Crise cambial derruba lucro da Perdigão em 95%

A Perdigão registrou um lucro líquido de 8,2 milhões de reais no ano passado - queda de 95% em relação ao resultado de 2001. Segundo relatório divulgado pela empresa, o resultado foi um reflexo da crise cambial no Brasil, que aumentou o custo das matérias-primas importadas, e também da alta nos preços de insumos básicos como milhão e soja, que chegaram a ter reajuste de 47%. Outros fatores que influenciaram foram a super-oferta de carnes no mercado mundial e o acirramento de barreiras protecionistas sanitárias nos países da União Européia.

O resultado operacional, indicado pelo Ebitda, apresentou um dos melhores números já obtidos em um ano: 293,5 milhões de reais, ultrapassando a média registrada de 1998 a 2001. A receita bruta totalizou 3,3 bilhões de reais, 19,8% acima do registrado no ano anterior. Pesou a favor o aumento nas vendas. No mercado interno, o crescimento foi de 21,7%, elevando os ganhos para 2,1 bilhões de reais em relação a 2001. No mercado externo, houve alta de 16,5%, tanto em valores quanto nos volumes, mas a empresa enfrentou um cenário adverso. Para atender a mudanças nos critérios sanitários de embarques rumo a Europa, precisou um realizar um recall que custou 41 milhões de reais.

No ano passado, a Perdigão realizou vários investimentos. Assumiu o controle da BRF Tranding, que passou a se chamar BFF Trading (Brasilian Fine Foods). No Complexo Agroindustrial de Rio Verde (GO), inaugurado no início de fevereiro, aplicou 100,6 milhões de reais. A empresa também desembolsou cerca de 50 milhões em programas sociais e ambientais. Neste ano, a empresa planeja investir aproximadamente 100 milhões de reais e gerar mais 1,6 mil empregos. A Perdigão é considerada uma das maiores empregadoras do país. Fechou 2002 com 24,2 mil funcionários, 8% a mais que no ano anterior.