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Governo teve atuação decisiva na destituição de executivo da Varig

O governo teve um papel fundamental na destituição, ontem (25/3), de Yutaka Imagawa da presidência do conselho da FRB Participações, holding que agrega todas as empresas do grupo Varig. A saída do executivo, que também é presidente da Fundação Rubem Berta - controladora da companhia com 87% do seu capital - foi decidida pela manhã, […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O governo teve um papel fundamental na destituição, ontem (25/3), de Yutaka Imagawa da presidência do conselho da FRB Participações, holding que agrega todas as empresas do grupo Varig. A saída do executivo, que também é presidente da Fundação Rubem Berta - controladora da companhia com 87% do seu capital - foi decidida pela manhã, quando quatro dos sete curadores da fundação votaram por sua destituição. A Varig deve anunciar amanhã (26/3) o novo diretor financeiro da empresa. Segundo fontes do mercado, o indicado deverá ser um ex-diretor do Banco Central.

Imagawa era apontado como o homem forte da fundação que impedia a reestruturação da empresa. Foi ele, por exemplo, o responsável pela saída da Arnim Lore da presidência da Varig, em outubro do ano passado, ao recusar-se a aceitar o plano de reestruturação da empresa proposto pelos credores.

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De lá para cá a situação da Varig só piorou. Os números da empresa são dramáticos. A dívida é de 2,8 bilhões de reais e o patrimônio líquido está negativo em 1,5 bilhão de reais. Pior: A companhia só vem registrando prejuízos em seus balanços. Até setembro de 2002, ele foi de 2,48 bilhões de reais.

No começo deste ano, a situação da empresa piorou drasticamente com a decisão de muitos credores de não tolerar mais atrasos nos seus pagamentos. A GE, fabricante de turbinas, retirou seis aviões da Varig. A companhia enfrentou também situações humilhantes como a apreensão de dois de seus aviões em aeroportos da França e dos Estados Unidos por falta de pagamento.

Imagawa vinha tentando negociar uma saída para empresa que passava basicamente por um socorro financeiro do governo. Só que tanto o ministro da Casa Civil, José Dirceu, que está empenhado em fazer uma fusão entre Varig e Tam, e o da Defesa, José Viegas, começaram a dar claros sinais à fundação de que não negociariam com Imagawa no comando. A situação começou a causar mal estar entre os outros curadores que queriam uma saída para a companhia. Eles então começaram a pressionar o executivo para deixar o cargo. "Com o Imagawa na presidência do conselho da FRBpar as negociações com o governo não iam avançar", diz um deles.

Um diretor da Varig explicou que o governo não disse claramente que não negociaria com Imagawa. No entanto, começou a fazer uma série de pressões demonstrando que as conversas não avançariam com ele na empresa. Uma das maiores pressões veio da Petrobras que só passou a fornecer combustível para a Varig mediante pagamento à vista. A companhia aérea pagou tudo o que devia à petrolífera, mas mesmo assim não conseguiu prazo para quitar o combustível. Os executivos da Varig chegaram a mandar uma carta para o governo protestando contra o comportamento da Petrobras, já que todas as outras empresas aéreas têm o prazo garantido.

A resposta do presidente da Petrobras Distribuidora, Rodolfo Landim, foi de que só venderia a gasolina a prazo caso recebesse um fax do ministro José Dirceu ou da ministra Dilma Russef, das Minas e Energia. O fax nunca chegou à sua mesa e, portanto, o aperto sobre a Varig continuou. Para nós estava muito claro que ou tirávamos o Imagawa ou a Varig pararia de respirar , diz um diretor empresa. Qualquer negociação passa pelo governo e, portanto, tínhamos que ceder a algumas exigências."

A saída de Imagawa, segundo este mesmo diretor, poderá recuperar a credibilidade da companhia junto aos credores e ao governo. Espera-se também que sua saída facilite o acordo de fusão com a TAM. Ontem, porém, Luciano Coutinho, do Banco Fator - que elabora um plano de reestruturação da TAM para agilizar a fusão - esteve em uma reunião na Casa Civil. A reunião, com os ministros José Dirceu, José Viegas e o presidente da Petrobras, José Eduardo, no entanto, pouco avançou. Não foi uma reunião muito proveitosa , disse um dos participantes.

Os boatos durante todo o dia de ontem eram de que Imagawa estaria prestes a renunciar à presidência da Fundação Rubem Berta e se aposentar da Varig. Ele ficou muito enfraquecido com a decisão dos curadores , diz um diretor da empresa. Foi praticamente colocado para fora da companhia."

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