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HSBC mostra ser difícil o sucesso de banco mundial no Brasil

Os executivos do banco cometeram erros de estratégia, e a saída dele do mercado brasileiro reflete a tendência de compra de empresas pela concorrência

HSBC (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

HSBC (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2015 às 11h33.

São Paulo - Os executivos do HSBC no Brasil privilegiaram as relações com o cliente em detrimento da rentabilidade, mantiveram excesso de pessoal e falharam em proteger os lucros contra a deterioração da economia nos últimos anos.

Além disso, erros de estratégia e a crescente concorrência transformaram a unidade num problema para o banco com sede em Londres. Agora, a hora do acerto de contas chegou.

O presidente mundial do grupo, Stuart Gulliver, prometeu dividendos maiores ao anunciar nesta terça-feira planos de cortar cerca de 20 por cento dos postos de trabalho no mundo.

Como parte do plano, vai vender as unidades do HSBC na Turquia e Brasil, que juntos têm mais de 21 mil empregados.

No Brasil, o processo de saída está bastante avançado, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto e pode envolver de 3 bilhões a 4 bilhões de dólares.

Para Gulliver, a manutenção de um negócio caro responsável por só 7 por cento das receitas e 1 por cento do lucro antes de impostos não faz sentido.     

A saída do HSBC reflete a tendência de consolidação no setor bancário, com grandes bancos devorando rivais num cenário econômico mais difícil", disse Claudio Gallina, chefe da área de instituições financeiras da Fitch no Brasil.

A situação também destaca o impacto da intervenção do governo no setor bancário desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff instruiu os bancos estatais a reduzir os custos de empréstimos e intensificar a concorrência.

Os maiores bancos privados do Brasil recuaram, preferindo proteger os lucros e o HSBC "foi pego de jeito", disse a fonte.

A gestão não conseguiu elevar a receita com empréstimos, o lucro ficou abaixo da média do mercado e os calotes superaram a média dos rivais. As despesas ficaram acima da inflação, o que diminuiu a eficiência, disse Tito Labarta, do Deutsche Bank.

Vários altos executivos saíram, incluindo o ex-presidente Conrado Engel, que se juntou ao Santander Brasil.

Em 2014, o retorno sobre o patrimônio líquido foi negativo em 4,2 por cento, ante número positivo de 15,5 por cento em 2011, já abaixo da média de 20 por cento dos maiores rivais.

O fato de ter tido desempenho inferior explica por que o HSBC vale apenas o patrimônio, diz o analista Eduardo Nishio, do Brasil Plural. Desde 2012, o HSBC cresceu menos que os rivais, minguando até ter apenas 2,3 por cento dos ativos bancários, 10 vezes menos do que o líder Banco do Brasil.     

Esta semana, a Bloomberg informou que o Bradesco fez o maior lance pelo HSBC, de 14 bilhões de reais em dinheiro. Itaú e Santander Brasil fizeram ofertas menores.

"Um novo operador internacional não seria capaz de implementar eficiências operacionais semelhantes, pelo menos em termos de número de funcionários e de escala", disse uma fonte.

Itaú, Santander Brasil e Bradesco não quiseram comentar.

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