Europa será o alvo das exportações de calçados neste ano
Fabricantes querem aumentar as vendas para o continente, que absorveu 15% das exportações brasileiras em 2004
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
Os concorrentes europeus que se cuidem. Os fabricantes brasileiros de calçados preparam-se para ampliar presença na Europa, um mercado que movimenta anualmente cerca de 50 bilhões de euros. No ano passado, a região absorveu 15% das exportações do Brasil, e a meta é elevar essa participação ao máximo. "Queremos conquistar a maior fatia da Europa que pudermos", afirma Elcio Jacometti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
No ano passado, a cadeia couro-calçadista, que abrange calçados, artefatos, couro beneficiado, máquinas e componentes, exportou um total de 4,058 bilhões de dólares. A cifra é 20,6% maior que a de 2003. Os calçadistas responderam por 1,806 bilhão de dólares, um incremento de 17%. Em volume, foram vendidos para o exterior 200 milhões de pares, um incremento de 6%.
Os Estados Unidos são o maior comprador do Brasil. Entre janeiro e novembro de 2004 (últimos dados disponíveis), o país representou 56,55% das exportações de calçados o equivalente a 923,913 milhões de dólares e 88,114 milhões de pares (veja abaixo os principais destinos das exportações do país).
O encarecimento das matérias-primas na Europa tem levado os produtores locais a reduzir a atividade. Os maiores impactos são sentidos em Portugal, Espanha e Itália. Em razão disso, a importação de calçados está crescendo. É esta oportunidade que os brasileiros querem explorar. "O euro valorizado encarece o produto local e nos dá vantagens competitivas", afirma Jacometti.
Mais rentável
Além disso, o mercado europeu é mais sofisticado que o de outras regiões, o que permite aos brasileiros a venda de produtos de maior valor agregado. Segundo A Abicalçados, o preço médio de exportação para a Europa é de 12 dólares por par, contra 10 dólares para os Estados Unidos e 9 dólares na média geral. Os mercados menos rentáveis são a América Latina, para o qual o preço médio é de 6 dólares, e os países árabes (7 dólares).
A opção por vender artigos mais elaborados para os europeus também é uma forma de escapar de concorrentes de peso no mercado mundial. As maiores ameaças são a China e a Índia, cuja estratégia baseia-se na exportação de grandes volumes a preços reduzidos.
Estratégia
Para incrementar as vendas, a principal estratégia é investir na aproximação com os varejistas europeus. O primeiro passo será dado na próxima semana, durante a 32ª Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro (Couromoda). O evento ocorrerá em São Paulo, entre 11 e 14 de janeiro. A organização da feira, em conjunto com a Abicalçados, trará representantes da Confederação Européia dos Lojistas de Calçados (Ceddec), que representa 18 países e 18 mil pontos de venda.
A intenção é mostrar aos visitantes a qualidade dos produtos nacionais e a capacidade de exportação dos brasileiros. "O preço médio de nossas importações de calçados da Europa é de 18 dólares por par, inferior ao valor médio que exportamos. Há uma diferença que podemos recuperar", afirma o presidente da Couromoda, Francisco dos Santos.
Expectativas
A desvalorização do real no ano passado tornou incertas as projeções de crescimento das exportações em 2005. Segundo Jacometti, da Abicalçados, caso a cotação do dólar volte a se estabilizar em torno ou acima de 3 reais, o setor tem condições de elevar as exportações em 15% neste ano. Mas se a moeda americana continuar no atual patamar de 2,70 reais, as vendas externas correm o risco de encolher 5%. "O real valorizado prejudica o mercado de artigos populares, no qual sofremos a concorrência da China", afirma.
No ano passado, as vendas internas de calçados somaram 20 bilhões de reais, um avanço de 15% sobre 2003. Em volumes, os brasileiros compraram 500 milhões de pares, ou 7% a mais. "Se o país crescer entre 3% e 5% neste ano, poderemos repetir a expansão do ano passado", afirma Airton Manoel Dias, diretor executivo da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac).
A Couromoda é a maior feira do setor na América Latina. O evento cresce cerca de 10% em número de expositores por edição e, neste ano, contará com 1 100 participantes. São esperados 60 000 visitantes, dos quais, 3 000 estrangeiros. De acordo com Santos, presidente da feira, os negócios fechados ou iniciados na feira respondem por 25% do Produto Interno Bruto da cadeia produtiva do couro e do calçado, que somou 40 bilhões de dólares em 2004.
Os dez maiores importadores de calçados brasileiros | |||
2003 | 2004 | ||
País | Valor (US$ mil) | País | Valor (US$ mil) |
Estados Unidos | 995 066 | Estados Unidos | 923 913 |
Reino Unido | 105 541 | Reino Unido | 121 263 |
Argentina | 72 229 | Argentina | 98 659 |
México | 50 332 | México | 59 396 |
Canad | 36 255 | Canadá | 44 625 |
Chile | 25 407 | Espanha | 32 790 |
Espanha | 18 499 | Chile | 32 674 |
Países Baixos | 18 124 | Alemanha | 19 351 |
Alemanha | 13 949 | Países Baixos | 17 962 |
Porto Rico | 12 978 | Porto Rico | 15 944 |
Fonte: Abicalçados |