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Brasil ocupa papel de destaque no caso Parmalat

A operação brasileira da Parmalat ocupa cada vez mais um papel de destaque no escândalo mundial da empresa. Nesta quarta-feira (7/01), o jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem sobre a expansão atabalhoada da operação brasileira da Parmalat em meados da década de 90 sob a gestão do executivo italiano Gianni Grisendi, hoje na presidência […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A operação brasileira da Parmalat ocupa cada vez mais um papel de destaque no escândalo mundial da empresa. Nesta quarta-feira (7/01), o jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem sobre a expansão atabalhoada da operação brasileira da Parmalat em meados da década de 90 sob a gestão do executivo italiano Gianni Grisendi, hoje na presidência da Bombril Holding, que controla a Bombril S.A., e da Cirio Alimentos. Grisendi, que presidiu a Bombril S.A, voltou ao grupo recentemente por recomendação do governo italiano, que livrou a Cirio da falência no ano passado e assumiu a reestruturação de suas empresas com o objetivo de vendê-las.

A reportagem do Financial Times destaca o papel pioneiro da operação brasileira no plano de expansão da empresa italiana mundo afora, comenta seu desempenho negativo (o balanço da empresa está no vermelho desde 1997) e sugere que a conquista do mercado brasileiro, por meio de inúmeras aquisições pouco criteriosas de empresas, pode ter custado muito caro à matriz. O jornal afirma, no entanto, que ainda não há qualquer indício de que a unidade brasileira esteja diretamente envolvida no escândalo financeiro do grupo.

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O americano Wall Street Journal também destaca a história de crescimento da empresa no Brasil, mas estabelece uma relação mais direta dele com a crise da matriz. Segundo depoimentos concedidos ao jornal por pessoas não reveladas, Fausto Tonna, principal executivo financeiro da Parmalat, teria dito à polícia financeira italiana que a necessidade de mascarar as perdas das unidades estrangeiras da empresa, sobretudo as da América Latina, foi um dos motivos que levaram a matriz a cometer as fraudes. O jornal também destaca o pedido de ajuda financeira dos fornecedores de leite credores da Parmalat ao governo brasileiro e um encontro que os executivos da empresa no Brasil teriam com Enrico Bondi, atual presidente do grupo, nesta quarta-feira (07/01) para colocá-lo a par dos problemas vividos no país.

Na Itália, segundo a imprensa local, o medo inicial de que o escândalo da Parmalat pudesse comprometer o mercado de emissão de papéis de dívida ao restante das empresas italianas está menos forte depois que a gravidade da situação da empresa ficou mais clara. Por isso, embora os investidores afirmem que o escândalo levanta dúvidas a respeito dos riscos inerentes ao mercado corporativo do país, o imbróglio da Parmalat se configura como um caso isolado. O conselho dos banqueiros às empresas, no entanto, é que elas esperem mais algumas semanas para voltar a emitir bônus.

Ontem, no Brasil, os cotistas do fundo de recebíveis da Parmalat, administrado pelo banco Itaú, decidiram convocar uma nova assembléia para o dia 19 de janeiro. Na reunião, decidirão liquidar ou não o fundo emitido em 27 de novembro passado no valor de 130 milhões de reais. Desse total, 110 milhões foram captados de investidores institucionais (fundos de pensão, administradores de recursos e outras instituições financeiras). Esse tipo de operação consiste em utilizar os recursos do fundo para a compra de recebíveis da empresa (contas a receber a prazo das mercadorias vendidas pela Parmalat). Até agora, o administrador do fundo havia comprado cerca de 55 milhões de recebíveis da Parmalat. O Itaú decidiu suspender a compra dos recebíveis no dia 19 de dezembro, quando o Bank of America revelou ser falsa uma conta de quase 4 bilhões de euros, que a empresa alegava ser parte de seu caixa. Caso os cotistas decidam pela liquidação do fundo, no próximo dia 19, esgota-se aí mais uma fonte de capital de giro da subsidiária brasileira.

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