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Ford brasileira é exemplo para a matriz americana

Montadora, que chegou a pensar em sair do Brasil na década passada, adota medidas que servem de exemplo para a América do Norte

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A subsidiária brasileira da Ford enfrentou, na última década, problemas até mais graves que os apresentados pela sua matriz americana hoje. Sofrendo com a perda de participação de mercado, elevação de custos e pesados prejuízos, a empresa chegou a pensar em sair do país, após décadas em atividade. Mas uma série de medidas adotadas pela direção local reconduziram a montadora aos lucros e podem ser importantes exemplos para a matriz reverter os problemas que atravessa.

De acordo com o americano The Wall Street Journal, as medidas adotadas pela Ford brasileira são básicas, mas vitais. A primeira foi revisar toda a linha de produção e fechar as unidades ineficientes - uma medida imitada hoje pela sede, em Detroit. Ao mesmo tempo, a subsidiária assumiu os riscos de operar um novo modelo de planta, mais enxuta e moderna, a fábrica de Camaçari. Atualmente, a unidade é uma das mais eficientes da Ford em todo o mundo.

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Outra iniciativa básica foi criar veículos adequados ao gosto local. De acordo com especialistas em indústria automotiva, essa é uma necessidade urgente da Ford americana. "Fizemos uma escolha pela inovação. Os Estados Unidos podem fazer ainda mais do que conseguimos", afirmou Antonio Maciel Neto, ex-presidente da montadora para a América do Sul e atual comandante da Suzano Papel e Celulose.

Os esforços culminaram no lançamento do Ecosport, em 2003, cujo projeto foi desenvolvido no Brasil. O Ecosport tornou-se tão popular no país, que hoje representa 80% do mercado de utilitários leves e esportivos. Até o novo modelo, a Ford estava habituada a fazer como seus concorrentes: "tropicalizar" os lançamentos de outros países, ou seja, adaptar os modelos às condições locais, com o reforço da suspensão, por exemplo. Antes da abertura de mercado, em 1990, as montadoras mantinham um modelo em produção no Brasil por até 20 anos, contra a média de três lançamentos anuais nos países mais desenvolvidos.

O modelo também representou um recorde no tempo de desenvolvimento de um novo modelo. Enquanto a Ford leva, em média, 50 meses para conceber e produzir um veículo, o Ecosport demandou 34 meses entre projeto e produção.

A planta de Camaçari é um exemplo de flexibilidade, algo que a matriz está buscando para suas operações na América do Norte. Nas fábricas tradicionais da Ford, cada estação de trabalho ao longo da linha de montagem é abastecida por várias peças, a fim de produzir os veículos de acordo com as encomendas. Mas a necessidade de manter grandes estoques eleva os custos de produção. Em Camaçari, os estoques são suficientes apenas para duas horas de produção. As peças consumidas são repostas a cada 20 minutos por fornecedores localizados no entorno da fábrica. O resultado é que os custos de produção na fábrica baiana são um terço dos de outras montadoras brasileiras.

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