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Elétricas têm R$ 11,5 bilhões em dívidas que vencem neste ano

Algumas das principais empresas de energia elétrica do Brasil têm faturas pesadas para liquidar nos próximos meses. Segundo levantamento realizado pela agência de classificação de risco Standard & Poor s, 11,5 bilhões de reais em dívidas de 14 companhias vencem em 2003. Boa parte das empresas não tem caixa para honrar os débitos dentro dos […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Algumas das principais empresas de energia elétrica do Brasil têm faturas pesadas para liquidar nos próximos meses. Segundo levantamento realizado pela agência de classificação de risco Standard & Poor s, 11,5 bilhões de reais em dívidas de 14 companhias vencem em 2003. Boa parte das empresas não tem caixa para honrar os débitos dentro dos prazos previstos e busca refinanciar e rolar o pagamento, a custos elevados. Há casos em que, ao final da negociação, os encargos da dívida sobem para 36% ao ano.

De acordo com os números divulgados no levantamento, quatro empresas enfrentam um quadro de deterioração financeira: AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia, Companhia Energética de São Paulo (Cesp), Eletropaulo e Companhia Energética do Maranhão (Cemar). Juntas, essas companhias respondem por 47% dos vencimentos do ano.

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Levando em consideração essas quatro empresas, a Cemar, sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à espera de um comprador, tem a menor dívida do grupo: 650 milhões de reais, em moeda nacional, 240 milhões vencendo neste ano. Mas o processo de venda está suspenso por liminares obtidas pelos funcionários, protelando uma solução para sua saúde financeira.

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) enfrenta o pior dos cenários. Seus vencimentos somam 3,3 bilhões de reais, boa parte concentrada em maio. A empresa sinalizou a incapacidade de saldar essas obrigações ao contratar uma assessoria financeira para renegociar os pagamentos. A Cesp tem uma dívida de 12 bilhões de reais, 86% dela em moeda estrangeira sem proteção contra a variação cambial (hedge), o que deixa a empresa extremamente vulnerável.

A Eletropaulo, do grupo americano AES, tem pela frente o vencimento de 1,5 bilhão renegociado no ano passada e uma incógnita administrativa: pode terminar indo a leilão pela conta não paga de suas controladoras, AES Elpa e AES Transgas. As duas empresas não quitaram parcelas de dívidas com o BNDES que somam 1,2 bilhão de dólares dívidas que têm como garantias ações da Eletropaulo. A inadimplência das controladoras também dá ao BNDES o direito de antecipar a execução das dívidas que a própria Eletropaulo contraiu com o banco.

A AES Sul, outra empresa do grupo americano, está na corda bamba. Tem uma dívida de 1,8 bilhão de real - sendo 90% em dólar sem nenhuma proteção. A empresa renegociou o pagamento de debêntures no ano passado por meio de um empréstimo de 187,5 milhões de reais, cujas parcelas devem ser pagas mensalmente em 2003. Se deixar de honrar alguma parcela, entra para a lista de inadimplentes porque, afirma o relatório da S&P, não tem flexibilidade financeira para tocar uma nova renegociação.

As demais empresas analisadas pela S&P superaram o aperto de liquidez no ano passado, mas têm o desafio de se manter com a geração de caixa num momento de queda do consumo. A oferta de crédito caiu para o Brasil, e as linhas continuam restritas deixando o setor sem a opção de novos financiamentos em caso de aperto financeiro.

Este cenário dobra os desafios para empresas como a Companhia de Força e Luz Cataguazes Leopoldina. A CFLCL precisa quitar dívidas com o BNDES e outras instituições financeiras privadas de 510 milhões de reais neste ano (quase metade de toda sua dívida de 1,1 bilhão de reais). Se não refinanciar o débito, terá problemas de caixa para manter as operações.

O socorro internacional hoje está restrito a algumas empresas, como a Light e a Companhia Eletricidade do Rio de Janeiro (Cerj), que saíram do aperto em 2002 graças ao apoio de suas controladoras respectivamente a Electricité de France e a Enersis/Endesa. A Elektro, subsidiária da americana Enron, por exemplo, não dispõe dessa retaguarda, porque a matriz não tem recursos para investir no Brasil.

Também constam do relatório projeções para as seguintes empresas: Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL-D), Rio Grande Energia (RGE), Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), Companhia Energética do Rio Grande do Norte, Eletrobrás e Espírito Santo Centrais Elétricas (Escelsa, consolidada como Enersul).

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