Exame Logo

Fiat enfrenta resistência de credores da Chrysler e do governo alemão

Alemães colocam uma série de requisitos para a Fiat comprar as operações da GM no país, e credores ameaçam acordo com a Chrysler

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O presidente-executivo da Fiat Sergio Marchionne confirmou neste domingo (3/5) os planos para adquirir a Opel, unidade alemã da General Motors. O objetivo da aquisição é criar um gigante do setor automotivo que também incluiria a americana Chrysler, que recentemente firmou acordo com a italiana, que terá 20% da companhia, segundo informa o jornal britânico Financial Times. Na Bolsa de Milão, as ações da Fiat subiram mais de 6%, em reação aos planos da montadora italiana de formar um novo gigante do setor.

Além da Opel, Marchionne deseja adquirir a inglesa Vauxhall, a sueca Saab e outras unidades europeias da GM para criar uma nova companhia avaliada em 80 bilhões de euros (230,4 bilhões de reais) em receitas e vendas de 6 milhões a 7 milhões de veículos por ano – superior à Renault/Nissan, equivalente à Volkswagen e atrás apenas da Toyota.

Veja também

Marchionne esteve em Berlim, neste domingo, para apresentar os planos ao ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, ao ministro da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, e a Klaus Franz, vice-presidente da Opel e chefe do conselho da empresa.

Condições alemãs

No entanto, o governo alemão estabeleceu uma série de 14 critérios para a escolha do futuro comprador da Opel. Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que o novo comprador deverá manter a sede na Alemanha caso queira obter ajuda financeira do governo alemão.

De acordo com o texto, obtido pelo jornal Financial Times, é necessária também uma estimativa do número de demissões, as futuras plantas de veículos na Alemanha, um histórico dos interessados na condução de transações similares, a comprovação da boa estrutura financeira e a aprovação da compra pelos trabalhadores da Opel.

O governo de Berlim não terá influência sobre quem comprará a Opel, uma decisão que cabe à General Motors. Ainda assim, o governo prometeu dar apoio ao futuro dono com garantias de crédito e, como anotado no comunicado do ministro, está usando sua influência para aperfeiçoar a transação.

Otimismo

Apesar das barreiras impostas pelo governo alemão, o presidente-executivo da Fiat mantém o entusiasmo. "De um ponto de vista industrial e da engenharia, é um casamento no paraíso", disse ele ao Financial Times. Marchionne espera completar a transação até o final de maio, e listar as ações da nova companhia, provisoriamente batizada de Fiat/Opel, até o final de setembro. Segundo ele, juntas as empresas teriam receita de 1 bilhão de libras em um ano.

O acordo vai elevar o potencial da Fiat no mercado que, além de suas 11 regiões fabricantes de automóveis, terá mais dez da GM, a maior parte delas no noroeste europeu.

Marchionne planeja pedir ao governo britânico, e a outros em que a Fiat e a Opel tenham regiões produtoras, garantias de empréstimos a nova companhia. Os 30% das ações nas mãos da família Agnelli seriam diluídos após a criação da nova empresa, com a GM também como acionista minoritária na Fiat/Opel.

Marchionne, que também discutiu o plano com a diretoria da GM, vai tentar acalmar os ânimos na Alemanha ao afirmar que não criará mais áreas produtoras no país e que a Itália vai dividir qualquer corte de empregos. Baseado em fusões anteriores e no tamanho das duas companhias, 8 000 a 9 000 empregos poderiam ser cortados ao redor da Europa. A Fiat Auto emprega 39 000 pessoas no continente. A unidade da GM tinha 54 500 até o final de 2008.

Impasse na Chrysler

Com a Chrysler, a fabricante italiana seria uma força gigantesca na Europa, América do Norte e América Latina. "É um solução incrivelmente simples para um problema espinhoso", disse Marchionne ao Financial Times.

A operação, que parecia certa, agora enfrenta resistências. Um grupo de fundos de investimento, liderado por Oppenheimer Funds e Stairway Capital, pode pôr em risco os planos da Fiat. O grupo contestou as condições de pagamento de uma multa de 35 milhões de dólares pela montadora italiana, em caso de desistência da venda, informa a agência de notícias Reuters.

A Chrysler, que tem operado com 4 bilhões de dólares de empréstimos de emergência do governo, não conseguiu na semana passada chegar a um acordo com todos os seus credores para reestruturar sua dívida, forçando-se a pedir proteção judicial.

A montadora pediu que o juiz Arthur Gonzalez realizasse a audiência no dia 21 de maio para aprovar a venda da maioria de seus ativos fora da concordata, no total de 2 bilhões de dólares, fato que poderia abrir caminho para uma fusão com a Fiat, de acordo com os documentos do processo.

Os credores dissidentes disseram em sua objeção que a venda está sendo "orquestrada inteiramente pelo Tesouro e imposto sem considerar as formalidades corporativas".

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame