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Estatais repetem consórcios no leilão de Jirau

Subsidiárias da Eletrobrás terão em Jirau as mesmas parcerias montadas para a disputa da usina de Santo Antônio em dezembro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Eletrobrás e suas subsidiárias já definiram as parcerias com a iniciativa privada para o leilão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, marcado para 12 de maio. De acordo com relatório da corretora de valores Ativa, serão repetidas as dobradinhas montadas para a disputa da usina de Santo Antônio, há quatro meses. Furnas formará um consórcio com a Odebrecht; a Eletrosul seguirá com a Suez; e a Chesf vai para o leilão junto com a Camargo Corrêa. Parte das informações é atribuída, pela corretora, ao diretor-presidente interino da Eletrosul, Ronaldo Custódio; e ao diretor de Engenharia da Chesf, José Ailton de Lima.

A corretora deixa em aberto a posição da CPFL e da Endesa. Consultado pelo Portal EXAME, porém, João Canellas de Mello, diretor da Camargo Corrêa responsável pelo leilão, dá como certa a participação da CPFL em seu consórcio, por fazerem parte do mesmo grupo. A única dúvida é se a Endesa voltará. A Camargo Corrêa também está disposta a ampliar sua fatia no consórcio. Nos últimos dias, a imprensa também divulgou a possibilidade de a Eletrobrás comprar uma fatia da estatal que estiver no consórcio vencedor. Isto será possível, pois as regras do leilão permitem um "investidor estratégico" - uma empresa que entraria para o grupo vencedor, apenas depois da disputa.

O relatório da Ativa afirma que, nos três consórcios já acertados, as subsidiárias da Eletrobrás terão participação minoritária, com até 49%, deixando os parceiros privados com uma fatia de 51%.

Participação negativa

Para a corretora, a participação das estatais no leilão de Jirau é potencialmente negativa para todos os envolvidos, pois deve pressionar ainda mais o preço final da energia vendida para o mercado cativo - critério para definir o vencedor. "Como consideramos que o projeto tenha retorno duvidoso, a elevação da competição no leilão tem efeito ainda mais danoso ao provável vencedor", diz a Ativa.

A corretora acredita, porém, que Jirau seja arrematada por um consórcio com "uma configuração bastante similar ao vencedor do leilão de Santo Antônio". O grupo que arrematou a primeira usina do Rio Madeira, há cerca de quatro meses, é formado por Furnas (39%); Odebrecht Investimentos em Infra-estrutura (17,6%); Construtora Norberto Odebrecht (1%); Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (20%) composto pelos bancos Banif e Santander; Andrade Gutierrez Participações (12,4%); e Cemig (10%).

Nas últimas semanas, aumentou a apreensão do mercado sobre o envolvimento das estatais na licitação de Jirau. Há o temor de que essas companhias pressionem os parceiros privados a aceitarem taxas de retorno bastante baixas, colocando em xeque o equilíbrio financeiro do projeto. Os analistas duvidam da rentabilidade do investimento, desde a divulgação do resultado de Santo Antônio, no qual o consórcio vencedor apresentou um preço final de 78,87 reais por megawatt/hora para o mercado cativo - 35% abaixo do preço-teto de 122 reais e 17% menor que o lance do segundo colocado (94 reais).

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumentou a preocupação do mercado, ao estabelecer um máximo de 91 reais por megawatt/hora para o leilão de Jirau. A maior parte dos analistas e dos especialistas afirma que é bastante difícil encontrar uma taxa de retorno adequada para o investimento - uma obra orçada em cerca de 9 bilhões de reais - com esse patamar de preços. Jirau será implantada mais longe de Porto Velho que Santo Antônio, e terá menos energia firme para vender ao mercado (1.966 megawatts, ante 2.218 megawatts da usina licitada em dezembro).

Em um relatório da última semana, a Ativa estimou que, se não houver deságio algum no leilão, a taxa interna de retorno do projeto será de 8,5%. Para manter esse patamar, os 30% da energia destinada ao mercado livre teriam de ser vendidos a um preço de 120 reais por megawatt/hora. À medida que o deságio aumentar, crescerá também a necessidade de elevar o preço para os compradores livres, em uma espécie de subsídio cruzado - mas sem garantias de manutenção de um equilíbrio adequado de retorno.

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