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Duas questões sobre a OGX: Eike tem US$ 1 bi? E isso basta?

A esta altura, mesmo que Eike tenha esse dinheiro, seria suficiente para ajudar a OGX?


	Eike Batista: dinheiro do empresário ajuda, mas não é a salvação da lavoura para a OGX
 (Patrick Fallon/Bloomberg)

Eike Batista: dinheiro do empresário ajuda, mas não é a salvação da lavoura para a OGX (Patrick Fallon/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h56.

São Paulo – A OGX comunicou, nesta sexta-feira, que vai obrigar Eike Batista a cumprir o acordo firmado em outubro de 2012 e injetar 1 bilhão de dólares na companhia. É inevitável que duas perguntas pipoquem: Eike tem esse dinheiro? E, se tiver, isso basta para a problemática OGX?

Nos últimos 45 dias, tanto a Bloomberg, quanto a Forbes, retiraram o status de bilionário em dólares de Eike. A primeira considera que a fortuna do empresário seja, agora, de 200 milhões de dólares. Já a Forbes, mais otimista, avalia que ele possui “menos de 900 milhões de dólares”.

Ambas lembram que o patrimônio de Eike é constituído, basicamente, das ações das empresas de capital aberto que fundou. Com a queda dos papéis na Bolsa, sua fortuna foi bem corroída.

Dinheiro no bolso?

É claro que, nos últimos tempos, Eike levantou algum dinheiro vendendo fatias de suas empresas. Somente na OGX, sua problemática petrolífera, Eike reduziu sua participação em 7,03% entre o final de agosto e o começo de setembro. Ele detém, agora, 52% da empresa.

No final de agosto, Eike também vendeu 5,38% da OSX, sua empresa de construção naval. Em outros casos, porém, o empresário abriu mão do controle de suas empresas sem levar nada. Um exemplo foi a venda da LLX, de logística. A gestora EIG se comprometeu a injetar 1,3 bilhão de reais na empresa, diluindo a participação de Eike e assumindo o controle.

A Bloomberg e a Forbes acrescentam que Eike tem dívidas com o Mubadala, o fundo soberano de Abu Dhabi, e com uma série de bancos, a quem teria dado bens pessoais como garantia para empréstimos. Resumindo: mesmo que Eike tenha 1 bilhão de dólares na conta corrente, parte dele já pode estar comprometida com outros credores.

Queimando caixa

Mas, mesmo que a OGX receba cheques polpudos de Eike, eles serão capazes de resolver os problemas de caixa da empresa? Primeiro, o 1 bilhão de dólares viria em prestações – o primeiro desembolso seria de 100 milhões de dólares. O restante seria injetado à medida que a empresa precisasse honrar compromissos.


A velocidade de queima do caixa da OGX, porém, impressiona. O número mais comentado do balanço da empresa, no segundo trimestre, foi a queda de 822 milhões de dólares em seu caixa, em relação ao primeiro trimestre. A empresa festejou o Réveillon com 1,14 bilhão de dólares em caixa, mas terminou junho com 326 milhões.

Somente o “trivial” (custos de produção, despesas de exploração, despesas com vendas e gerais e administrativas) consumiu quase 190 milhões de reais no segundo trimestre. As despesas financeiras, que consideram os desembolsos com juros de financiamentos, tomaram outros 150 milhões de reais.

Contas chegando

A situação da OGX nos próximos meses também não é confortável. A empresa reduziu bastante sua expectativa de gerar receita, ao anunciar que deve interromper a produção do campo de Tubarão Azul no ano que vem, por falta de viabilidade tecnológica. Outras promessas futuras, como os campos arrematados no 11º leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), foram devolvidos.

Outra esperança é o 1 bilhão de dólares que a petrolífera malaia Petronas se comprometeu a pagar por 40% de dois blocos de exploração. A Petronas, porém, já avisou que não vai pagar nada, enquanto Eike não reestruturar as dívidas da OGX. O motivo é simples: os malaios esperam que o dinheiro injetado por eles seja usado para desenvolver os campos que compraram, e não para pagar outras dívidas.

A OGX encerrou dezembro de 2012 com um total de empréstimos e financiamentos de 8,7 bilhões de reais. É certo que a maior parte disso vence no longo prazo. Mas a empresa precisa ter condições de chegar lá. E já há dúvidas de que consiga.

Segundo o jornal Valor Econômico, um dos motivos que levaram o BTG Pactual a deixar a reestruturação da OGX é a avaliação do banco de que a venda de ativos não bastará para salvá-la. Seria necessária uma recuperação judicial. Traduzindo: a OGX precisaria ir para a UTI, e o dinheiro de Eike seria apenas uma massagem cardíaca para mantê-la até lá.

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