Corretora vê com cautela a compra da Emae pela Sabesp
Ações da empresa de águas e energia sobem 15% após a divulgação do processo de aquisição
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
A possível compra da Emae pela Sabesp, que está em negociação, foi avaliado com muita cautela pela corretora Link. O fato de ambas as empresas serem estatais paulistas poderia levar o governo a vender a Emae para a Sabesp por um preço salgado como forma de engordar o caixa do estado. O governo paulista tem um precedente com a venda da folha de pagamento dos servidores estaduais para a Nossa Caixa, há pouco mais de dois anos. O banco pagou mais de 2 bilhões de reais para controlar a folha dos servidores por um período de cinco anos um preço considerado bem alto no mercado e que gerou a forte desvalorização das ações do banco.
Segundo a Link, outro risco para a Sabesp é que a Emae também atua no segmento de energia, um setor que não faz parte de foco de seu negócio. Por último, a corretora também considera os ativos da Emae pouco representativos para o setor elétrico.
Levando em consideração o comportamento das ações nesta tarde (15h40), o negócio está mais favorável para a Emae, que obteve alta dos papéis preferenciais (EMAE4) de 15,11%, cotadas a 10,59 reais. Enquanto os papéis ordinários da Sabesp (SBSP3, com direito a voto) caíam 0,69%, para 31,48 reais.Apesar da desconfiança, a Link manteve recomendação de compra para a os papéis ordinários da Sabesp.
Segundo a reportagem do jornal Valor Econômico, a operação é de grande interesse do governo José Serra, que tem adotado medidas privatizantes para fazer caixa e ampliar sua capacidade de investimento. E se a aquisição for concluída, a Sabesp controlaria os reservatórios Billings e Guarapiranga que são fundamentais para o abastecimento de água da cidade de São Paulo.
O único ponto positivo enfatizado pela corretora é a garantia de maior segurança ao acesso à água de qualidade, uma vez que a Sabesp controlaria esses importantes complexos hidráulicos.
Ainda não foi acordado nenhum valor de aquisição, porém, segundo o Valor Econômico, o pagamento poderá ser feito parte em dinheiro e parte em ações da compradora. Ou seja, a Sabesp pode emitir novas ações para serem entregues ao Tesouro paulista.