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Gol avança sobre mercado doméstico e TAM destaca-se no exterior

Na disputa pelo espólio da combalida Varig, as duas maiores companhias aéreas do país mostram força em mercados distintos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Na disputa pelo espólio da combalida Varig, as duas maiores companhias aéreas do país mostram força em mercados distintos. Enquanto a Gol cresce em ritmo acelerado nas rotas domésticas, a TAM apresenta maior expansão nos vôos internacionais. Para os especialistas em setor aéreo, a experiência anterior de cada companhia e sua estratégia de negócios explicam os resultados.

De acordo com o último relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), relativo ao primeiro semestre, praticamente todo o mercado perdido pela Varig nas rotas domésticas e internacionais foi absorvido pela Gol e pela TAM, mas com ênfases distintas. No mercado interno, o destaque ficou para a Gol, cuja participação de mercado avançou 6,76 pontos percentuais, para 30,18%, no critério de números de assentos ofertados por quilômetro (ASS); e 6,51 pontos, para 31,38%, no critério de passageiros pagantes (PAX).

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Embora líder nas rotas domésticas, o crescimento da TAM foi menor. A participação de mercado da companhia subiu 2,21 pontos percentuais, para 43,67%, no critério ASS; e 4,08 pontos, para 44,83%, no critério PAX. A diferença no ritmo de expansão das duas empresas aproximou ainda mais a Gol da TAM. No primeiro semestre de 2005, a TAM estava 18,04 pontos percentuais à frente da concorrente, pelo critério ASS. No final do mês passado, a diferença havia caído para 13,18 pontos.

Vôos internacionais

A situação é a inversa nas rotas para o exterior. Nesse mercado, a TAM está avançado em ritmo bem mais intenso que o de seu maior rival. Na comparação entre os primeiros semestres de 2005 e 2006, a participação de mercado da empresa fundada em Marília, interior de São Paulo, cresceu 7,57 pontos percentuais, para 24,66% (ASS), e 9,6 pontos, para 25,65% (PAX).

A Gol também avançou, mas numa velocidade bem menor: 2,74 pontos, para 4,88% (ASS); e 2,51 pontos, para 4,43% (PAX). Com isso, a diferença entre as participações de mercado das companhias, que era de 14,13 pontos percentuais (PAX), se aprofundou e fechou o semestre em 21,22 pontos.

Reflexo das estratégias

Os números da Anac também mostram que praticamente todo o avanço das duas companhias ocorreu sobre o mercado que a Varig deixou de atender, tanto no mercado interno, quanto no exterior. No primeiro semestre, a Varig deteve 16,64% de participação nas rotas domésticas (PAX), o que representa uma queda de 10,81 pontos percentuais em relação mesmo período de 2005. Desse total, TAM e Gol absorveram 10,59 pontos percentuais.

O mesmo ocorreu nos vôos internacionais. A empresa gaúcha fechou o semestre com participação de 67,61% pelo critério PAX, com perda de 11,77 pontos. As duas concorrentes avançaram 12,11 pontos - o que indica que não só absorveram a demanda deixada pela Varig, mas também avançaram sobre outros concorrentes.

Para a economista Amaryllis Romano, da consultoria Tendências, e especialista no setor aéreo, a diferença de resultados nos mercados interno e externo reflete os distintos pontos de partida das empresas para competir entre si. Sendo uma empresa mais antiga, a TAM já possuía uma fatia estável de mercado quando a Gol começou a operar rotas domésticas. Era mais fácil para a Gol conquistar espaço do que para a TAM, que já estava consolidada. Além disso, apostando no modelo de baixo custo e baixas tarifas, a Gol contribuiu para formar mercado, ao permitir que pessoas voassem pela primeira vez.

Já no exterior, a TAM mantém a vantagem por ter iniciado as operações há mais tempo, cobrir mais destinos e ter uma estratégia mais elástica de atuação, que lhe permite vôos transoceânicos, por exemplo. A Gol, em contrapartida, já afirmou publicamente que sua intenção é investir na América do Sul, pois seu modelo de negócios é mais competitivo para este tipo de vôo do que para outros continentes.

Demanda

Os números da Anac também mostram que a TAM está mais focada em aumentar a demanda por seus vôos do que em ampliar a oferta de assentos. No primeiro semestre, a fatia de mercado da empresa no mercado doméstico, pelo critério de passageiros pagantes, cresceu 4,08 pontos, para 44,83%, contra 2,21 pontos no critério de oferta de assentos (ASS), que ficou em 43,67%. O mesmo ocorreu nas rotas internacionais, com a participação crescendo 9,6 pontos, para 25,65% (PAX), e 7,57 pontos, para 24,66% (ASS).

Pelos dados da Anac, a estratégia da Gol é oposta. A empresa parece apostar na ampliação do número de assentos ofertados, pois sua participação de mercado cresceu mais rápido neste critério que no de demanda efetiva. Pelo critério ASS, o incremento foi de 6,76 pontos percentuais no Brasil e de 2,74 pontos no exterior, para 30,18% e 4,88%, respectivamente. Já no critério PAX, a evolução foi de 6,51 pontos (para 31,38%, rotas domésticas), e de 2,51 pontos (para 4,43%, rotas externas).

Segundo Amaryllis, da Tendências, no mercado aéreo, as estratégias mais aconselhadas são as que investem no aumento da demanda, a afim de elevar a taxa de ocupação das aeronaves e reduzir os custos operacionais. A ocupação média dos vôos domésticos, no primeiro semestre, foi de 71%. A Gol registrou ocupação de 74%, ante 73% no mesmo período de 2005. Já a TAM ficou com 73%, contra 68% na comparação.

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