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Como crescer sem elevar custos

Para o chefe mundial de gerenciamento de custos da Deloitte, durante crises as empresas ficam tão preocupadas em cortar gastos que ignoram boas oportunidades; veja como agir

Omar Aguilar, da Deloitte: equilíbrio no corte de custos (--- [])
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A crise financeira impôs ao mundo uma nova realidade. A fartura de demanda e crédito ficou no passado, obrigando as empresas a encontrarem novas fórmulas para continuarem competitivas num mercado desaquecido. Por trás das dificuldades sempre há grandes oportunidades, garantem especialistas. O desafio é saber aproveitá-las. Em entrevista ao Portal EXAME, Omar Aguilar, chefe da área gerenciamento de custos da consultoria Deloitte, mostra o que as companhias podem fazer para tirar proveito da crise e garantir bons resultados quando um novo ciclo de prosperidade chegar.

Passada a fase mais crítica da crise, está na hora das empresas voltarem a investir?
Para que uma empresa melhore seu desempenho e cresça cada vez mais é preciso adotar medidas que garantam a saúde da companhia e permitam caminhar para o crescimento. Poucas empresas estão se preparando para a recuperação, mas muitas estão cortando custos. Para voltar a crescer é necessário ter dinheiro. E de onde vem esse dinheiro? De economias.

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Mas apenas as economias são suficientes para sustentar o crescimento de uma empresa?
Esse dinheiro servirá para dar suporte. Você pode ter um ganho de 20% ou 30% realizando um corte inteligente de custos e utilizar os recursos não só para melhorar seu desempenho, mas também para investir. As empresas precisam de outras fontes de recursos também e, no Brasil, há mais crédito disponível que nos Estados Unidos. Mas a questão é o custo desse dinheiro. Obter recursos internamente é mais vantajoso que buscar financiamentos externos, e a empresa não precisa correr riscos, como a variação cambial.

Quais lições a crise deixa para as empresas?
Essa crise impactou a economia de todo o mundo. O Brasil está em uma posição privilegiada, podendo escolher o que fazer. Ainda que não faça nada, sairá como um dos líderes que emergiram da crise. As companhias podem aproveitar a crise para se fortalecer. Aquelas que fizerem isso estarão no caminho para se tornarem líderes no futuro.

E quais companhias estão nesse caminho?
Algumas multinacionais estão trabalhando para ganhar mercado mundialmente e se tornarem maiores e mais fortes, como AmBev, Vale e JBS-Friboi. Essas empresas pensam globalmente e vão se desenvolver após essa desaceleração. Mas as empresas locais também podem se fortalecer, tomando providências para se tornarem mais competitivas que suas rivais.

Quais seriam essas medidas?
As empresas precisam repensar seus modelos de negócios considerando três pontos: a saúde da companhia, sua estrutura de custos e a preparação para um ciclo de alta. Companhias que optam por estruturas integradas costumam ter custos menores que aquelas que optam pelo modelo descentralizado. Compartilhamento e terceirização de serviços ajudam a reduzir gastos. A migração para um modelo mais integrado permite obter ganhos de escala e aumenta a eficiência da companhia. Mas apenas reduzir custos não basta. Também é preciso investir, mesclando iniciativas de curto, médio e longo prazo. Em tempos de crise, as companhias ficam tão preocupadas em cortar gastos que muitas vezes ignoram oportunidades significativas. Isso é um erro.

Como conciliar redução de custos e investimentos?
É preciso definir o que é mais importante para a empresa, dando prioridade para dois ou três projetos ou áreas, que ganharão investimentos. Com isso, você protege 20% ou 30% da empresa, e lida com o resto.

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