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Ele arriscou e acertou

Antonio Ermírio investiu na CBA no meio da crise do alumínio e ganhou muito dinheiro por isso

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Aos 76 anos, Antonio Ermírio de Moraes é unanimemente reconhecido como um dos maiores empresários do Brasil. Preside um império com dezenas de empresas e faturamento anual de 18,4 bilhões de reais, cujos domínios se espalham pelos mais variados setores da economia. Ermírio tem negócios em cimento, papel e celulose, finanças, zinco e até em áreas emergentes, como a biotecnologia agrícola. Na maioria deles, o empresário exerce o papel de acionista distante, enquanto a gestão é entregue a profissionais. Mas uma das empresas merece atenção especial do dono e é administrada pessoalmente por Ermírio. Trata-se da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Seu faturamento no último ano foi de 2,2 bilhões de reais, valor inferior ao de outras estrelas do grupo, como a Votorantim Cimentos ou a Votorantim Celulose e Papel. Das âncoras do grupo Votorantim, porém, a CBA é a que tem crescido a taxas mais elevadas. Sua história recente é exemplo de como a coragem para avançar quando os concorrentes recuam pode render vantagens competitivas difíceis de ser alcançadas no curto prazo. A gestão de Ermírio à frente da empresa é também um espelho de seu jeito de adminis trar e uma prova de como, muitas vezes, a complexa combinação entre intuição, gosto pelo risco e experiência para analisar as oscilações do setor é a melhor arma ao alcance de um homem de negócios.

Foram esses atributos que, há cinco anos, levaram Ermírio a decidir -- sozinho -- investir 370 milhões de dólares para aumentar em 40% a produção da CBA. Na época, o cenário era pouco auspicioso para o setor. Havia alumínio sobrando em todo o mundo, as cotações despencavam e as empresas cortavam a produção para tentar elevar os preços. Em 2004, quando terminaram as obras de expansão, a situação havia se transformado completamente -- os preços haviam se recuperado e estavam de volta ao patamar de uma década atrás. Com isso, no ano passado, Ermírio colheu um dos melhores anos de toda a história da empresa. Seu faturamento foi o triplo do registrado em 1999. O lucro cresceu quatro vezes e meia, atingindo 716 milhões de reais. Pela primeira vez, a área de metais e mineração chegou a 27% do faturamento do grupo Votorantim, superando as operações de cimento -- tradicional carro-chefe do conglomerado, fundado em 1918. A CBA se deu particularmente bem porque tem 40% mais alumínio para vender num momento em que a demanda pelo metal está aquecida, enquanto os concorrentes fizeram investimentos mais tímidos e cresceram menos.

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Antonio Ermírio não deixa que nenhu ma decisão importante seja tomada sem que passe por ele. Entre os funcionários da CBA, é comum ver o sucesso da companhia atribuído à sua intuição. "Ele sempre sabe quando investir e quando pôr o pé no freio", afirma Renato de Moura, gerente da fábrica. Mas Ermírio não se valeu apenas da intuição para fazer sua aposta naquele momento difícil. A CBA tem um trunfo importantíssimo: 60% de sua energia elétrica é produzida em usinas próprias, enquanto a média mundial não chega a 30%. Autonomia de energia é uma tremenda vantagem num setor em que a eletricidade representa um terço dos custos -- sozinha, a CBA consome mais energia que a cidade de Belo Horizonte. No final dos anos 90, quando o país caminhava para o racionamento, os concorrentes tinham boas razões para não fazer grandes investimentos. "A geração própria colocou a CBA numa situação inversa à dos competidores", afirma um especialista no setor.

Hoje, com o aumento da capacidade de sua fábrica, a CBA cresceu no ranking e já ocupa a posição de segunda maior produtora de alumínio do país, atrás apenas da Albrás, cujos sócios são a Vale do Rio Doce e um consórcio de empresas japonesas. E ela pode prosperar ainda mais. "O mercado interno deve crescer cerca de 5% em 2005", diz Tadeu Nardocci, presidente da canadense Novelis. Agora, com o alumínio em alta e o risco imediato de apagão afastado, as empresas, inclusive a CBA, aproveitam para investir no aumento da capacidade -- uma aposta de resultado ainda incerto.

O lance da CBA
Cotação internacional do alumínio (em dólares por tonelada)
1995
1 800
1999*
1 300
2004
1 700
*A CBA investiu 370 milhões de dólares na produção
Conclusão
A empresa investiu na baixa e lucrou na alta e o faturamento triplicou
em apenas cinco anos
Fontes: Abal e empresa
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