2,24%

Apesar dos sólidos movimentos de alta no exterior, o investidor brasileiro mantém certa cautela antes do feriado do Carnaval, que irá interromper as negociações por quatro dias na B3. O movimento foi observado principalmente no câmbio.

Em meio à instabilidade global, com muitas incertezas sobre os desdobramentos da crise na Ucrânia, parte dos investidores têm buscado maior proteção. Com isso, o dólar comercial subiu pelo segundo dia seguido. Ainda assim, a cotação fechou fevereiro em queda de 2,81% – no ano, a moeda americana recuou 6,47% contra o real

Destaques de ações

O maior destaque do dia foram os papéis da Vale (VALE3), que apresentou seu balanço do quarto trimestre na última noite. As ações da companhia abriram em queda, chegando a cair quase 2%, mas viraram para cima, com investidores atentos à teleconferência com executivos. A reação dos papéis, que representam quase 16% do Ibovespa, foi crucial para que o índice reduzisse as perdas, que chegaram a quase 1% nesta manhã.

  • Vale (VALE3): + 5,42%

A mineradora registrou lucro líquido aos acionistas de 5,427 bilhões de dólares no quarto trimestre contra 739 milhões de dólares no mesmo período do ano anterior. A receita ficou em 13,105 bilhões de dólares. A Vale ainda anunciou pagamento de 3,5 bilhões de dólares em dividendos, representando 3,7018 reais por ação.

"O dividendo veio abaixo da nossa expectativa. Esperávamos 4 bilhões de dólares. Não foi um número fraco, mas teria espaço para pagar mais. Há uma postura de maior cautela da companhia em relação ao cenário de minério de ferro, que caiu muito no ano passado, mas vem se recuperando neste início de ano", disse Marcel Zambello, analista do BTG Pactual no programa Abertura de Mercado desta sexta.

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A remuneração aos acionistas foi tema da conversa com investidores. O CFO da Vale, Gustavo Pimenta, disse ver potencial de retorno de caixa aos acionistas, segundo a Bloomberg, e que a distribuição de caixa será diluída ao longo do ano.

Impulsionadas pelo resultado da Vale, as siderúrgicas ficaram entre os maiores destaques de alta do dia. CSN (CSNA3) liderou os ganhos.

  • CSN (CSNA3): + 6,81%
  • Gerdau (GGBR4): + 4,86%
  • Usiminas (USIM5): + 3,23%

Dia também de ganhos para as ações associadas ao petróleo, mesmo com a queda da commodity. A melhora do ambiente externo se refletiu no preço do petróleo, que foi negociado em queda, após bater o maior patamar desde 2014 na quinta-feira, 24. Apesar do movimento, investidores seguem comprando ações do setor, que tem sido um dos escapes contra os riscos do conflito no Leste Europeu. 

Ações da PetroRio (PRIO3) e 3R (RRRP3) ficaram entre as maiores altas desta sexta, que marca o último pregão antes da pausa para o Carnaval. As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) também fecharam o dia em terreno positivo.

  • 3R (RRRP3): + 5,64%
  • PetroRio (PRIO3): + 3,86%
  • Petrobras (PETR3): + 1,85%
  • Petrobras (PETR4): + 1,84%
  • Petróleo Brent: - 0,38%, a 98,70 dólares o barril

Voltando à temporada de balanços, outro resultado que fez preço nesta sexta foi o da Hypera (HYPE3), que ficou entre as maiores altas do Ibovespa. A empresa, das marcas Benegripe e Rinosoro, registrou receita líquida de 1,626 bilhões de reais no quarto trimestre, 43% acima do apresentado no mesmo período de 2020. O lucro das operações continuadas cresceu 12,6% para 366 milhões de reais.

"Mesmo com a preocupação sobre as margens da companhia, já que ela tem receita em real e custo em dólar, as recentes aquisições e a capacidade da empresa em repassar preço a companhia se prova como um belo case de execução que mesmo em momentos adversos consegue entregar ótimos resultados", disse a equipe da Levante, em nota.

  • Hypera (HYPE3): + 2,79%

Na ponta negativa, a resseguradora IRB Brasil (IRBR3) caiu mais de 3%, após apresentar prejuízo líquido de 370,9 milhões de reais ante consenso da Bloomberg de perdas de 93 milhões de reais no quarto trimestre. "O prejuízo líquido da companhia foi negativamente impactado primordialmente pelos sinistros, que foram 53,7% superiores aos do ano anterior", disse a empresa.

  • IBR Brasil (IRBR3): - 3,17%

O maior destaque de queda, no entanto, fica novamente com a Qualicorp (QUAL3), que na véspera já havia recuado quase 15%. Os papéis reagem à compra da SulAmérica (SULA11) pela Rede D’Or (RDOR3), anunciada na noite de quarta-feira. 

  • Qualicorp (QUAL3): - 7,15%

A rede hospitalar detém cerca de 30% da Qualicorp e é sua maior acionista. A grande questão com a operação é que existe uma resolução da ANS, a Agência Nacional de Saúde, determinando que administradores de benefícios e operadoras de planos de saúde não podem fazer parte do mesmo grupo.

Ainda não confirmado se a participação acionária da Rede D’Or na Qualicorp seria um impeditivo regulatório, mas a expectativa traz volatilidade para as ações.

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