Exame Logo

Ford vê mercado brasileiro com freio puxado em 2014

Segundo vice-presidente, mercado brasileiro de veículos deve ter expansão modesta de vendas e uma produção mais contida no ano que vem

Trabalhadores fazem polimento de carro em linha de montagem da Ford em São Bernardo do Campo (Nacho Doce/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 17h59.

São Paulo - O mercado brasileiro de veículos deve ter expansão modesta de vendas e uma produção mais contida no ano que vem, após um 2013 que por enquanto sinaliza a primeira queda nos emplacamentos em 10 anos, estimou a Ford nesta quinta-feira.

No que pode marcar um novo ciclo para um mercado que desde o início dos anos 2000 cresceu a taxas anuais médias de 10 por cento, 2014 terá vendas no máximo 1 a 2 por cento maiores, disse o vice-presidente para assuntos corporativos para a América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb, a jornalistas.

"Acho que é cedo para dizer que o mercado vai cair em 2014. Trabalhamos com taxas de crescimento mais modestas, de 1 a 2 por cento", disse Golfarb, acrescentando que não vê mudanças significativas que sinalizem recuperação da oferta de crédito pelos bancos às vendas do setor no próximo ano.

"A indústria hoje trabalha sem horizonte de planejamento. Houve até agora incertezas sobre o PSI, sobre o airbag e a questão do IPI ainda está em aberto", disse o executivo.

Ele referiu-se à demora do governo para definir os termos de prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento divulgados na véspera junto com comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo não vai mais cobrar obrigatoriedade de inclusão de airbag e freios ABS em 100 por cento da produção a partir de 2014 .

Para 2013, Golfarb evitou cravar que o mercado brasileiro encerrará com queda de vendas, mas afirmou que "existe boa chance do setor não conseguir superar o ano passado".


Ele afirmou que até o dia 10 deste mês, os licenciamentos acumulam queda no ano de 0,5 por cento e que para 2013 empatar com 2012, as vendas deste mês teriam que atingir um recorde para dezembro de 388 mil unidades.

"Mas empatar ou não, não é relevante, o importante é que está claro que há uma tendência de desaceleração. Boa parte do crescimento da classe C da população já aconteceu", disse Golfarb, citando preocupação com nível elevado de estoques exibido pelo setor, de cerca de 420 mil veículos.

A associação de montadoras, Anfavea, costuma divulgar ao final de cada ano projeções para o ano seguinte. Mas no início deste mês o presidente da entidade, Luiz Moan, afirmou que as estimativas serão anunciadas em janeiro. No ocasião, Moan evitou confirmar projeção de 5 por cento de crescimento na produção em 2014, informada por ele em outubro.

Pelos últimos números da Anfavea, a produção brasileira de veículos até fim de novembro tinha alta de 11,8 por cento, enquanto as vendas tinham queda de 0,8 por cento.

Mea Culpa

Golfarb afirmou que o descasamento entre vendas e produção ocorreu em parte por forte exportações para Argentina e México, substituição de importações e "culpa das próprias montadoras, pois erramos a mão no mercado interno e o excedente foi parar nos estoques".


A Anfavea estimava até final de agosto crescimento de 3,5 a 4,5 por cento nas vendas de veículos novos no Brasil neste ano.

Segundo Golfarb, o mercado brasileiro pode enfrentar um quadro de excesso de capacidade em 2017, diante do descompasso atual entre vendas e produção. A expectativa da Ford é que o setor tenha uma capacidade de produção de 6,32 milhões de veículos por ano em 2017, enquanto as vendas no mercado interno serão de 4,53 milhões de unidades.

"Daqui para frente, provavelmente o próximo ciclo não será de taxas de crescimento tão alto", disse Golfarb, afirmando, porém, que o Brasil é um grande mercado automotivo diante da relativa baixa penetração de veículos por habitante, em torno de 81 a cada 1000 pessoas.

Diante do consequente aumento da competição causada por um mercado que não cresce como antes e que espera abertura de novas fábricas nos próximos anos, a Ford mantém plano de renovar toda a sua linha de modelos com veículos globais até 2015. Os investimentos até lá serão de 4,5 bilhões de reais e incluem capacidade produtiva.

Golfarb evitou comentar sobre lançamentos no próximo ano, afirmando apenas que a montadora deve contar como novidade a versão renovada do compacto Ka.

Ele afirmou que a montadora deve conceder férias coletivas na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) nas duas últimas semanas deste mês. Na fábrica em Camaçari (BA), as férias vão do dia 30 até 11 de janeiro. (Por Alberto Alerigi Jr.)

Veja também

São Paulo - O mercado brasileiro de veículos deve ter expansão modesta de vendas e uma produção mais contida no ano que vem, após um 2013 que por enquanto sinaliza a primeira queda nos emplacamentos em 10 anos, estimou a Ford nesta quinta-feira.

No que pode marcar um novo ciclo para um mercado que desde o início dos anos 2000 cresceu a taxas anuais médias de 10 por cento, 2014 terá vendas no máximo 1 a 2 por cento maiores, disse o vice-presidente para assuntos corporativos para a América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb, a jornalistas.

"Acho que é cedo para dizer que o mercado vai cair em 2014. Trabalhamos com taxas de crescimento mais modestas, de 1 a 2 por cento", disse Golfarb, acrescentando que não vê mudanças significativas que sinalizem recuperação da oferta de crédito pelos bancos às vendas do setor no próximo ano.

"A indústria hoje trabalha sem horizonte de planejamento. Houve até agora incertezas sobre o PSI, sobre o airbag e a questão do IPI ainda está em aberto", disse o executivo.

Ele referiu-se à demora do governo para definir os termos de prorrogação do Programa de Sustentação do Investimento divulgados na véspera junto com comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo não vai mais cobrar obrigatoriedade de inclusão de airbag e freios ABS em 100 por cento da produção a partir de 2014 .

Para 2013, Golfarb evitou cravar que o mercado brasileiro encerrará com queda de vendas, mas afirmou que "existe boa chance do setor não conseguir superar o ano passado".


Ele afirmou que até o dia 10 deste mês, os licenciamentos acumulam queda no ano de 0,5 por cento e que para 2013 empatar com 2012, as vendas deste mês teriam que atingir um recorde para dezembro de 388 mil unidades.

"Mas empatar ou não, não é relevante, o importante é que está claro que há uma tendência de desaceleração. Boa parte do crescimento da classe C da população já aconteceu", disse Golfarb, citando preocupação com nível elevado de estoques exibido pelo setor, de cerca de 420 mil veículos.

A associação de montadoras, Anfavea, costuma divulgar ao final de cada ano projeções para o ano seguinte. Mas no início deste mês o presidente da entidade, Luiz Moan, afirmou que as estimativas serão anunciadas em janeiro. No ocasião, Moan evitou confirmar projeção de 5 por cento de crescimento na produção em 2014, informada por ele em outubro.

Pelos últimos números da Anfavea, a produção brasileira de veículos até fim de novembro tinha alta de 11,8 por cento, enquanto as vendas tinham queda de 0,8 por cento.

Mea Culpa

Golfarb afirmou que o descasamento entre vendas e produção ocorreu em parte por forte exportações para Argentina e México, substituição de importações e "culpa das próprias montadoras, pois erramos a mão no mercado interno e o excedente foi parar nos estoques".


A Anfavea estimava até final de agosto crescimento de 3,5 a 4,5 por cento nas vendas de veículos novos no Brasil neste ano.

Segundo Golfarb, o mercado brasileiro pode enfrentar um quadro de excesso de capacidade em 2017, diante do descompasso atual entre vendas e produção. A expectativa da Ford é que o setor tenha uma capacidade de produção de 6,32 milhões de veículos por ano em 2017, enquanto as vendas no mercado interno serão de 4,53 milhões de unidades.

"Daqui para frente, provavelmente o próximo ciclo não será de taxas de crescimento tão alto", disse Golfarb, afirmando, porém, que o Brasil é um grande mercado automotivo diante da relativa baixa penetração de veículos por habitante, em torno de 81 a cada 1000 pessoas.

Diante do consequente aumento da competição causada por um mercado que não cresce como antes e que espera abertura de novas fábricas nos próximos anos, a Ford mantém plano de renovar toda a sua linha de modelos com veículos globais até 2015. Os investimentos até lá serão de 4,5 bilhões de reais e incluem capacidade produtiva.

Golfarb evitou comentar sobre lançamentos no próximo ano, afirmando apenas que a montadora deve contar como novidade a versão renovada do compacto Ka.

Ele afirmou que a montadora deve conceder férias coletivas na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) nas duas últimas semanas deste mês. Na fábrica em Camaçari (BA), as férias vão do dia 30 até 11 de janeiro. (Por Alberto Alerigi Jr.)

Acompanhe tudo sobre:AutoindústriaCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoeconomia-brasileiraEmpresasEmpresas americanasFordIndústriaIndústrias em geralMontadoras

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame