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Fiat do Brasil detalha estratégias para crescer

Além de bater na tecla de que sua empresa não perderá a liderança, Alberto Ghiglieno, o superintendente da Fiat Automóveis, detalhou para EXAME algumas das medidas que tem tomado para garantir a eficiência. Veja os principais tópicos: Liderança - Ghiglieno acredita que o fato da Fiat não ter uma fábrica funcionando no sistema modular não […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Além de bater na tecla de que sua empresa não perderá a liderança, Alberto Ghiglieno, o superintendente da Fiat Automóveis, detalhou para EXAME algumas das medidas que tem tomado para garantir a eficiência. Veja os principais tópicos:

  • Liderança - Ghiglieno acredita que o fato da Fiat não ter uma fábrica funcionando no sistema modular não será determinante para que ela perca a liderança. Com ele concorda Mario Salerno, Phd em engenharia, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a USP, e especialista em indústria automobilística -- coordena uma pesquisa para o BNDES, também patrocinada pela Anfavea, a entidade que congrega a indústria de automóveis do páis. "Ter esquema modular não garante sucesso. O que importa de verdade são os novos lançamentos, o marketing, a estratégia e a melhora da saúde financeira do grupo como um todo".

  • Estoques - O nível de estoques é uma das preocupações da Fiat. "Somos muito pouco tolerantes com o nível dos estoques", diz Ghiglieno. No momento da entrevista, realizada no dia 8 de agosto, na fábrica o estoque era suficiente para cerca de 15 dias de vendas. Fábrica mais rede de concessionárias tinham estoques calculados para 40 dias. "O ideal são 20 dias", diz Ghiglieno. Certamente por isso a Fiat colocou, neste mês, 2 000 pessoas em férias coletivas.

  • Demissões - Segundo Alberto Ghiglieno, até agora a Fiat se utilizou de todos as ferramentas para evitar demissões em massa, como paradas técnicas e férias coletivas. Atualmente a Fiat tem cerca de 8 500 funcionários -- outros 9 500 que trabalham dentro do complexo de Betim são terceirizados. "A queda das alíquotas do IPI ajudará, com certeza, na recuperação do mercado. Estamos otimistas. Mas só esta mexida pode não resolver a questão. Se o mercado reagir e a situação ajudar, não demitiremos. O juiz é o mercado", diz Ghiglieno.

  • Qualidade - O superintendente da Fiat Automóveis diz que a imagem da qualidade dos produtos da montadora está em alta e este é mais um trunfo na briga pela manutenção da liderança de mercado. Uma pesquisa, denominada Quality Tracking, feita por uma empresa independente para todas as montadoras, e que compara os produtos delas, confirma isso. A percepção dos consumidores ouvidos pela pesquisa é a de que alguns dos produtos da Fiat, mas não todos, já são superiores aos da concorrência em diversos atributos. "Não fosse assim não teríamos assumido a ponta", diz Ghiglieno. "Se essa percepção não fosse real o consumidor compraria mais carros da concorrência e não dos nossos".

  • Stillo - Antes mesmo do governo mexer nas alíquotas do IPI, a Fiat já havia decidido antecipar, para setembro, o lançamento do Stillo. Originalmente ele deveria ser lançado na versão de 5 portas, apenas em dezembro. O novo carro terá duas motorizações: uma com motor 1.8, derivado do que equipa o novo Corsa -- será o primeiro carro da Fiat a usar um motor desenvolvido pela GM e fabricado pela Power Train, empresa comum às duas montadoras. O Stillo terá também o motor 2.4, o mesmo usado no Marea. A Fiat quer, com o Stillo, melhorar o mix dos seus produtos e crescer num segmento no qual nunca liderou -- salvo em meses isolados. "O Stillo já nos trouxe boa sorte", diz Ghiglieno. Com a nova alíquota para os carros médios, o carro ficou mais barato. Ele será o primeiro lançamento de todas as indústrias pós-modificação dos impostos. "O Stillo será supercompetitivo e, por ter um conteúdo básico muito superior aos carros das concorrentes, não tenho dúvidas que assumirá a liderança do segmento dos carros médios", diz Ghiglieno. O comprador do Stillo no Brasil só não terá à disposição, por enquanto, o GPS, equipamento que ajuda a locomoção pelas ruas das grandes cidades. É que o mapeamento delas e a ligação com o satélite ainda não estão disponíveis. Mas o carro pode ter, por exemplo, até oito airbags.

  • Quem sofrerá mais - Ghiglieno não concordo que a Fiat será a montadora que mais sofrerá com a queda das alíquotas. A Fiat espera surpreender a concorrência com mais agressividade, novos lançamentos e fazendo uso do motor Fire 1.3 litro. A Fiat é a única montadora que tem um motor desta cilindrada. Ele está entre o motor 1.0 litro e o 1.6 litro, que é mais caro e mais potente. Nos últimos anos, colocar versões intermediárias entre modelos do mesmo design tornou-se uma estratégia seguida por todas as montadoras. A Volkswagen iniciou-a quando fez o antigo Gol conviver com o novo por uns tempos. A Fiat então manteve o Uno em produção mesmo tendo lançado o Palio. Mais tarde, quando renovou a linha Palio, o primeiro modelo não foi descontinuado e virou Palio Young. O mesmo carro agora é denominado Palio Fire. Quer dizer, entre o Uno e o Palio mais caro sempre houve uma versão mais barata. A estratégia está sendo complementada com os motores. "O Fire 1.3 é um motor intermediário, e seu desempenho é equivalente aos de maior capacidade. Ora, isto vai nos dar uma vantagem, a de poder combinar melhor as diferenças de preços entre os nossos produtos", diz Ghiglieno. No mercado dos carros populares, o efeito psicológico das pequenas diferenças de preços, algo ao redor de 300 reais por exemplo, é grande, ainda mais porque o poder aquisitivo do brasileiro não aumentou nos últimos anos. Enfim, para a Fiat, o consumidor que tiver um pouco mais de dinheiro disponível, mas não muito, será levado a optar por seus modelos.

  • Vendas - Com a mexida promovida pelo governo, Ghiglieno espera vender, no total, 30% a mais do que a média mensal observada até agora. No segmento dos intermediários, 15%. Isso quer dizer que a Fiat espera que as montadoras coloquem, em 2002, um total de 1,45 milhão de automóveis e comerciais leves. Antes da mexida, a montadora de Betim esperava 1,4 milhão. "Há apenas 5 meses mais no ano. Não vai dar tempo de vender mais", diz Ghiglieno.

  • Agilidade - Como a Fiat e as demais montadoras foram avisadas pelo governo com alguns dias de antecedência, o superintendente pôde preparar sua estratégia e agir rapidamente. A agilidade é uma das melhores características da Fiat: no mesmo dia em que o governo decidiu-se pela medida, a Fiat, em comum acordo com os concessionários, confeccionou a nova tabela de preços ao consumidor. Ela assumiu todo o custo dos estoques da rede, que comprou com IPI antigo e venderá com o novo. "Tomei a decisão sem saber ainda o número final. Ela vai nos custar alguns milhões de reais. Mas era necessária para ter a velocidade de vendas acelerada", diz Ghiglieno.

  • Custos - Aumentar vendas e cortar custos é a preocupação maior da Fiat. Tão logo Ghiglieno chegou ao Brasil, tratou de dar mais força aos seus executivos e funcionários. Se alguém apresenta uma idéia que pode resultar em corte de custos ou aumento de vendas, logo é nomeado superintendente daquela idéia. "Eu trato de envolver as pessoas, pois se você as escolhe e lhes dá autonomia, eles vão brigar pela sua idéia. É isso que traz mais lucros". Ghiglieno anda sempre com o celular ligado. Quando tem alguma idéia, para não perder tempo nem o fio da meada, seja a que horas for, liga para um de seus executivos e a compartilha. "Realizar é a parte mais fácil da idéia. E compartilhar ajuda a crescer".

  • Autonomia - A celebrada agilidade da Fiat deverá melhorar. "Sempre fomos muito rápidos porque nossa autonomia é grande", diz Ghiglieno. Reorganizada, a Fiat Auto passou a ter 4 divisões. Uma é a Internacional. Outra, a Fiat Lancia. A terceira é a da Alfa Romeo e a quarta, de Serviços. Antes, a Fiat Automóveis e todas as outras empresas do grupo respondiam a Roberto Testore, o ex- chefão da Fiat Auto, que decidia tudo. Agora, não. A Fiat Automóveis está na divisão Internacional. A montadora de Betim é a empresa mais importante desta divisão e por isso a tendência é de que as decisões da Itália para o Brasil fluam com maior rapidez ainda.
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