Exame Logo

Frota e capacidade de investimento são maiores desafios da Varig

Com a situação regularizada junto à Anac, companhia precisa renovar a frota para se recuperar seu espaço, mas especialistas duvidam de seu fôlego financeiro

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Regularizar a situação junto aos órgãos públicos não é o maior desafio da Varig, que conseguiu sobreviver à forte crise que a arrastou para o processo de recuperação judicial, pôs em risco seus slots (horários de pouso e decolagem nos aeroportos), reduziu drasticamente sua fatia de mercado e arranhou sua imagem entre os consumidores. Após receber, nesta quinta-feira (14/12), o Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta), na sede da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em Brasília, a Varig tem um desafio muito maior - voltar a crescer e retomar o espaço perdido para suas principais concorrentes, a TAM e a Gol. Mas a tarefa não será tão fácil, de acordo com os especialistas. Para ser bem-sucedida, a Varig precisa rapidamente renovar sua frota, mas enfrenta dois problemas: falta de oferta de bons aviões no mercado, e dúvidas sobre sua capacidade de investimento.

A companhia mostra-se consciente do que virá. Após o leilão de venda, no qual a companhia foi arrematada pela sua ex-controlada VarigLog, havia apenas duas aeronaves em sua frota. Cinco meses depois, a empresa soma 18 aeronaves - 15 Boeing 737/300, dois MD 11 e um Boeing 767. Embora mostre um rápido ritmo de expansão, o número de aeronaves ainda está bem atrás dos líderes de mercado. A Gol conta, atualmente, com 65 aviões. Já a TAM possui 94.

Veja também

Durante a cerimônia de entrega da Cheta - documento que atesta o cumprimento das normas, requisitos, regulamentos e padrões estabelecidos pela agência, bem como as normas emitidas pela Organização Internacional de Aviação Civil -, o presidente da Varig, Guilherme Laager, disse que a empresa poderá agora iniciar seus planos de expansão. "Estamos aqui, recomeçando com toda a força e com a legitimidade de uma marca que sempre foi e ainda é a verdadeira embaixada para os brasileiros em qualquer lugar do mundo", anunciou Laager.

Ceticismo

Os analistas, no entanto, não estão tão otimistas quanto o presidente e lembram que ainda existe um longo caminho pela frente, além de questões trabalhistas para essa recuperação. "Fora a simpatia pela marca, ela não tem fatores chaves para ser competitiva no curto prazo. Eles não têm como investir em uma frota moderna, como fizeram a Gol e a TAM", afirma André Castellini, sócio e consultor da Bain & Company.

Outro especialista em aviação, que prefere não se identificar, afirma que a Varig conseguiu hoje o tripé necessário para funcionar. Para ele, a empresa tem como vantagem uma marca boa, apesar de um pouco deteriorada, as linhas que conseguiu preservar através de um processo judicial e agora está tem oficialmente autorização para funcionar com a Cheta. Mesmo assim, ele afirma que são necessários grandes investimentos para a companhia voltar a ter a participação que tinha no mercado. "Não estou certo se os novos donos têm condições de investir", diz, lembrando de outras companhias que ainda não deslancharam por falta de grandes investimentos, como a Webjet.

Já o advogado Thomas Felsberg, especialista em recuperação judicial que participou do processo de reestruturação da companhia, acredita que mesmo com o crescimento da TAM e da Gol, ainda há bastante espaço para a Varig. "As outras empresas ainda não conseguiram preencher o vácuo deixado por ela no mercado de vôos internacionais", afirma. Ele ainda lembra da possibilidade de criar rotas para alcançar os clientes de conexão de companhias estrangeiras.

Castellini discorda. "Investir no mercado internacional é difícil neste momento porque a Varig teria que contar com o apoio dos credores já que ela perdeu os aviões que tinha", diz. Segundo o consultor, a saída para a empresa é investir nos slots de Congonhas que ela conseguiu manter na justiça, já que as outras companhias têm capacidade reduzida de expansão naquele aeroporto. Felsberg conclui que se a empresa começar a funcionar regularmente existe espaço. "Não vai ser como conhecemos antigamente, será uma Varig menor, mas vai sobreviver", afirma.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame