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Empresa inaugura fábrica para abocanhar o mercado da ABnote

Wintech investiu R$ 25 milhões em fábrica de cartões e espera conquistar 20% do mercado brasileiro no médio prazo

Gabriel Silva, presidente da Wintech, durante a inauguração da nova fábrica da empresa (--- [])
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - A Wintech, empresa prestadora de serviços financeiros, vai tentar abocanhar parte do mercado brasileiro de fabricação de cartões para bancos, varejistas e operadoras de celular. Hoje a líder desse mercado é a American Banknote, que tem ações listadas na Bovespa.

Conhecida no mercado como uma fornecedora de bobinas, bilhetes de loteria, cupons fiscais e boletos de cobrança, a Wintech inaugurou na semana passada uma fábrica de cartões em Barueri (SP), que consumiu investimentos de 25 milhões de reais.

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O presidente da Wintech, Gabriel Silva, diz que a nova fábrica tem como principal diferencial dos concorrentes máquinas importadas da Espanha capazes de fabricar e personalizar cartões sem que haja manuseio dos plásticos por funcionários. "Isso dá muito mais segurança a todo o processo", diz o executivo

Gabriel Silva também afirma que, no médio prazo, a meta é conquistar 20% do mercado brasileiro de fabricação de cartões. Hoje a maior fatia está nas mãos da ABnote, com cerca de 40% de participação, seguida pela Intelcav (35%).

Todo o mercado brasileiro é estimado em cerca de 1 bilhão de cartões por ano, que geram um faturamento de cerca de 500 milhões de reais. O segmento de cartões com chip é hoje o principal filão. Os bancos estão trocando sua base de cartões de tarja magnética pelos com chip para dar maior segurança aos clientes. Os cartões com chip têm maior valor agregado e permitem aos fabricantes trabalhar com margens maiores, de cerca de 50%.

A Wintech diz que não está disposta a iniciar uma guerra de preços com os concorrentes para ganhar mercado. "Nossos processos de fabricação de cartões são totalmente automatizados. Então vamos ter um custo menor e uma margem maior mesmo cobrando os mesmos preços dos concorrentes", diz Gabriel.

A empresa confia no aumento do mercado brasileiro de cartões para crescer. Além da necessidade dos bancos de emitir plásticos com chips mais seguros e capazes de armazenar um maior número de informações, esse mercado também tem sido impulsionado pelo aumento da renda e da bancarização das classes C, D e E nos últimos anos.

A Wintech também está de olho no mercado de licitações de documentos. Governos estaduais costumam terceirizar a confecção de documentos, como a carteira de motorista. Já o governo federal estuda unificar, no futuro, diversos documentos como o CPF, a carteira de motorista, o passaporte e o título de eleitor. Se isso acontecer, as empresas que atuam nesse mercado terão um novo filão para explorar nos próximos anos.

Barreiras de entrada

Especialistas no setor de cartões dizem, no entanto, que não será tão fácil para a Wintech conquistar o mercado. O primeiro motivo é que as empresas que contratam um fabricante de cartões precisam ter garantias de que os dados fornecidos não poderão ser interceptados. (Continua)


Fabricantes de cartões como a ABnote e a Intelcav, por exemplo, precisam primeiro ter suas unidades de produção homologadas por Visa e Mastercard para só depois passarem a produzir cartões com essas bandeiras para bancos ou varejistas.

A fabricação de cartões para operadoras de celular tampouco é simples. Os cartões precisam ser compatíveis com as dezenas de aparelhos disponíveis no mercado e também devem ser homologados pelas operadoras. Há, portanto, uma barreira de funcionalidade a ser vencida.

"Fabricar um cartão é mais complexo do que parece", diz Felipe Miranda, analista da Empiricus, uma das poucas casas independentes de análises de ações no Brasil. "A primeira coisa que você precisa conquistar é a confiança dos clientes."

A Wintech acredita, no entanto, que não apresentará esse tipo de dificuldade por já prestar outros serviços para bancos e operadoras de celular. A empresa tem em sua carteira de clientes empresas como a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú, o HSBC, a C&A, a Riachuelo, o Pão de Açúcar e a Eletropaulo.

A meta, agora, é disputar os contratos para a fabricação de cartões dessas mesmas companhias. Até o momento, a nova unidade da empresa já está fabricando cartões usados para recarregar celulares pré-pagos da Vivo e também bilhetes de loteria instantânea da CEF.

Com 270 empregados, a Wintech estima faturar 144 milhões de reais neste ano. Com a entrada no segmento de cartões, a meta é elevar a receita para 220 milhões de reais em 2010. "Essa nova fábrica dará um grande impulso para o nosso crescimento", diz Gabriel Silva. Os concorrentes torcem para que ele esteja errado.


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