Caloi aposta na "onda verde" para crescer
Empresa vai abrir escritório na China em 2011 para começar seu projeto de internacionalização
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2010 às 15h29.
São Paulo - Apenas um ano após obter seu primeiro balanço positivo em 20 anos, a Caloi quer terminar 2009 com uma produção de 800 mil unidades – crescimento de 15% em relação a 2009 – e faturamento de 220 milhões de reais. Para crescer, a empresa aposta no uso da bicicleta como opção de transporte sustentável.
"A gente jogou nosso foco para vida saudável", disse Eduardo Musa, presidente da Caloi. O presidente citou exemplos de países em que a bicicleta é usada como meio de transporte não apenas para lazer ou por falta de opção, mas por escolha. "Acho que a grande revolução do mundo em termos de mobilidade nos próximos anos será a bicicleta", disse Musa.
Cerca de 120 milhões de bicicletas são vendidas no mundo, por ano. O mercado mundial de bicicletas está estagnado há mais de dez anos, segundo a Caloi. Isso é resultado das quedas nas vendas em países como Brasil, China e Índia – que compensa o crescimento de 59% na Europa, entre 1999 e 2009. Nos países desenvolvidos a bicicleta volta a ser usada como meio de transporte. "Não há propaganda na novela da globo que possa ter o impacto (nas vendas de bicicletas) que uma ciclovia tem" disse Musa, sobre as ciclovias da cidade de São Paulo.
No mercado brasileiro são vendidas 5,3 milhões de unidades por ano. Por aqui a queda foi de 4% nos últimos dez anos, segundo a Caloi. "Esse mercado vai voltar a crescer quando o Brasil atingir esse boom de mobilidade da Europa, por exemplo", disse o presidente. O que vem ocorrendo – e beneficiando a Caloi, segundo Musa – é a mudança no preço do produto inicial. Nos últimos quatro anos esse valor mais que dobrou nas pequenas fabricantes, enquanto a Caloi, que já possuía um preço maior, manteve o preço de seus produtos.
A Caloi tem um plano de investimento de 30 milhões de reais para os próximos três anos para expansão de suas duas unidade fabris no Brasil. Os investimentos serão realizados com recursos próprios. Por enquanto, nada de IPO, nem de private equity, segundo Musa.
Além de buscar clientes que procurem a sustentabilidade através do uso de bicicletas como meio de transporte, a empresa tenta aplicar esses conceitos na sua linha de produção. A Caloi possui o ISO 14.001, que leva em consideração questões ambientais. Para obtê-lo, ela precisou encontrar uma solução em reciclagem de pneus, por exemplo.
Expectativas
Em 2010 a Caloi investiu 10 milhões de reais em ações de marketing e desenvolvimento de produtos. "Estamos crescendo 25% mas por incapacidade de atendimento da demanda não vamos conseguir sustentar isso e devemos terminar o ano em 15%", disse Musa. Se conseguir crescer a porcentagem almejada, a empresa vai terminar 2010 com 800 mil bicicletas produzidas. Atualmente a empresa possui 60 produtos – em 2010 foram realizados cerca de 15 a 20 lançamentos.
Em 2009, o faturamento da Caloi foi de 195 milhões de reais. O objetivo em 2010 é crescer 15% e chegar aos 220 milhões de reais. O ebitda em 2009 foi de 20 milhões – para 2010 o que esperam é 30 milhões (crescimento de 35%). O lucro líquido em 2009 foi de 7 milhões de reais. Em 2010 a expectativa é que ele seja 10 milhões de reais - 50% superior.
Para 2011 a meta é crescer em 25% o número de unidades produzidas e fabricar um milhão de bicicletas. Os objetivos a longo prazo, são 50% de market share no Brasil – atualmente é de cerca de 35% - e ser uma das três maiores empresas do mundo em bicicleta no final da década. Para isso, a empresa planeja sua internacionalização
Negócios na China
A Caloi vai iniciar seu plano de internacionalização pela China. A idéia da empresa não é vender seu produto para o mercado consumidor chinês, mas sim tentar trazer seus fornecedores para o Brasil. "Estou indo para lá para manter o abastecimento", disse Musa.
Quando o escritório em Xangai começar a funcionar, em janeiro de 2011, os cerca de três funcionários que vão trabalhar no local deverão manter contato com fornecedores e ficar atentos às novidades do mercado do país.
A fábrica de Atibaia (SP), que produz as bicicletas infantis, importa 7% de sua matéria-prima. Na fábrica de Manaus (AM) o nível de importação é de cerca de 35%. Há muitos componentes de bicicletas que não são fabricados no Brasil, como câmbio, por exemplo. "O mercado brasileiro deveria ambicionar ser um pólo exportador de bicicletas", disse o presidente da Caloi.
O mercado europeu é o primeiro apontado pela empresa entre os que seriam interessantes para exportações. Conta para isso o anti-dumping chinês (nos EUA a concorrência com os orientais seria muito grande) e o fato de a marca ser conhecida na Europa. Segundo Musa, a primeiro bicicleta de competições do ciclista Lance Armstrong era uma Caloi.