Gávea Investimentos negocia venda de fatia na Azul, dizem fontes
Segundo fontes, a Gávea quer vender sua participação na Azul e os atuais acionistas devem comprar a fatia
Luiza Calegari
Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 14h17.
A gestora de ativos brasileira Gávea Investimentos negocia a venda de sua participação na Azul Linhas Aéreas Brasileiras, segundo duas pessoas com conhecimento direto do assunto.
Os atuais acionistas da Azul planejam exercer o direito de comprar a participação da Gávea na terceira maior companhia aérea do Brasil, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o assunto não é público e as negociações estão em andamento.
Não está claro quanto a Gávea possui na Azul, mas sua participação na empresa foi avaliada em R$ 212,5 milhões (US$ 61,9 milhões) em junho, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Entre os demais investidores da Azul estão David Neeleman, que fundou a JetBlue Airways antes de criar a Azul, e o conglomerado chinês HNA Group, que possui participação de 24 por cento. A United Continental, empresa aérea com sede em Chicago, EUA, adquiriu uma participação de 5 por cento no ano passado por US$ 100 milhões.
A Gávea, a Azul, a United e a HNA preferiram não comentar.
A Gávea foi uma das investidoras originais da startup com sede em São Paulo quando ela começou a operar, em 2008. A empresa está de saída após a longa espera por uma venda de ações da Azul em uma oferta pública inicial, processo adiado nos últimos anos devido aos tombos do mercado brasileiro de ações.
A empresa aérea informou em outubro, quando o Ibovespa registrou alguns dos melhores retornos do mundo, que estava acompanhando o mercado de perto para determinar o melhor momento para um IPO. A Azul ainda não estabeleceu prazo para a oferta, disse uma das pessoas, acrescentando que a aérea não tem pressa de vender ações, considerando a volatilidade recente gerada pelos resultados das eleições nos EUA.
Com sede no Rio de Janeiro, a Gávea, que tem como um de seus fundadores o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, possuía cerca de US$ 4,7 bilhões sob gestão em outubro, segundo seu website. A empresa mantém a participação na Azul por meio do fundo GIF II-FIP.
A exemplo de concorrentes brasileiras como a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, a Azul reduziu sua frota para se ajustar à demanda menor em meio a dois anos de recessão. Os passageiros-quilômetros transportados da Azul, um indicador de tráfego, caíram 5,2 por cento em outubro em relação ao ano anterior, contra um declínio de 5,6 por cento do mercado doméstico como um todo, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os quilômetros por assento disponível, um indicador de capacidade, caíram 5,8 por cento. A participação de mercado da Azul ficou estável em cerca de 17 por cento.