Negócios

Donos do Burger King fazem acordo de inversão fiscal

A sede da empresa resultante da fusão com a Tim Hortons iria para o Canadá, país com mais facilidades fiscais


	Burger King: acordos de inversão fiscal têm se multiplicado e ameaçam as receitas federais
 (Scott Olson/Getty Images)

Burger King: acordos de inversão fiscal têm se multiplicado e ameaçam as receitas federais (Scott Olson/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 14h28.

Nova York - O acordo que está sendo negociado entre a Burger King Worldwide, controlada pela empresa de private equity brasileira 3G Capital Management, e a Tim Hortons deve ser estruturado como uma inversão fiscal e a sede da empresa resultante deve ficar no Canadá.

Esse tipo de operação, em que uma empresa leva a sede para outro país por razões fiscais, foi duramente criticado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, no mês passado.

As duas empresas anunciaram na noite de domingo que pretendem criar uma nova companhia, que seria a terceira maior rede de restaurantes de serviços rápidos do mundo.

Segundo uma fonte, o acordo pode ser fechado em breve, mas detalhes adicionais sobre esse prazo ainda são desconhecidos. A cafeteria canadense Tim Hortons tem valor de mercado de cerca de US$ 8,4 bilhões, enquanto a Burger King, que nasceu nos EUA, vale cerca de US$ 9,6 bilhões.

Os chamados acordos de inversão fiscal têm se multiplicado recentemente e estão enfrentando forte oposição do governo norte-americano, já que ameaçam as receitas federais.

Ao se transferir para uma jurisdição com impostos mais baixos, as empresas conseguem poupar recursos com ganhos no exterior e, em alguns casos, reduzem a taxa corporativa geral.

Embora os acordos de inversão fiscal anunciados recentemente tenham envolvido empresas europeias, o Canadá também é foco de alguns deles, tendo em vista a proximidade e a similaridade do país com os EUA. A taxa de imposto corporativo federal canadense foi reduzida para 15% em 2012.

Após uma onda de acordos de inversão fiscal - como a compra da irlandesa Shire pela norte-americana AbbVie - a Casa Branca ordenou que o Congresso tomasse medidas para evitar que as empresas busquem esse tipo de transação.

Recentemente o Departamento do Tesouro dos EUA afirmou que está reunindo uma lista de opções para impedir ou evitar acordos como esses para que o secretário do Tesouro, Jacob Lew, avalie.

No fim de julho, o presidente dos EUA, Barack Obama, criticou esse tipo de operação e afirmou que elas prejudicam as finanças e a economia do país. "Minha postura é que não importa se isso é legal. Isso é errado", disse Obama durante um evento.

O presidente afirmou que republicanos e democratas deveriam trabalhar juntos para mudar a regra que permite que empresas "declarem que são sediadas em outro lugar, mesmo que a maior parte de suas operações esteja ali" nos EUA.

Histórico

O Burger King foi fundado em 1954 com apenas um restaurante em Miami, onde atualmente tem sede. A rede de hamburguerias cresceu e se tornou a segunda maior do mundo. A Tim Hortons, por sua vez, com sede em Oakville, Ontário, é conhecida por seus cafés, uma linha de negócios de alta margem na qual as gigantes de fast-food norte-americanas brigam para conseguir participação de mercado.

Em 2010 a 3G Capital Management comprou o Burger King e fechou a empresa. Alguns anos depois, porém, o fundo de private equity estruturou um acordo complexo com um veículo de investimento codirigido pelo investidor William Ackman e tornou a empresa pública novamente, embora tenha mantido uma fatia controladora.

A 3G, que tem escritórios no Rio de Janeiro e em Nova York, se tornou um grande player no setor alimentício dos EUA, com foco em marcas icônicas.

Um dos fundadores da 3G, Jorge Paulo Lemann, era um grande acionista da cervejaria InBev e ajudou a estruturar em 2008 a aquisição da Anheuser-Busch. No ano passado o fundo brasileiro se uniu ao investidor Warren Buffett para comprar a fabricante de catchup H.J. Heinz por US$ 23 bilhões.

Uma razão para o acordo entre o Burger King e a Tim Hortons é usar a expertise da rede de hamburguerias no desenvolvimento global para impulsionar o crescimento internacional da cafeteria canadense. As empresas afirmaram que pretendem operar as duas redes como marcas independentes.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:Burger KingEmpresasFast foodFusões e AquisiçõesRestaurantes

Mais de Negócios

A malharia gaúcha que está produzindo 1.000 cobertores por semana — todos para doar

Com novas taxas nos EUA e na mira da União Europeia, montadoras chinesas apostam no Brasil

De funcionária fabril, ela construiu um império de US$ 7,1 bilhões com telas de celular para a Apple

Os motivos que levaram a Polishop a pedir recuperação judicial com dívidas de R$ 352 milhões

Mais na Exame